Após Bolsonaro anunciar GP Brasil de F1 no Rio em 2020, SP diz ter contrato até ano que vem
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 passará a ser realizado no Rio de Janeiro a partir de 2020, após a construção de um novo autódromo em Deodoro, na zona oeste da cidade, mas o governo do Estado de São Paulo e a prefeitura paulistana afirmaram que têm contrato com a organização do evento até dezembro do ano que vem.
"São Paulo, como havia participação pública, uma dívida enorme, tornou-se inviável a permanência da Fórmula 1 lá, então vieram para o Rio de Janeiro, e o autódromo será construído em 6, 7 meses após o início das obras, de modo que por ocasião da Fórmula 1 do ano que vem, ela será realizada no Brasil, e no caso no Rio de Janeiro", disse Bolsonaro a repórteres após participar de uma cerimônia militar na capital fluminense.
"São milhares de empregos. O setor hoteleiro feliz com toda certeza, 7 mil empregos diretos e indiretos que permanecerão para sempre, ou seja, ganha o Rio de Janeiro e ganha o Brasil... sem nenhum dinheiro público", acrescentou.
Pouco depois, Bolsonaro foi ao Twitter reiterar a informação e dizer que o novo autódromo será construído pela Fórmula 1 e levará o nome do falecido tricampeão mundial da categoria Ayrton Senna.
"Após nossa vitória nas eleições, a Fórmula 1, que iria embora do Brasil, decidiu não só permanecer, mas também construir um novo autódromo no RJ, que terá o nome do ídolo Ayrton Senna. Com isso, milhares de empregos serão criados, beneficiando a economia e a população do Estado", escreveu na rede social.
"Importante ressaltar que o investimento será totalmente de iniciativa privada, com custo zero para os cofres públicos."
Apesar das declarações do presidente, os governos do Estado e da cidade de São Paulo, que atualmente abriga o GP Brasil no autódromo de Interlagos, na zona sul da capital paulista, afirmaram que há um contrato que garante a realização da corrida na cidade até o ano que vem e que a expectativa é de que ele seja renovado.
"Há um contrato em vigor com a empresa responsável pela organização do GP Brasil de F1, válido até dezembro de 2020", afirma a nota conjunta dos governos estadual e municipal, comandados respectivamente por João Doria e Bruno Covas, ambos do PSDB.
"Desde novembro de 2018, a prefeitura de São Paulo atua para a renovação do contrato do GP Brasil de F1 na cidade de São Paulo, a partir de 2021. Há convicção de que o bom entendimento vai prevalecer. A prefeitura de São Paulo e o governo do Estado de São Paulo desconhecem qualquer obstáculo que possa inviabilizar a renovação do referido contrato", acrescenta o texto.
A nota diz ainda que o projeto de concessão do autódromo de Interlagos, iniciado quando Doria era prefeito e mantido por Covas, tramita na Câmara Municipal da cidade e "representa um importante ativo para a manutenção da área em sua proposta original, ou seja, o Autódromo Internacional de Interlagos".
O GP Brasil de Fórmula 1 foi realizado no Rio de Janeiro nos anos 1980 no antigo autódromo de Jacarepaguá, que foi demolido para dar lugar ao Parque Olímpico para os Jogos de 2016 na cidade. São Paulo é palco da corrida anualmente desde 1990 no autódromo de Interlagos.