Lucas lembra mal estar em Londres e ironiza J. Cruz: "dele não espero nada"
Lucas Prado conquistou neste domingo a medalha de ouro na disputa dos 200 m T11 do Mundial Paralímpico de Atletismo, em Lyon. Ao fim da disputa, o exausto atleta comemorou o feito, que ocorre quase um ano depois da Paralimpíada de Londres, quando o brasileiro enfrentou problemas com um compatriota: Joaquim Cruz, ex-meio fundista que foi campeão olímpico dos 800 m em Los Angeles e trabalha com o time paralímpico americano.
Em 2012, o corredor acusou o ex-atleta brasileiro de perseguição para tentar sua reclassificação. Joaquim alegou que tem suspeitas de que Lucas consiga enxergar e leve vantagem indevida. O mato-grossense chegou a ter que competir com uma fita adesiva extra nos óculos, além daquele que é costumeiramente utilizado pelos atletas, o que chegou a ferir sua pele.
Bicampeão mundial, Lucas aproveitou a festa pelo título em Lyon para desabafar. "Você vai escutar muita gente falar que eu enxergo, que eu passei sozinho, mas isso é muito treino, muita dedicação todo dia. Não tem segredo não, é treinar que tudo acontece", afirmou o paratleta, que percorreu os últimos metros da prova sem a ajuda do guia.
Questionado se os problemas que enfrentou em Londres estão se repetindo em Lyon, Lucas explicou que está recebendo respaldo e afirmou que caso houvesse reclamações sobre suas condições visuais, competiria até "de capacete". Lucas ainda relembrou o mal estar sofrido na Paralimpíada de 2012.
"Fizemos a classificação de novo em Londres, acho que ninguém da imprensa sabe disso. Fui passado de novo por três, quatro médicos. Os caras chegaram e eu fiz por livre e espontânea vontade. Eles viram que eu não enxergo, fizeram os exames. São exames clínicos, não é botar a palma da mão na minha frente. Só que tem gente que a partir da hora que você começa a incomodar, aí começa a ser assim. Lembro bem que meu treinador falou em 2007 que a partir do momento que fosse campeão ou batesse um recorde mundial seria visado e criticado. Já sou preparado para isso", avisou o paratleta.
"Só não pode entrar dentro da câmera como fizeram em Londres e me acompanhar até a pista, tirando minha concentração. Isso é ruim, é sujo e foi o que aconteceu em Londres. Isso são águas passadas, mas estou preparado. Dessa vez se acontecesse eu iria correr com a venda deles, com máscara, capacete. Eu estava preparado para isso já. Mas temos pessoas para brigar por nós", disse.
Perguntado pela reportagem do Terra sobre a questão com Joaquim Cruz, Lucas admitiu a relação ruim. "Foi com ele. Por ele ser brasileiro, já estou acostumado. Quando ele perdeu competição quando corria, acusou o atleta de doping. Dele não espero nada", finalizou.
*O repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro.