Entre lágrimas e revoltas, atleticanos saem "mortos" do Horto
O que era festa virou lamentação. Quem cai no Horto está morto, como os torcedores gritam, mas o clima no Estádio Independência nesta quarta-feira foi de velório. Cerca de 10 mil fãs foram até a casa do Atlético-MG em Belo Horizonte e acompanharam o confronto pela semifinal do Mundial de Clubes da Fifa em dois telões, mas o fim da partida foi de muita tristeza e decepção com a derrota por 3 a 1 para o Raja Casablanca.
Os atleticanos deixaram o estádio antes da hora. O juiz no Marrocos não havia terminado o jogo e os atleticanos já tinham trocado a festa pelas lamentações. Acostumados com vitórias sempre que frequentam o Independência, já que o Atlético-MG foi derrotado apenas uma vez no local desde a reinauguração, eles não tinham palavras para descrever o sentimento de tristeza. Apesar da chateação, ainda cantaram o hino.
A festa
A festa começou bonita. Com turbantes e bandeiras, os torcedores foram ao Independência. Para ter acesso ao local, era necessário comprar um DVD "Contra o Vento", filme que conta a história do título da Copa Libertadores. Na entrada, dois telões mostravam os melhores momentos do Atlético-MG. O hino também era constantemente tocado. Isso animou os torcedores.
Quando a partida em Marrocos começou, os atleticanos preferiram ficar sentados. Eles conseguiram acompanhar o confronto desta forma até os 14min, quando o time teve a primeira grande oportunidade. Com uma boa troca de passes que se iniciou na zaga, a bola passou pelos volantes, chegou ao meio-campo até o cruzamento de Jô. O toque final passou perto. Mesmo sem a presença dos jogadores, os torcedores cantaram novamente o hino.
Aos 17min, novamente a torcida gritou, em cabeceio de Leonardo Silva, mas a bola foi por cima. Neste momento os torcedores acordaram de vez. Como de costume, começaram a cantar as músicas alvinegras. Aos 21min, o Independência parou para ver a jogada de Fernandinho, que terminou na pequena área, no pé de Jô. Mas o desvio passou por cima das traves adversária. A torcida então cantou: "Oh, vai para cima deles Galo".
Aos 32min, o Atlético-MG chegou novamente com perigo. Fernandinho recebeu na entrada da área, chutou e a bola tirou tinta da trave. Após o lance, os gritos de "Eu Acredito" voltaram ao Independência. O time, entretanto, não podia ouvir.
Mas talvez o goleiro Victor tenha sentido. Após os cantos, o Raja chegou pela primeira vez com muito perigo. Na cara do gol, o arqueiro atleticano salvou com uma ótima defesa. Minutos depois, o Raja assustou novamente. Com perigo, a bola foi para fora, e no Independência o grito de terror aconteceu - lembrando o "jogo da morte" contra o Tijuana, ainda pela Libertadores, quando o Atlético se salvou no último minuto, com a defesa de Victor em um pênalti.
Quando o Atlético-MG estava pior, o juiz comandou o término do primeiro tempo. A torcida no Estádio Independência vaiou o árbitro, pois o clube mineiro caminhava rumo ao gol adversário.
Na volta do intervalo, o Atlético foi rapidamente surpreendido. No contra-ataque, o Raja Casablanca abriu o placar. Os atleticanos no Independência, porém, não desanimaram. "Eu acredito, Eu acredito"...
Aos 18min, a torcida gritou. A lágrima de uma jovem torcedora escorreu pelo rosto. Foi uma bela falta cobrada por Ronaldinho. A bola ainda chorou na trave antes de entrar, empatando o duelo no Marrocos.
Aos 38min, a torcida voltou a acordar. Com o jogo frio, os atleticanos em Belo Horizonte ficaram sentados. Com o ataque importante do clube, eles se levantaram, mas Diego Tardelli desperdiçou a oportunidade.
No lance seguinte, o Raja "achou" um pênalti. Em contra-ataque rápido, Rever buscou a bola e errou. O gol africano desanimou quem estava no Estádio Independência. A tensão então tomou conta. Alguns ainda acreditavam. A maioria, entretanto, parecida não acreditar mais.
O rosto de Cuca no telão de 12x8 m mostrou exatamente os olhares que também aconteciam no Independência. Em outro contra-ataque, o Raja novamente fez um gol, este mais humilhante. Dois adversários ficaram cara a cara com Victor. Resultado: 3 a 1 e a lamentável derrota.
Os torcedores foram para a saída. Os olhares tristes refletiam no resultado do jogo. O choro era algo constante. A torcida do Atlético-MG, porém, mostrou paixão e deixou o campo sem os jogadores, com o resultado desfavorável, mas ainda cantando o hino.