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Victor descarta 'espanholização' do futebol brasileiro: 'Equilíbrio é pelo calendário'

Diretor da equipe mineira, a única nas semifinais de Copa do Brasil e Libertadores, compartilha com o Estadão sua visão sobre fair-play financeiro, competitividade do futebol brasileiro e relembra título do Paulista em 2005

2 out 2024 - 12h11
(atualizado às 12h11)
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Victor Baggy substituiu Rodrigo Caetano como diretor de futebol do Atlético-MG no começo de 2024, quando o então ocupante do cargo foi chamado para atuar na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Corria o Campeonato Mineiro, e o time se preparava para o restante da temporada.

Logo no começo, Victor precisou lidar com a necessidade de mudança. O clube tinha um desempenho abaixo do esperado com o técnico Felipão. O treinador classificou o Atlético-MG para a final do estadual, mas foi comunicado que não seguiria no cargo. Para o lugar dele, o clube buscou o argentino Gabriel Milito.

O time via sua hegemonia de quatro títulos seguidos ameaçada quando, no primeiro jogo da final e estreia de Milito, sofreu o empate do Cruzeiro nos minutos finais após ter aberto 2 a 0. Na segunda partida, porém, a equipe teve tranquilidade para anotar o penta.

Este foi o primeiro título de Victor como diretor, aos 41 anos. Como gerente, ele já havia participado da conquista do Brasileirão, Copa do Brasil, Supercopa e outros três estaduais. No gol do Atlético-MG, Victor viveu o momento mais vencedor da carreira, que começou no Paulista, com o qual ganhou o Brasil em 2005.

Único time brasileiro que está na semifinal de Copa do Brasil e da Libertadores, o Atlético-MG almeja uma conquista de maior expressão em 2024. Para Victor, isso significaria coroar o primeiro ano como diretor.

A equipe começa a disputa pela final da Copa do Brasil contra o Vasco, nesta quarta-feira, 2, às 21h30 (de Brasília), na Arena MRV. A volta será na próxima semana, em São Januário. Já pela Libertadores, o adversário será o River Plate, com jogos em 22 e 29 de outubro, em Belo Horizonte e Buenos Aires, respectivamente.

Como foi o processo de transição do campo para os bastidores do clube?

Sempre foi uma preocupação que eu tive no período enquanto atleta fazer essa transição de pós-carreira. Eu me formei em Educação Física já pensando num plano B de carreira, porque, com 22 anos, você tem aquela incerteza se você vai chegar num nível de performance alto. Foi algo que eu sempre levei comigo ter essa formação acadêmica.

Enquanto atleta sempre busquei me informar, estudava, busquei literaturas específicas sobre gestão também. Fiz alguns cursos de gestão também dentro do esporte e de pessoas e noções de gestão. Você abre o leque para uma área mais executiva.

A minha decisão de parar foi muito atrelada também essa oportunidade de transição. Eu tinha uma proposta na época. Meu contrato estava vencendo aqui no Atlético. E o Rodrigo Caetano me chamou uma conversa dizendo que não continuaríamos. Isso eu já sabia, mas que ele precisava de um gerente, ele vinha chegando aqui no início de 2021.

Eu já tinha 38 anos na época e acho que foi um dos grandes pontos para tomar a decisão de encerrar minha carreira.

Contar com Rodrigo Caetano junto deve ter sido facilitador, mas substituí-lo é mais difícil.

Então, foi um processo rápido, mas não pegou me pegou desprevenido porque eu já vinha me especializando, obviamente sem muita experiência também, mas até um dos das exigências que o Rodrigo me fez na época foi fazer o curso de executivo da CBF e assim eu fiz e sempre tive a referência dele para poder também, mesmo dentro da minha experiência poder adquirir conhecimentos específicos da função.

O fato de você ter uma ligação forte com o clube é um caminho que te abre. Isso é inegável. Mas, se você não estiver preparado, você não se sustenta. Uma coisa é você ser atleta, outra é estar preparado para assumir

Claro que ainda é tudo muito novo para mim. Tenho buscado aprender a cada dia. Eu tive um grande professor. O Rodrigo, se não é o principal nome da função hoje, é um dos principais.

Então aprendi muito nesse período de três anos no qual eu convivi com ele. E foi quase que um estágio. O fato de ele ter me indicado, ter validado a minha efetivação aqui me deu muita tranquilidade. Porque foi a palavra dele.

Dentro de campo, você acredita quando dizem que o Brasil pode viver uma 'espanholização', com equipes como Flamengo, Palmeiras e até o Atlético-MG se distanciando de outras?

Eu não colocaria hoje o Galo como uma potência financeira, porque a gente sabe que tem clubes hoje que tem orçamento gigantes dentro do futebol brasileiro. Mas o futebol brasileiro tem suas peculiaridades. É o único campeonato no mundo no qual você tem o líder perdendo para um time que está na zona de rebaixamento. E você tem 8, 9, 10 clubes brigando pela parte de cima da tabela.

O Fortaleza hoje é um grande exemplo de um time que tem efetividade financeira. Porque tem uma folha salarial muito abaixo de outras equipes e está brigando por título lá em cima.

É claro que há de se pensar num futuro numa questão do fair-play financeiro para continuar tendo esse equilíbrio. É um ponto acho que tem que ser discutido. Porque, senão, realmente a tendência, não é uma realidade, não é uma regra, mas é uma possibilidade de acabar a cada temporada tendo equipes com maior poderio financeiro. Em vantagens desportivas, não sei se no Brasil isso pode acontecer porque o calendário também propicia que clubes que têm um investimento menor possam brigar.

No Brasil você joga 70, 75 jogos. É impossível, mesmo com todo investimento que é feito, você manter um nível técnico alto, competitivo durante toda uma temporada. Então talvez haja esse equilíbrio muito pelo calendário também, mas é algo que realmente tem que ser debatido para termos uma questão financeira mais saudável para todo mundo.

Eu tive a oportunidade de vivenciar várias equipes vencedoras. Todas tinham em comum sempre um ambiente de trabalho muito saudável. Claro que ninguém tá isento, tem alguns problemas de relacionamento ou alguma discussão pontual, mas sempre um ambiente no qual, quando você ganha, você pode ter certeza que é um ambiente no qual os jogadores gostam de estar junto. Era exatamente esse ponto que nós tínhamos de grande trunfo ali para poder superar as nossass dificuldades. Porque tinha uma estrutura modesta, né? Uma equipe sem muitas pretensões. Mas que conquistou respeito e admiração de todo mundo naquela oportunidade.

No Atlético-MG você conviveu com Ronaldinho. Como era trabalhar ao lado dele naquele momento da carreira?

Foi um dos foi um grande privilégio de carreira poder conviver durante um ano e meio com o Ronaldo, que é um jogador excepcional. Dispensa comentários. E todo o treino era uma diversão, eu vou colocar diversão num bom sentido. Senão daqui a pouco dá conotação de bagunça, mas diversão no sentido de ver o que o Ronaldo fazia em campo, o repertório técnico dele, o domínio de bola. As assistências, os gols que ele fazia no nos treinos e nos jogos. Então para mim isso era um privilégio de poder ter vivido esse convivido esse período e ter ganhado junto com o Ronaldo porque é um ícone de futebol mundial, pela sua trajetória, pela sua capacidade e pelo seu carisma.

O Atlético é muito grato a tudo que ele fez aqui, eu sou grato a Deus por ter convido com ele nesse período e também com grandes jogadores, no grupo o qual nos possibilitou no sagrarmos campeões.

Estadão
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