Emocionante até o fim, eP de Diriyah 2 encanta. Era Gen3 enfim pode dizer: "Cheguei"
Pela primeira vez na temporada, Fórmula E empolgou com uma corrida emocionante até o fim. Entre o domínio da Porsche e o equilíbrio no meio do pelotão, Era Gen3 enfim mostra suas primeiras qualidades
Enfim, a tão prometida Era Gen3 começou na Fórmula E de vez neste sábado (27). Sim, a estreia do campeonato foi no já longínquo dia 14 de janeiro, mas o eP de Diriyah 2 deste fim de semana deu a impressão de que o campeonato começou de verdade a partir de agora. Depois de uma abertura sonolenta na Cidade do México e um nível melhor na sexta-feira, a segunda vitória de Pascal Wehrlein em 2023 reservou um espetáculo.
A briga pela vitória contou com vários momentos de alternância. O pole Jake Hughes perdeu o primeiro lugar logo na primeira curva, após excelente início de Mitch Evans — que ignorou a falta de aderência no lado mais sujo da pista e pulou melhor que a McLaren —, mas a vitória nunca esteve assegurada pelo lado do neozelandês.
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Sob ameaças constantes de René Rast e vendo Wehrlein se aproximar cada vez mais, o piloto da Jaguar abdicou da liderança pela estratégia, ao ativar o modo ataque, mas viu o plano da Porsche se sobressair: gastando energia na hora certa, Pascal segurou bateria na parte inicial da corrida e deixou para acelerar no momento em que seus rivais precisavam fazer o gerenciamento.
Enquanto Rast tomava a liderança da corrida, Wehrlein atacava Hughes pelo terceiro lugar e apenas esperava pelo momento certo de dar o bote nos ponteiros. O primeiro deles foi Evans, na volta 14, e René fatalmente também perderia a posição se não optasse pelo modo ataque — assim, até chegou a perder, mas ao menos teria a potência extra para perseguir o rival novamente pelas ruas de Diriyah.
A questão é que, mais uma vez, o trem de força da Porsche entrou em ação. Completamente dominante neste início de temporada na Fórmula E, o motor alemão chamou muita atenção nas duas primeiras rodadas do campeonato e confirmou seu poder na sexta — Wehrlein, o vencedor, largou em nono; Dennis, o segundo, saiu em 11º. No sábado, novo domínio e uma repetição exata do mesmo resultado.
Isso significa que a Porsche vai dominar a Fórmula E em 2023? Não necessariamente. As outras equipes já se debruçam nos motivos pelos quais o motor alemão vem apresentando tanta dominância este ano, e é esperado que novas soluções surjam para as fabricantes já na próxima etapa, em Hyderabad.
Além disso, o início de uma nova Era faz com que todas as equipes comecem seus planejamentos do zero, com um carro que todas ainda buscam entender. Sendo assim, o teto de crescimento de todos os times continua bastante alto, em um momento em que ainda é possível reduzir a diferença para os alemães — principalmente para a Jaguar, que também apresenta um conjunto potente em 2023.
No entanto, é impossível negar que a vantagem da Porsche é evidente neste início de campeonato e já se reflete na classificação. Com apenas os dois entre os dois primeiros colocados, Pascal Wehrlein e Jake Dennis já desgarram dos rivais na tabela, com respectivamente 68 e 62 pontos. Sébastien Buemi, o terceiro, tem 31 — metade da pontuação do britânico. É hora de correr atrás.
No mais, a disputa seguiu ferrenha pela zona de pontuação e por um lugar no pódio. Hughes, em sua primeira temporada na categoria, demonstra uma capacidade absurda de extrair potência do carro em ritmo de volta lançada.
Nas corridas, entretanto, o novato ainda demonstra falta de experiência e tem dificuldades com o gerenciamento de bateria, o que quase sempre o faz perder posições ao longo da disputa. Natural no estágio de crescimento do piloto, que chama muita atenção em suas primeiras aparições.
O inglês foi protagonista da situação mais bizarra da corrida, e justamente no momento mais importante da prova: sua energia acabou após a última curva, o que fez o carro da McLaren diminuir consideravelmente de velocidade logo antes de concluir a disputa.
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Como resultado, Jake acabou "empurrado" por Evans ao cruzar a linha de chegada, e o neozelandês ainda perdeu a sexta posição para Buemi no processo. Um indicativo de como a disputa foi apertada em Diriyah, que recebeu a primeira grande corrida dos novos carros Gen3.
A Maserati, ainda que muito aquém do esperado, enfim deu o ar da graça neste sábado. Apesar da péssima corrida de Max Günther, o 19º, Edoardo Mortara levou a equipe pela primeira vez ao mata-mata da classificação e terminou em nono na corrida, somando os dois primeiros pontos do time italiano na categoria. Ainda é muito pouco, mas ao menos a sensação de melhora apareceu.
Jake Dennis segue em um ritmo alucinante e mais uma vez galgou posições ao longo da corrida, saindo de sexto para chegar em segundo — e levanta ainda mais questionamentos sobre o que poderia fazer, se conquistasse posições melhores nas classificações.
Entre os destaques, Rast precisou de três corridas com a McLaren para conquistar seu primeiro pódio na Fórmula E; Sacha Fenestraz, enfim, foi recompensado por uma estreia que tem sido ofuscada por problemas e somou seus primeiros pontos, com o oitavo lugar; o mesmo pode ser dito de Dan Ticktum, que herdou a décima posição após uma punição a Stoffel Vandoorne e coroou um bom início de temporada com o primeiro ponto — que já deveria ter vindo na estreia, mas um drive-through estragou os planos.
Por fim, falando no atual campeão, a principal decepção da temporada até aqui atende pelo nome de DS Penske. A melhor colocação da equipe foi o sexto lugar de Jean-Èric Vergne na corrida 1 de Diriyah, responsável por todos os seis pontos da equipe até aqui. Para a única dupla do grid que reúne dois campeões da categoria — com três títulos entre eles —, o início tem sido mais que desapontador.
A próxima etapa, em Hyderabad, reserva a primeira estreia do calendário. Em uma pista ainda inexplorada pela Fórmula E, novos contornos sobre a batalha pelo título mundial continuarão a ser desenhados. Enquanto a Porsche torce para que tudo se mantenha do jeito que está, todas as outras equipes questionam como alcançar o poderio alemão. A Era Gen3 está apenas no início, mas Diriyah enfim mostrou que o futuro pode ser próspero.
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