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WEC: ele interrompeu a carreira 3 vezes, foi Uber e agora pilota McLaren nas 6h de São Paulo

Nicolas Costa tem história de vida de superação e compete no Mundial de Endurance (WEC), que chega a Interlagos neste fim de semana

12 jul 2024 - 09h40
(atualizado às 11h26)
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A etapa de Interlagos do Mundial de Endurance (WEC) acontece neste fim de semana, com as 6 Horas de São Paulo. Os carros mais modernos e rápidos das provas de turismo invadem o autódromo paulistano atingindo velocidades a mais de 300 km/h. Um brasileiro em especial se acostumou a andar dentro dos limites de 60 km/h ou no máximo 100 km/h para sobreviver: Nicolas Costa.

O carioca de 32 anos hoje pilota uma McLaren pela equipe United na categoria LMGT3, mas há pouco mais de uma década, ele não tinha que se preocupar tanto com velocidade, mas sim em conseguir transportar seus passageiros em segurança para ganhar cinco estrelas de avaliação. Nos primórdios do Uber no Brasil, Costa foi motorista de aplicativo na categoria Black.

As corridas urbanas foram uma forma de Nicolas Costa arrecadar dinheiro em uma das três vezes em que ele teve que interromper a carreira. E todas as três pelo mesmo motivo: falta de patrocínio. "Meu pai e minha família no geral conseguiram me dar força no kart, mas para sair do kart é muito caro, então foi sempre uma questão financeira", disse Costa, ao Estadão.

Em 2012, ele foi campeão da Formula Abarth, na Europa, e chegou a fazer testes na GP3 - hoje F-3, categoria de acesso à Fórmula 1 - mas pouco tempo depois perdeu seu principal patrocinador e não pode seguir correndo na Europa.

"A gente estava conversando com a Marussia (ex-equipe de F-1 com filial na GP3) na época, pra firmar um contrato. Mas obviamente que tudo depende um pouco também da parte financeira. Eu tinha um patrocinador que era um banco na época. O banco fechou e acabou que eu saí. E no melhor momento da minha carreira, que eu estava começando a sentir um gostinho de talvez ter uma oportunidade de entrar no circo como piloto titular, de reserva, tentar começar a entrar nesse mundo. E aí foi um fim abrupto para essa carreira de monopostos na Europa", disse.

"Eu fiquei deprimido e tal, porque eu olhava as corridas e sentia que eu poderia estar lá. Eu merecia talvez a chance de estar lá representando o Brasil. Daí minha carreira foi e tomou outro rumo, né?".

Costa voltou para o Brasil e foi trabalhar nos negócios de seu pai, que possui uma serralheria. "Meu pai faz janela, portas acústicas. Eu fazia um pouco de conta, caixa, nada que eu saiba fazer direito. Eu estava tentando ajudar, ia com meu pai na obra, ajudava ele a medir as coisas. Meu pai é engenheiro. Só que eu não entendo de janela, eu não sei fazer obra. Então, apesar de eu estar lá fisicamente trabalhando, eu não sentia que eu somava muito no negócio", relembra.

Em 2014, ele voltou às pistas nos Estados Unidos, na USF Pro 2000, categoria de acesso à Fórmula Indy, e ganhou uma corrida. Para 2015, tudo estava certo para Nicolas Costa correr em uma equipe de ponta da categoria, mas pouco tempo antes do campeonato começar ele foi substituído por outro piloto, que chegou com forte patrocínio e trazendo dinheiro para o time. O brasileiro ainda disputaria aquela temporada, mas só depois que a competição já havia começado e sem ser em uma equipe de frente do pelotão.

Costa teve de parar a carreira pela segunda vez. E foi ser Uber. "É por isso que na segunda vez eu queria fazer algo eu, algo que eu pudesse fazer sozinho".

"Eu rodava das 20h até mais ou menos 2h, 3h da manhã, porque no trânsito eu não conseguia fazer dinheiro, porque o carro não tinha gás. A gasolina no Rio é super cara. Então, pra eu conseguir fazer dinheiro eu tinha que rodar em horário que não tinha trânsito e fazer no mínimo dez, dez e meio litros de média para a conta fechar. Então eu tinha que andar devagar e a minha meta era outra economia de combustível. Então estava isso na minha cabeça e facilitava um pouco a vida", conta.

