Escândalo de ingressos estremece relação Grondona-Blatter
Depois de admitir à TV argentina TyC Sports que comprou e revendeu entradas que levam seu nome, Humberto Grondona, filho do todo poderoso Julio Grondona, presidente da Associação Argentina de Futebol e braço direito do presidente Joseph Blatter na Fifa, pode esquentar ainda mais a investigação da Polícia Civil do Rio que desbaratou uma quadrilha que tinha em seu poder mais de 200 ingressos de várias categorias para semifinais e finais da Copa do Mundo.
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O escândalo pode fazer com que a Fifa venha até mesmo a cancelar as entradas em nomes dos Grondona (os ingressos apreendidos tinham os nomes de pai e filho), o que seria um golpe duríssimo contra a entidade e contra um dos principais aliados de Blatter.
“Se alguém violar alguma regra, ingressos podem ser cancelados e anulados. Mas precisamos ver quem está envolvido, o que aconteceu, e podemos sim cancelar e colocar de volta à venda ao público. Mas temos que ver como os ingressos terminaram nas mãos dessas pessoas”, disse a porta-voz da Fifa, Délia Fisher, fazendo questão de em nenhum momento citar o nome dos Grondona.
Una amiga compró en reventa esta entrada contra Suiza. Al doble del precio original. Filial Grondona/AFA presente. pic.twitter.com/d6IUi5FKXN
— Andres Burgo (@Andres_Burgo) 3 julho 2014
A Fifa diz que segue colaborando com a polícia do Rio, que diz ter o nome do alto dirigente da Fifa envolvido no negócio e que estaria hospedado no Copacabana Palace, onde estão apenas o presidente Joseph Blatter e membros do Comitê Executivo da entidade.
“Não posso comentar sobre investigações em andamento. Vamos receber informações da polícia. Precisamos nos basear na investigação da polícia. Somos muito firmes não podemos entrar em declarações precipitadas. Todos os ingressos recuperados vão ser checados e podem até ser recolocados no mercado. Temos que ver qual é o ingresso, de onde veio e tomar a decisão. E punir os responsáveis. Hoje há reuniões entre os especialistas de ingresso e a polícia”, afirmou Délia.
Blatter e Grondona estiveram lado a lado na última terça-feira em São Paulo quando a Argentina venceu a Suíça pelas oitavas de final. De acordo com o áudio da TV Argentina, quando perguntado sobre seu envolvimento, Humberto Grondona atacou. “"A mim não vai manchar porque a 57 anos venho cuidando meu sobrenome”.
Ele disse que é instrutor da Fifa e por isso teve facilidade para comprar ingressos para todas as fases da Copa do Mundo e que chegou a pagar mais de 9 mil dólares por uma entrada. “Comprei porque sempre tenho amigos que querem ir aos jogos e posso dar entradas de presente”, disse, admitindo em seguida ter vendido entradas a um amigo “que vendeu a outro que vinha num voo privado com a família”. “Você acha que iria me sujar por US$ 220 dolares”, afirmou, em referência ao valor do ingresso de categoria 1, o mais caro.
Délia Fisher defendeu o sistema eletrônico de venda de ingressos da Fifa que afirmou não ser perfeito, mas um dos melhores de sempre. “Qualquer ingresso pode ser rastreado. Se eu comprar meu nome constará no ingresso e a Fifa pode rastrear. A gente tem uma pratica melhor comparada com o passado e é sempre uma luta contra os cambistas. Pelo menos agora os ingressos tem o nome do comprador, tem o chip e é uma coisa boa, já que estamos conseguindo identificar esses mecanismos e estamos lutando contra ele”, afirmou, ressaltando que a Fifa não vai punir ninguém baseado no que chamou apenas de rumores.
Blatter estará esta tarde em Fortaleza vendo Brasil e Colômbia, mas deverá evitar ir a Brasília neste sábado para ver o jogo entre Argentina e Bélgica e cruzar outra vez com Grondona. A Fifa disse seguir colaborando com a polícia brasileira, ressaltou o fato de que a legislação no Brasil prevê punições a quem revende entradas ilegalmente e pretende anunciar em breve o que vai fazer com os ingressos apreendidos. “Estamos analisando para saber se são válidas, de onde vieram e quem as vendeu”, repetiu Délia Fischer.