Acusado de receber propina do Rio 2016, Fredericks deixa funções no COI
Um dia depois de renunciar ao cargo de membro da força-tarefa da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (Iaaf, na sigla em inglês) que avalia a volta da Rússia às competições após os escândalos de doping, o ex-velocista namíbio Frank Fredericks deixou as funções de chefe da comissão avaliadora das candidaturas de Paris e Los Angeles para sediar a Olimpíada de 2024 e da Comissão de Coordenação para os Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires 2018, exercidas no Comitê Olímpico Internacional (COI).
Dono de quatro medalhas em Jogos Olímpicos, Fredericks teve seu nome citado em uma denúncia feita pelo jornal francês Le Monde, que o relaciona em um possível esquema de corrupção, com pagamento de propina, que facilitou a vitória do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016.
"Eu decidi pessoalmente que é do melhor interesse de um bom funcionamento do processo de candidatura olímpica que eu renuncie como chefe da comissão avaliadora de 2024, porque é essencial que o importante trabalho dos meus colegas seja visto como carregado de verdade e justiça", comunicou o dirigente.
O COI aceitou a renúncia de Fredericks e apontou para o seu lugar na comissão avaliadora das candidaturas de Paris e Los Angeles, o suíço Patrick Baumann, secretário geral da Federação Internacional de Basquete (Fiba). No comando da coordenação dos Jogos Olímpicos da Juventude assumiu a chinesa Lingwei Li.
O ex-atleta africano ainda permanece como membro do COI, mas garantiu que não pretende participar da apresentação das cidades de Paris Los Angeles como candidatas para sediar as Olimpíadas de 2024, que acontecerá em julho, em Lausanne, na Suíça, nem da sessão do COI, na qual a sede dos Jogos de 2024 vai ser escolhida, em setembro, no Peru.
A denúncia feita pelo Le Monde tem como base o Ministério Público Financeiro de Paris, que assegura ter indícios de que Frank Fredericks recebeu propina na votação que resultou na escolha do Rio de Janeiro como país sede dos Jogos Olímpicos de 2016, realizada em outubro de 2009, na Dinamarca.
De acordo com as investigações, a empresa Yemi Limited, comandada por Fredericks e que está situada no paraíso fiscal das Ilhas Seicheles, teria recebido US$ 299,3 mil (R$ 938 mil na cotação atual) no dia da escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016.