Costa até relembra os perrengue que chegou a passar nas madrugadas no Rio de Janeiro.

"Eu tentava ficar na Zona Sul e Barra. Porém, na época o aplicativo não dá pra gente a direção que a gente ia até você chegar na corrida, você só sabia pra onde você ia quando o passageiro entrava no carro. Então era complicado porque eu parei em favela, lugares perigosíssimos aqui do Rio muitas vezes e apesar do carro ter alguns anos, ainda era um carro premium (uma Mercedes C 180 ano 2011)".

"Vi gente que na minha cabeça ia me assaltar. Porque você não tinha foto do passageiro, você não tinha o destino da foto. Você olhava e achava esse cara aí. Mas quando ele vem, duas pessoas suspeitas de risco, você fala 'Bom, a chance de dar problema é grande', ainda mais de madrugada. E aí algumas vezes eu tive que sair fora porque achei que não valia a pena. Essa foi a principal questão de eu parar de fazer isso, na verdade".

No fim de 2015, Costa retomou as atividades nas pistas e foi correr no Japão em um novo capítulo de sua carreira que começava a trilhar e parecia que iria rumo às categorias de turismo asiáticas. Mas veio a pandemia e parou tudo.

"Todo mundo que era estrangeiro perdeu os contratos. E mais uma vez eu voltei para o Brasil com uma mão na frente e outra atrás. E dessa vez doeu muito porque eu senti que eu estava de fato abrindo a primeira grande oportunidade da minha carreira de fazer um negócio grande. Tanta gente perdeu coisas muito mais importantes do que uma carreira no covid, mas doeu muito. E eu, de fato, dei uma desistir do automobilismo. Falei 'cara, isso aqui é muito instável. Eu preciso ter uma uma vida, uma carreira, pagar minhas contas'. Eu fiquei um bom tempo sem fazer um centavo", relembra.

Conforme o mundo foi abrindo, Nicolas Costa foi também. "Mas o jeito que eu fui revertendo essa depressão, digamos assim, foi ser grato pelo que eu fiz".

Mais uma vez ele iniciou sua remontada e em 2021 começou a correr na Porsche Cup Brasil, conquistando o título da categoria Carrera no ano passado. Seu desempenho chamou atenção da equipe United, que compete na WEC e tem como dono Zak Brown, CEO do grupo automotivo da McLaren, e o chamou para um teste em Estoril.

Ele passou e foi contratado para o campeonato deste ano pela equipe, que usa os carros de turismo da McLaren. Em quatro etapas da WEC, Costa e seu time tiveram como melhor resultado uma quarta colocação nas 6 horas de Spa, na Bélgica.

6 Horas de São Paulo, programação

Sexta-feira, 12 de julho
  • 07h00 - Abertura dos portões
  • 10h45 - Treino Livre 1 (90 minutos)
  • 13h45 - Entrevista coletiva oficial FIA WEC
  • 15h15 - Treino Livre 2 (90 minutos)
  • 17h00 - Pit Walk
Sábado, 13 de julho
  • 07h00 - Abertura dos portões
  • 10h30 - Treino Livre 3 (60 minutos)
  • 12h00 - Pit Walk
  • 12h05 - Sessão de autógrafos
  • 14h30 - Classificação GT3
  • 14h50 - Hyperpole GT3
  • 15h10 - Classificação Hypercar
  • 15h30 - Hyperpole Hypercar
  • 16h00 - Entrevista coletiva pós-classificação FIA WEC
Domingo, 14 de julho
  • 07h00 - Abertura dos portões
  • 08h40 - Pit Walk
  • 08h45 - Sessão de autógrafos
  • 08h55 - Desfile de Ferrari
  • 09h20 - Desfile de Porsche
  • 09h45 - Desfile dos pilotos FIA WEC
  • 11h30 - Rolex 6 Horas de São Paulo - largada
  • 18h25 - Entrevista coletiva pós-corrida
Estadão
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