Briatore volta à F-1 15 anos após ter sido banido; relembre o 'Cingapuragate'
Empresário de 74 anos é pivô do maior escândalo de manipulação de resultado da categoria
A Alpine confirmou os rumores nesta sexta-feira ao anunciar o retorno de Flavio Briatore à Fórmula 1. Aos 74 anos, o empresário italiano volta ao circuito, como "consultor executivo", 15 anos após ser banido da categoria por ter sido um dos protagonistas do maior escândalo de manipulação de resultado da modalidade, o famoso "Cingapuragate". O caso teve como maior vítima o brasileiro Felipe Massa, que luta na Justiça para ser reconhecido como o campeão mundial de 2008.
A surpreendente volta de Briatore havia sido antecipada pela imprensa europeia no fim do mês passado. E acabou sendo oficializada nesta sexta, antes do primeiro treino livre do GP da Espanha, em Barcelona. O italiano terá papel de destaque na Alpine, que conta atualmente com os pilotos franceses Pierre Gasly e Esteban Ocon.
Briatore terá a missão de ajudar a reerguer a equipe, que um dia foi a Renault. E uma de suas tarefas seria contratar o engenheiro e projetista Adrian Newey, que está de saída da Red Bull no fim do ano e é cotado para reforçar a Ferrari em 2025, quando a equipe italiana terá Lewis Hamilton em um dos seus carros.
Em comunicado, a Alpine afirmou que Briatore "vai focar predominantemente nas áreas de alto nível da equipe", o que inclui "procurar os melhores talentos e fornecer insights sobre o mercado de pilotos, desafiando o projeto existente, avaliando a estrutura atual e aconselhando sobre alguns assuntos estratégicos dentro do esporte".
A equipe francesa vive momento ruim na F-1. Após fazer temporadas promissoras, o time somou apenas cinco pontos nas primeiras nove etapas do campeonato deste ano. Figura apenas na oitava colocação no Mundial de Construtores. No início do mês, a Alpine avisou que mudará ao menos um dos pilotos para o próximo ano, uma vez que não renovará o contrato de Ocon.
Briatore havia sido banido da F-1 em 2009 após o escândalo no GP de Cingapura de 2008, quando pediu para o brasileiro Nelsinho Piquet bater de propósito para beneficiar Fernando Alonso na briga pelo título — o espanhol acabou campeão.
O dirigente italiano foi banido, depois teve a pena modificada e cumpriu suspensão até 2013. Ele estava longe da Fórmula 1 nos últimos cinco anos. Presente no paddock do GP de Mônaco deste ano, ele já vinha ensaiando um retorno, até mesmo na companhia de Stefano Domenicali, atual presidente e CEO da F-1.
Aquele GP de Cingapura causou prejuízos diretos a Felipe Massa na briga pelo título de 2008, que acabou ficando com Lewis Hamilton. Somente em 2009 o caso foi investigado, o que gerou as punições a dirigentes da então equipe Renault.
O tema voltou à tona com força no ano passado, quando Bernie Ecclestone, que foi o chefão da categoria ao longo de 40 anos, deu entrevista em que dizia considerar Massa o campeão verdadeiro daquele ano. Ele disse também que sabia da armação de Briatore para beneficiar Alonso.
Na prática, isso deu argumento e fundamentação jurídica para Massa acionar a Justiça com o objetivo de ter o título reconhecido e também de olho numa indenização que poderia superar US$ 150 milhões, algo próximo a R$ 815 milhões, pelo câmbio atual.