Ricci irrita Martino e Messi, mas controla clássico quente
O clássico mais tradicional da América do Sul – e, normalmente, também o com ânimos mais exaltados – era um teste de fogo para a estreia de Sandro Meira Ricci na Copa América. No entanto, o árbitro brasileiro conseguiu controlar bem os nervos que inevitavelmente afloraram e, apesar de ter expulsado o técnico Tata Martino e irritado o astro Lionel Messi, não fugiu de suas características ao apitar a vitória por 1 a 0 da Argentina sobre o Uruguai, nesta terça-feira, em La Serena.
Foram 35 faltas marcadas, um número totalmente condizente com a média de Ricci nos últimos dois Campeonatos Brasileiros, segundo o Footstats: 34 em 2013, e as mesmas 35 no ano passado. Além disso, todos os seis cartões amarelos mostrados foram merecidos – e poderia ter sido até mais, especialmente para os uruguaios.
Em um jogo tenso e pegado desde o apito inicial, Ricci teve dificuldades devido à marcação dura do time celeste, com várias entrada de força exagerada em cima dos argentinos. A partida era relativamente tranquila até os 30min, quando Lodeiro chegou forte em Zabaleta e levou amarelo – Martino reclamou, pedindo a vantagem, e o árbitro optou por expulsar o treinador, levantando um tradicional coro de "filho da p..." de parte do Estádio La Portada.
"A expulsão acho que foi porque coloquei dei dois ou três passos no campo", afirmou o técnico em entrevista após a partida.
Sem apelar para muitos cartões ou marcar qualquer contato como falta, Ricci fugiu da fórmula fácil para controlar clássicos desse tipo, que normalmente estragam o jogo. Não se alterou quando Mascherano gritou em sua cara após levar cartão por uma entrada forte em Lodeiro, e terminou o primeiro tempo sem maiores complicações.
Na segunda etapa, porém, as coisas esquentaram mais, e Messi passou a se irritar com o brasileiro. Primeiro, o craque recebeu falta de Arévalo, e Ricci deu corretamente a vantagem; porém, o argentino seguiu desequilibrado no lance e perdeu disputa com Álvaro Pereira na sequência. Mas o árbitro não deu a falta.
Depois, Messi levou uma verdadeira "machadada" de Arévalo no meio-campo, mas Ricci não deu o cartão. Por fim, o camisa 10 ficou indignado e chegou a esmurrar o chão após não ter uma falta de Lodeiro marcada sobre ele – nessa última, porém, Ricci pareceu ter a razão.
Uruguaios e argentinos guardaram a parte mais quente para o final. Houve dois empurra-empurras que Ricci resolveu apenas na conversa, sem expulsões: primeiro, Garay e Muslera se desentenderam na área; depois, Messi se irritou de novo após levar um carrinho forte de Álvaro Pereira. Nada de cartões.
Os dois últimos amarelos ficaram para os minutos finais: o goleiro argentino Romero levou o dele por fazer "cera" para repor a bola, enquanto Álvaro Pereira, depois da enésima falta feia, também não teve como escapar. Assim, Ricci mostrou que os árbitros brasileiros também podem acertar e manter um clássico sob controle – sem serem eles mesmos as estrelas da partida.