29 anos sem Senna: em 5 histórias, o legado do piloto que se tornou Patrono do Esporte Brasileiro
Tricampeão mundial de Fórmula 1, piloto brasileiro morreu em acidente no Grande Prêmio de San Marino, na Itália, em 1994, no dia 1º de maio; o País parou em seu velório em São Paulo
"Senna encontra a morte numa curva de Ímola." Assim noticiou o Estadão a morte de Ayrton Senna da Silva há 29 anos. Foi também num 1º de maio que o Brasil e mundo choraram a morte do piloto. Aos 34 anos de idade, o tricampeão mundial de Fórmula 1 se acidentou na curva Tamburello, no circuito de Ímola, na Itália, perdendo o controle do carro e batendo de forma violenta contra o muro de proteção. Senna foi levada às pressas para o hospital, de helicóptero, mas não resistiu aos ferimentos.
O fim de semana do dia 1º de maio de 1994 ficou conhecido como um dos mais trágicos da categoria. Na sexta-feira, durante os treinos livres, Rubens Barrichello se acidentou gravemente. Além de Senna, o piloto austríaco Roland Ratzenberger também perdeu a vida durante a etapa de San Marino, em um acidente sofrido durante a classificação no sábado. Michael Schumacher foi o vencedor da corrida, mas o clima no pódio era fúnebre.
Senna era um notório defensor da segurança dos pilotos e a sua morte revolucionou a categoria, que se viu obrigada a pensar e implementar dezenas de novas medidas de segurança após a perda do seu principal astro em atividade. Para o inglês Sid Watkins, então médico chefe da F-1 e amigo pessoal de Senna, a morte do brasileiro foi essencial para a segurança de pilotos ao redor do mundo. "A perda de Ayrton Senna já salvou muitas vidas, não apenas na F-1, mas no automobilismo", afirmou o neurocirurgião no começo dos anos 2000.
Em entrevista ao Estadão no ano passado, o piloto brasileiro Felipe Massa destacou a importância das mudanças que foram feitas após o 1º de maio de 1994. "Aquele fim de semana foi o mais importante para a segurança da Fórmula 1?, explicou Massa. "Dali para a frente, foi feito todo um trabalho para melhorar a segurança e as pistas. O pensamento e a mentalidade mudaram completamente. Um fim de semana tão feio e triste como aquele acabou salvando muitas vidas dali para a frente, até hoje."
O impacto daqueles acidentes em Ímola pode ser medido pelos números. Na década de 70, a F-1 registrou nove mortes. Nos anos 80, esse número caiu para quatro. Os óbitos de Senna e Ratzenberger foram os únicos ao longo da década de 90. E, depois daquele fatídico GP de San Marino, a categoria sofreu apenas uma baixa, 21 anos depois, com a morte do francês Jules Bianchi.
A criação do Instituto Ayrton Senna
Conhecido por seu ativismo social, Senna considerava de extrema importância a luta pela educação e por melhores condições aos mais vulneráveis. À sua irmã, Viviane Senna, o piloto confessou a vontade de criar uma ação sistemática que pudesse oferecer oportunidades para jovens de baixa renda. Senna morreu antes de ter o seu sonho concretizado, mas sua família levou o seu desejo para frente e fundou o Instituto Ayrton Senna ainda em 1994.
A ONG é presidida por Viviane e em 2004 foi reconhecida como uma Cátedra de Educação e Desenvolvimento Humano pela UNESCO, algo inédito para uma ONG até então. O Instituto atua em três frentes: pesquisa e produção de conhecimento, desenho de componentes para políticas educacionais e formação de educadores. Em entrevista ao Estadão em 2018, a irmã de Senna relembrou a preocupação social do piloto.
"O Ayrton nunca se conformou com a realidade de falta de oportunidades que assola a maior parte do povo brasileiro, e sempre desejou fazer algo efetivo e eficaz para mudar essa realidade. Desse sonho nasceu o Instituto Ayrton Senna, que certamente é o maior legado do Ayrton fora das pistas. Afinal, como ele mesmo dizia, não podemos nos conformar de viver em uma ilha isolada sem olhar o mundo que está ao nosso redor. Além disso, é incrível ver o legado de valores que ele deixou. Ayrton nunca ganhou com o famoso 'jeitinho brasileiro', pois sabia que, para ser vitorioso de verdade, era necessário perseverança, foco, coragem, determinação e muito trabalho. Foi assim que ele se tornou um dos maiores ídolos da nossa história."
A idolatria de Lewis Hamilton
A vida de Ayrton Senna já foi retratada nas telonas com o documentário "Senna: O Brasileiro, O Herói, O Campeão" (2010), mas uma versão ficcionalizada da trajetória do piloto chegará à Netflix em uma minissérie de seis episódios. Protagonizada pelo ator Gabriel Leone, a produção vai mostrar, segundo o serviço de streaming, "a trajetória de superação, desencontros, alegrias e tristezas do tricampeão de Fórmula 1, desbravando sua personalidade e suas relações pessoais".
"É uma honra poder interpretar um dos maiores ídolos nacionais, não só do esporte, mas um ícone que inspirou o nosso povo e os amantes de velocidade do mundo todo", disse Leone em comunicado da Netflix. Com direção de Vicente Amorim e Julia Rezende, a produção é comandada pelo cineasta brasileiro Vicente Amorim e contará com a participação da família do piloto.
"Ele tem muito potencial para transmitir com fidelidade a personalidade única do Ayrton, principalmente daquele que a gente como família conheceu, fora das pistas", comentou, no comunicado, Viviane Senna. O ponto de partida será o começo da carreira automobilística do Ayrton, quando ele se muda para a Inglaterra para competir na Fórmula Ford, até o trágico acidente em Ímola, na Itália, durante o Grande Prêmio de San Marino. A data de lançamento ainda não foi oficializada.