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Curva 'S' do Senna em Interlagos era para chamar Chico Landi

Trecho do circuito só foi construído em 1989, ano em que São Paulo conseguiu retornar ao calendário da Fórmula 1

17 nov 2019 - 01h40
(atualizado às 09h41)
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Curva do S do Sena, em foto tirada em treino livre para o GP do Brasil de 2006
Curva do S do Sena, em foto tirada em treino livre para o GP do Brasil de 2006
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press

Corria o ano de 1989 e o autódromo de Interlagos era um grande canteiro de obras com um sonho: receber o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 de volta, em março de 1990, após nove anos de corrida no Rio. O circuito de Jacarepaguá havia sido descartado pela Federação Internacional de Automobilismo e o Brasil corria o risco de perder seu GP, mas a então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, e o presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), Piero Gancia, resolveram encarar o desafio de levar a corrida para Interlagos.

A corrida, na verdade, foi contra o tempo. Depois que a cidade resolveu mesmo realizar a corrida, um projeto foi feito e começaram as obras. Os antigos boxes, que nos anos 1970 abrigaram os bólidos e as histórias de José Carlos Pace, Emerson Fittipaldi, Niki lauda e Carlos Reutemann, entre tantos outros, foram demolidos. Além de 23 novos boxes, seriam erguidos um prédio administrativo sobre eles, uma torre de cronometragem, um centro médico e outras instalações.

Tratores reviravam a terra bruta, caminhões removiam entulho. Tudo tinha de estar pronto até março seguinte. Havia um porém. A velha pista de 7.960 metros, adorada pelos pilotos, já não servia à moderna Fórmula 1. O então administrador do autódromo, Francisco Rosa, elaborou um plano que encurtava e, ao mesmo tempo, preservava o antigo traçado, mas a ideia não vingou. O formato dos atuais 4.325 metros de pista teria outra história.

Em uma de suas vindas a São Paulo, entre uma corrida e outra, Ayrton Senna visitou as obras. Em meio aos debates sobre como encurtar a pista, Senna, no final da reta dos boxes, deu o xeque mate: sugeriu que fosse construída uma ligação entre o anel externo e o miolo do circuito, em um mergulho em forma de S. A ideia foi acatada na hora.

Os jornalistas que acompanhavam a cena, entre eles este repórter, perguntaram se a inusitada curva seria o S do Senna. O piloto, elegantemente, tentou homenagear um de seus maiores ídolos, o ex-piloto e ex-administrador do autódromo Chico Landi: "Poderia se chamar Curva Chico Landi", disse Senna. O destino da curva estava traçado.

Estadão
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