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Após suspensão, governo amplia laboratório e investe R$ 18 milhões

26 out 2012 - 09h31
(atualizado às 10h49)
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Danilo Vital

A criação de um programa nacional de controle de dopagem, os planos de dobrar o número de testes feitos, o objetivo de quebrar o recorde de exames realizados durante a Olimpíada de 2016, com 6 mil testes: tudo passa pelo Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Após ser suspenso por problemas em exame, o órgão cresceu com investimentos de R$ 18 milhões para poder dar conta do recado.

O montante foi investido pelo governo via Ministério do Esporte em 2011 e 2012, sendo R$ 8 milhões para compra de equipamentos e elaboração do projeto de um novo prédio e R$ 10 milhões como adiantamento para as obras desta nova sede, segundo explicou Marco Aurélio Klein, diretor-executivo da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) ao Terra. Único do Brasil credenciado pela Agência Mundial Antidoping (Wada), o laboratório vai funcionar em espaço de 10 mil m² construídos, e a expectativa é que fique pronto em março de 2014.

Os esforços da ABCD são empreendidos no sentido de atingir o nível de excelência apresentado em grandes eventos esportivos internacionais e evitar que problemas como o registrado no próprio Ladetec voltem a acontecer. Em 19 de janeiro, o laboratório foi parcialmente suspenso pela Wada, impedido de realizar testes usando IRMS (espectometria de razão de massa isotópica, sigla em inglês). Isso ocorreu depois de divulgar doping do jogador de vôlei de praia Pedro Solberg, com resultado positivo para o anabolizante androstane.

Solberg ficou mais de três meses suspenso até conseguir que sua amostra fosse analisada por outro laboratório credenciado. Em Colônia, na Alemanha, o resultado deu negativo, e o jogador acabou absolvido da acusação pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB). A suspensão do Ladetec foi revogada no início de outubro, mas o atleta entrou com processo pedindo ressarcimento e indenização. Além disso, defendeu publicamente sua exclusão da lista de credenciados pela Wada.

Em entrevista por telefone, Marco Aurélio Klein tentou relativizar o erro cometido pelo laboratório e a suspensão. "Nem um nem outro: nem foi punido nem teve erro", anunciou. "É uma questão complexa para nós, leigos, mas pode ser resumida assim: o laboratório realizou exame na prova e na contraprova, e deu determinado resultado. O atleta conseguiu que o teste fosse realizado por um terceiro laboratório, que apontou resultado diferente. Não apontou que estava errado, só que estava diferente", afirmou.

A Wada não divulgou o motivos que levaram a tomar a decisão em referência ao Ladetec, mas em seu site oficial usou a palavra "suspensão" para se referir ao laboratório brasileiro. "A Wada reviu os procedimentos usados, e o laboratório refez e repassou-os com a Wada, inclusive já com equipamento novo. Isso faz parte desse caminho de investimento", afirmou o dirigente. Apesar da polêmica, ele afirma que não há prejuízo de credibilidade em uma área onde ela se faz tão importante.

"O Ladetec vive momento de absoluta creditação. Ele nunca a perdeu", afirmou Marco Aurélio Klein. O Terra tentou contato com Pedro Solberg, mas não obteve retorno. Francisco Radler de Aquino Neto, coordenador do Latedec, informou a reportagem via email que não poderia se pronunciar sem a autorização da ABCD e repassou as mensagens a Klein. "Ele não quer falar", afirmou o dirigente, que exaltou a importância do laboratório no cenário mundial.

Isso porque são apenas 33 credenciados pela Wada no mundo inteiro, seis deles na América e apenas dois na porção sul do continente: o Ladetec e outro em Bogotá, na Colômbia. A África tem dois na listagem, a Europa conta com 18, a Ásia tem seis e a Oceania, apenas um. "Temos razões de sobra para o Brasil estar muito orgulhoso do seu laboratório", complementou Marco Aurélio Klein.

Quadro na sala de Klein afirma sobre doping: você nunca vai recuperar sua reputação
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Foto: Glauber Queiroz/Ministério do Esporte / Divulgação
Fonte: Terra
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