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Veterano argentino com sonhos de garoto é exemplo de caráter

Ao lado de Mascherano e Messi, Maxi Rodríguez caminha para a terceira Copa do Mundo com moral e histórias para contar

7 jun 2014 - 10h39
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Contra Trinidad, Maxi saiu do banco e deixou sua marca
Contra Trinidad, Maxi saiu do banco e deixou sua marca
Foto: AP

Se não fosse Eusébio, o velho Pichi, o gol da vida de Maxi Rodríguez não teria acontecido em 2006. Na prorrogação das oitavas de final contra o México naquele Mundial, Juan Pablo Sorín fez a inversão de bola, Maxi estufou o peito e emendou de perna esquerda a 25 metros para anotar em um dos mais memoráveis momentos da Copa da Alemanha. E que só aconteceu por causa do avô da família Rodríguez da cidade de Rosário.

Oito anos depois, Maxi caminha para a terceira Copa do Mundo de sua vida marcada por muitas dificuldades, sofrimentos e grandes conquistas que forjaram um ser humano admirado por todos. Muito de seu sucesso pela seleção argentina se deve àquele gol e aos ensinamentos do velho Pichi. Responsável por introduzir o neto à bola, era ele quem insistia para que o menino destro também chutasse de esquerda. Maxi Rodríguez foi um menino obediente.

Neste sábado, o camisa 11 tem boas chances de ser titular em uma Argentina preocupada em descansar jogadores desgastados em amistoso contra a Eslovênia. Maxi Rodríguez vem em ascensão graças ao gol marcado na última quarta-feira, diante de Trinidad e Tobago, e não restam dúvidas sobre a confiança de Alejandro Sabella em um de seus reservas mais acionados. Seja pela capacidade técnica que aflorou aos 33 anos, seja pelo que representa no vestiário da seleção.

Abandonado pelo pai, Maxi Rodríguez cresceu sob as mãos dos avôs e da mãe

Se hoje é apontado como um exemplo de caráter, Maxi deve aos percalços que a vida lhe apresentou. Com mãe solteira, Claudia, ele cresceu sob a assistência dos avôs, Beatriz (mais conhecida como Chichina) e Eusébio, que dele cuidavam para que a filha que trabalhava no Hospital de Niños buscasse o sustento da casa no bairro Bella Vista. Assim, desde bem pequeno, o neto já jogava futebol sob as ordens do velho Pichi.

A relação entre ambos era umbilical. Certo dia, o avô deixou a beirada do campo para se dirigir ao banheiro. Apavorado, Maxi Rodríguez só tinha cinco anos e começou a chorar, sob o temor de provavelmente ser descartado pela segunda vez. Afetuoso e dedicado ao futebol, ele cresceu na humilde família que ensinou que amasse o clube de seu bairro, o Newell's Old Boys. Foi lá, aos 18 anos, que estreou profissionalmente depois de percorrer toda trajetória nas divisões de base.

A essa altura, Maxi Rodríguez já era motivo de orgulho para o Colegio San Francisco Solano, onde estudou até o segundo ano. Por falta de tempo, deixou os livros para ficar com a bola, escolha que se mostraria acertada. Já logo depois, era campeão do Mundial Sub-20 pela seleção argentina, e quando completou 21 anos se mudou para a Espanha com a então noiva Gabriela.

Maxi Rodríguez comemora seu título de campeão argentino com as filhas Alma, mais velha, e Aitana, a caçula
Maxi Rodríguez comemora seu título de campeão argentino com as filhas Alma, mais velha, e Aitana, a caçula
Foto: Reprodução
Triunfo na Europa e realização na volta para Rosário

Uma década no futebol europeu (Espanyol-ESP, Atlético de Madrid-ESP e Liverpool-ING) foi tempo suficiente para Maxi Rodríguez se transformar em um jogador mundialmente respeitado. Mesmo assim, em 2012, pediu sua liberação do futebol inglês para realizar o sonho de jogar novamente pelo Newell's e ver suas duas filhas, Alma e Aitana, também crescessem em Rosário.

Maxi ainda tinha um ano de contrato, mas fez sacrifícios financeiros com um grupo de apaixonados pelo Newell's. Ele, Gabriel Heinze, Nacho Scocco, Lucas Bernardi e o treinador Gerardo Martino resolveram reerguer o gigante endividado. Tiraram dinheiro do próprio bolso e, liderados por Maxi Rodríguez, conquistaram o Campeonato Argentino e foram até a semifinal da Copa Libertadores. Era a senha para que Maxi pudesse jogar a terceira Copa da carreira.

Se tem o Papa Francisco e Lionel Messi como seus filhos mais famosos, Rosário certamente encontra em Maxi um dos mais apaixonados e presentes. Recentemente, ele doou recursos para uma reforma na Casa das Mães Solteiras, identificado com a causa que a instituição cumpre, em mais uma prova de caráter e sensibilidade.

O título na Copa do Mundo no Brasil ainda é um objetivo distante, mas se for de Maxi Rodríguez certamente estará em boas mãos. E ele sonha como o menino que chorava por Pichi. "Desfruto como se fosse o primeiro Mundial. Não é fácil se sustentar em uma seleção com tantas figuras. Deve se trabalhar ao máximo e não abaixar nunca os braços. Vou lutar até a última partida", assinalou na quarta-feira.

O chute fatal contra o México com a perna esquerda: dedicado ao avô
O chute fatal contra o México com a perna esquerda: dedicado ao avô
Foto: AP

O gol de canhota marcado por Maxi Rodríguez em 2006: dedicado ao avô (Foto: AP)

Fonte: Terra
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