24 Horas de Le Mans: como funciona a maior prova de Endurance
Completando 100 anos, as 24 Horas de Le Mans serão disputadas entre os dias 10 e 11 de junho. Entenda como é a prova
Neste fim de semana, teremos a 91ª edição das 24 Horas de Le Mans, 4ª etapa da Temporada 2023 do FIA WEC (Mundial de Endurance) e marca os 100 anos de existência da prova (falamos aqui sobre isso). Muito se fala, mas vamos explicar como a prova funciona.
O traçado original das 24 Horas tem mais de 13 km (13,629 metros para ser mais exato). Como a prova faz parte do calendário oficial do FIA WEC, ela é a única que tem esta duração. Os 38 carros habituais do campeonato alinham para correr 24 horas ininterruptas (salvo bandeiras vermelhas) e são abertas 24 vagas para participação específica. No final, são 62 carros que alinharão, com 186 pilotos (a lista completa está aqui)
Para efeito de campeonato, as 24 Horas de Le Mans tem pontuação dobrada em relação à distribuição normal do campeonato.
Os 62 carros são divididos em 4 classes: Hypercars, LMP2, LM/GTE-Am e Garage 56.
Hypercars
Esta categoria foi introduzida em 2021 para substituir os antigos LMP1, que era a principal categoria do FIA WEC. Ela tem por base protótipos ou carros baseados em veículos de rua e por fabricantes que tenham feito mais de 2.500 veículos ao ano.
Numa forma de permitir que mais fabricantes participassem tanto de Le Mans como de Daytona, os organizadores das suas provas (os Franceses do ACO e os americanos da IMSA) chagaram a um meio termo entre os regulamentos técnicos. Desta forma, nós temos os LMH (Le Mans Hypercars, introduzidos em 2021) e os LMDh (Le Mans Daytona Hypercar, criados em 2022).
Ambos têm a configuração técnica básica comum: um motor a combustão turbo combinado com um sistema híbrido que devem gerar no máximo 520kw (707cv) e pesarem pelo menos 1030kg, com pneus fornecidos pela Michelin. A diferença entre os dois é que o LMDh usa um sistema híbrido padrão, desenvolvido pela Bosch e WAE (ex-subsidiária de engenharia da Williams) e que o chassi deve ser desenvolvido e fabricado por uma das 4 marcas (Multimatic, Oreca, Dallara e Ligier).
Atualmente, esta classe é disputada por Ferrari, Cadillac (através da Ganassi e a Action Express), Toyota, Porsche (Penske, Jota), Peugeot, Glickenhaus e Vanwall. São 16 carros no geral, sendo Porsche e Cadillac dentro da proposta LMDh e Glickenhaus e Vanwall não usando o sistema híbrido. Em 2024, temos confirmadas as entradas da BMW e da Lamborghini na categoria.
Nesta classe, teremos Felipe Nasr alinhando pela Penske Porsche #75 e Pipo Derani pela Action Express Cadillac #311
O desempenho dos carros é equilibrado através do Balanço de Performance (chamado de BoP – Balance Of Performance). FIA e ACO medem o desempenho dos carros e estabelecem uma série de itens para tentar deixar o desempenho mais próximo possível. São considerados peso, potência, recuperação de energia e velocidade de reabastecimento.
Inicialmente, FIA e ACO tinham definido o BoP para Sebring e depois mais uma sequência para Portimão, Spa e Le Mans. Entretanto, para tentar segurar os Toyota, que vem ganhando os últimos campeonatos até com certa folga, foi instituída uma mudança de última hora, deixando os carros japoneses com mais peso do que os demais.
LMP2
É a classe intermediária do Endurance. LMP2 significa Le Mans Prototype 2 e não tem limitação de fabricação. Ele tem que ser um cockpit fechado e a fabricação é extremamente restrita por regulamento, devendo ter um motor único (Gibson V8, de 4,2 litros, e que gera cerca de 600cv) e são alguns fornecedores habilitados (Oreca, Ligier e Dallara). Atualmente, todo o grid é formado por chassis Oreca e a Good Year é o fornecedor único de pneus.
