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Ídolo do Athletico-PR, Cocito fala ao L! de sua relação com o clube e revela que vai estar no Uruguai para a final

Ex-volante e ex-funcionário do Furacão viaja de ônibus para Montevidéu e estará na arquibancada do Centenário para apoiar o time que disputa a decisão da Sul-Americana

19 nov 2021 - 08h25
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As finais continentais no Uruguai estão mobilizando milhares de torcedores brasileiros para o país vizinho nessa segunda quinzena de novembro. Entre aqueles que torcem para o Athletico-PR, na final da Copa Sul-Americana, haverá uma presença ilustre nas arquibancadas do Estádio Centenário: Cocito, que está indo de ônibus até Montevidéu para apoiar o clube que o tem como ídolo.

Cocito, de branco entre as bandeiras, e seus amigos antes de pegarem o ônibus (Foto: Arquivo Pessoal)
Cocito, de branco entre as bandeiras, e seus amigos antes de pegarem o ônibus (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Lance!

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Em entrevista ao LANCE!, o ex-volante falou de sua relação com o Furacão, que começou no fim dos anos 90, como jogador, e depois continuou como funcionário na última década, quando foi coordenador da base e teve papel chave ao mostrar aos jovens atletas o que é vestir o manto rubro-negro.

Com toda essa ligação com o Athletico-PR, ele não poderia deixar de ir torcer para o clube em Montevidéu, onde será disputada a final da Copa Sul-Americana, contra o Red Bull Bragantino. Em frente à Arena da Baixada, eles e alguns amigos pegaram um ônibus rumo ao Uruguai perto da meia-noite da última quinta, com previsão de chegada na manhã de sábado, dia da decisão.

- Eu vou para lá, comprei minha passagem de ônibus, meu ingresso, vou estar lá na arquibancada torcendo para o Furacão, dia 18 (quinta-feira) a gente sai daqui de madrugada, chego lá para o jogo e vamos para cima do (Red Bull) Bragantino. Vou de "busão" com uns amigos, na resenha - revelou.

Cocito chegou no Athletico-PR em 1998, contratado junto ao Botafogo-SP, e lá ficou até 2003, quando encerrou sua primeira passagem, sendo tricampeão paranaense (2000, 2001 e 2002) e campeão brasileiro de 2001. Ele depois retornou entre 2004 e 2005, quando foi vice-campeão da Libertadores. Mas sua história de identificação ainda não havia terminado e ele voltou em 2017, como funcionário para um projeto em que mostrava o "DNA" do clube aos jovens.

- Desde que eu fui contratado em 2017, para retornar o clube, o projeto que era chamado de "Rubro-Negro é quem tem raça" naquele momento, era primeiro para que eu pudesse fazer uma imersão no clube, mostrar para os jovens o que é vestir a camisa rubro-negra, o que é vestir o manto rubro-negro, criar essa identidade, essa identificação dos atletas com o clube. O menino não pode jogar no clube e não saber o hino do clube, não saber a história do clube. Então naquele momento eu dava aulas contando um pouco da história do clube, atividades do hino, por exemplo, e contando história, mostrando realmente o que era vestir a camisa. Vestir a camisa é ter caráter - contou.

Após essa passagem como uma espécie de "coach" do Furacão, Cocito foi conduzido para a coordenadoria das categorias de base, para onde levou todo esse espírito de valorizar a história do Athletico-PR, mas com autonomia para fazer mudanças no departamento e na forma de utilização dos jogadores, criando desafios internos para que não houve estagnação e acomodação.

- Depois, com o passar do tempo, fiquei como coordenador da base, o que nós fizemos foi criar desafios maiores, porque não só o atleta, mas também o ser humano, se ele não tiver outros desafios, ele não cresce, não evolui, ele se acomoda. Uma das coisas que nós fizemos foi acelerar o processo de alguns jogadores que estavam estagnados nas suas categorias, então fazer com jogadores, principalmente no estadual daqui, em que o nível técnico é inferior aos outros como Paulista, Carioca, Mineiro, a gente colocava os mais novos para jogar essas competições e isso ia acelerando os processos.

Em fevereiro de 2021, o ex-volante acabou deixando suas funções no clube, mas seu legado ficou por lá, principalmente implantando uma filosofia vencedora nas categorias de base, preparando os jovens para chegarem ao profissional sem desperdício de talento, até mesmo "corrigindo a rota" de alguns, como Renan Lodi, atualmente no Atlético de Madrid e na Seleção.

- Acho que meu papel fundamental era o meu dia a dia com os atletas, tentando ajudá-los em várias questões, porque eu vivi muitas dessas questões, tanto de lesão, quanto períodos de maturidade, ou um pouco de falta de responsabilidade, e com alguns atletas a gente conseguiu fazer isso. Eu fiz alguns encontros com ídolos, eu pedi para que eles contassem algo que os meninos tivessem que ouvir em relação a Seleção, a chegar no profissional, a ter ambição... - disse o ex-jogador rubro-negro antes de completar;

- O Renan Lodi citou um desses casos, que eu tive algumas conversas com ele. Em determinado jogo, ele dá um carrinho, rouba a bola e diz "Cocito, essa aí é para você", porque em certo momento ele estava deixando a desejar e eu tive uma conversa com ele, que as coisas tinham que ser diferentes. Você não consegue resultados diferentes com as mesmas escolhas, algo tem que mudar.

Confira a entrevista completa com Cocito, ídolo da torcida do Athletico-PR:

Melhor utilização do time sub-23 (Aspirantes)

Era uma coisa que eu comentava, falava até com o Paulo André, foi uma grande ideia fazer um time alternativo, mas que colocasse jogadores do sub-20, não tinha porque trazer um cara de 22, 23 anos, sem identificação com o clube, até se adaptar, iria demorar, competição estadual tem três, quatro meses, e às vezes não dá tempo de o cara se adaptar ao clube. Nós tínhamos vários jogadores com boa qualidade, que poderiam suprir essa necessidade, fazendo uma mescla com aqueles que já eram profissionais, que já estavam no clube há algum tempo, que às vezes não estavam jogando, que tiveram uma temporada anterior de muitos jogos. Enfim, fazer essa mescla, mas com jogadores jovens, da base, de 17, 18, 19 anos, que têm condições de jogar e foi começando a se fazer isso, não havia motivo para trazer esses atletas, para depois ter que pagar caso eles viessem a dar bom resultado, se nos tínhamos atletas aqui. Então nós estávamos olhando muito o jardim do vizinho e esquecendo de olhar o nosso.

Jovens atletas nas Seleções de base e resultados no clube

Uma das coisas que eu consegui fazer é que nós olhássemos para os nossos atletas e isso foi acontecendo em todas as categorias, isso é um círculo vicioso, que foi acontecendo, com resultados em todas as categorias, no paranaense, no nacional, vários jogadores. Sempre tive um bom relacionamento com os treinadores da CBF, olheiros, observadores, sempre fazendo com que os caras viessem olhar um pouco para nós, a gente está muito longe do eixo, mas que eles viessem para ver que nós temos bons jogadores, que suprem as necessidades da Seleção. A partir daí, começamos a ter vários jogadores convocados para a Seleção Brasileira, inclusive conquistando títulos.

Transmitir mentalidade vencedora

Esse poder de convencimento, realmente mostrar para os meninos o caminho certo, o que faz o cara ser vencedor e isso para mim é um conceito que eu tenho muito, independente de o cara ser campeão ou não, o que temos que buscar é sermos vencedores. Muitas equipes, muitos atletas que passaram não só no clube, mas em vários outros, que às vezes não conquistam, não levantam o troféu, por alguns detalhes e não deixam de ser vencedores. O vencedor é aquele que busca crescer e evoluir a cada dia, sempre buscando, jamais se acomodar, com a ambição sempre saltando aos olhos.

Importância de acreditar no próprio potencial e no de seus companheiros

Outra coisa muito importante que eu tentava transmitir para todos eles, independente da categoria, se estivesse no profissional, que pudessem acreditar que é possível, porque lá atrás, outrora, nós acreditamos que era possível. Eu gosto de falar, eu lembro que eu mandei uma mensagem para o Paulo André, contra o Flamengo, na outra Copa do Brasil que nós ganhamos, quando nós calamos o Maracanã da outra vez, que quem tem que acreditar, isso eu falava sempre, são aqueles que estão dentro do vestiário, esses tem que acreditar, não importa se o mundo inteiro não acreditar, se aqueles dentro do vestiário se unirem, se abraçarem, correrem um pelo outro, e acreditarem que é possível, fazer por onde, as coisas acontecem, como já aconteceu com a gente em 2001 (título do campeonato brasileiro).

Agora, não adianta nada, se o mundo inteiro acreditar, e se ali dentro tiver um ou dois destoando, não estiverem em sintonia e não acreditarem que é possível, as coisas não acontecem, então ajudar aquele que está um pouco mais ansioso, temeroso, levar ele para cima, ajudar, o astral do cara, a autoestima, então acreditar, falar, pensar positivo, vai dar certo, vamos conquistar e eu acredito muito no merecimento, então é trabalhar para caramba, com muita força de vontade, com muita fé, porque nós não podemos fazer tudo certo e dar errado sempre, as coisas acontecem de acordo com o merecimento de cada um, isso eu pregava muito também.

Lance!
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