Aqui, podem ser 2 ou 3 pilotos, mas que tenha que ter um piloto Prata ou Bronze (explicaremos isso mais a gente) e estes pilotos têm um tempo mínimo de pista. Normalmente, eles são colocados logo no início das sequencias para cumprir este prazo (que varia pelo tamanho da prova) e depois entram os profissionais.
Atualmente, 24 carros alinharão para as 24 Horas de Le Mans (normalmente,11 inscritos participam do WEC);
Nesta classe, temos Pietro Fittipaldi no carro da Jota Racing #28 e André Negrão na Alpine #35.
LM/GTE-AM
Aqui é a categoria mais “antiga” do WEC, com a especificação vinda de 2011. É baseada em carros de corrida adaptados nos carros de rua. Hoje, temos Ferrari, Corvette, Aston Martin e Porsche neste grupo. O significado é Le Mans Grand Touring Endurance. A Michelin fornece pneus a todos os carros.
O AM vem de Amateur (Amador). Anteriormente, havia a categoria PRO, mas foi descontinuada no WEC (ainda temos no IMSA). Neste grupo, os carros podem usar motores sobrealimentados (até 4 litros) ou aspirados (até 5,5 litros).
Aqui, podem ser 2 ou 3 pilotos, devendo incluir pelo menos 1 piloto Bronze ou Prata, que andarão um tempo mínimo. E a classificação deve ser feita por um piloto Bronze. Além disso, para o campeonato, existe um lastro de sucesso, composto por resultado das provas anteriores e da posição do campeonato (máximo de 15 kg por cada um dos três fatores). Nas 24 Horas de Le Mans, não há o uso deste lastro de sucesso.
Garage 56
Esta é uma categoria especial criada pelo ACO (organizador) para desenvolvimento de novas tecnologias ou demonstrações. Neste ano, a Hendrick Motorsports alinhará um Chevrolet Camaro ZR1 utilizado na NASCAR, devidamente adaptado. Este carro não conta na classificação geral, mas participa da corrida. Este carro será conduzido por Jimmie Johnson, Jenson Button e Mike Rockenfeller. Independentemente do tempo que marcar na qualificação, largará em último do grid.
Classificação
O processo de classificação para a prova começa na quarta-feira, dia 7, com o primeiro treino livre e todos vão para a pista por três horas, a partir das 14:00h locais (9:00h de Brasília). No mesmo dia, temos a qualificação a partir das 19:00h locais (14h:00 de Brasília). Aqui, todos os carros vão para a pista por uma hora, separados por classe, e os 8 melhores de cada grupo passam à para a HyperPole no dia seguinte.
No dia 8, temos o terceiro treino livre, com mais três horas de duração. Este acaba sendo mais voltado para os pilotos iniciantes na prova e começa às 15:00h locais (10:00h de Brasília). Às 20:00h (15:00h de Brasília), os 8 melhores de cada série vão para a pista para definir a classificação final. Às 22:00h locais (17:00h de Brasília), é o último treino livre, com duração de uma hora, à noite.
Largada
Por anos, a prova foi caracterizada por uma largada muito curiosa: os carros ficavam parados em um lado da reta de largada e os pilotos ficavam do outro lado. A bandeira de largada era baixada e eles saíam correndo em direção aos seus carros, dar a partida e irem em frente. Tanto que até hoje este tipo de ação é conhecido como “Largada Le Mans”.
Porém, por questão de segurança, esta modalidade foi abolida e hoje a largada é lançada, pontualmente às 14:00h locais (11:00h de Brasília) com os carros na ordem da classificação. O carro da categoria Garage 56, larga em último, independentemente do tempo marcado.