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Eduardo Freitas, Diretor de Provas do FIA WEC  Foto: Paulo Abreu / Parabólica

Exclusivo: Conversa com Eduardo Freitas, Diretor de Prova do WEC

Segunda parte da conversa com Eduardo Freitas, Diretor de Provas do FIA WEC. Aqui, ele fala sobre o uso do safety car em Le Mans este ano

Imagem: Paulo Abreu / Parabólica
  • Rodrigo Mattar
  • Sergio Milani Sergio Milani
  • Felipe Meira Felipe Meira
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6 ago 2024 - 08h00
Eduardo Freitas, Diretor de Provas do FIA WEC
Eduardo Freitas, Diretor de Provas do FIA WEC
Foto: Paulo Abreu / Parabólica

Quando a conversa é boa, merece ser esticada. Inicialmente, a entrevista com Eduardo Freitas, o Diretor de Prova do FIA WEC iria durar somente trinta minutos. Entretanto, a resenha foi tão boa que durou quase uma hora. Aqui, o dirigente fala a Felipe Meira, Milton Rubinho, Paulo Abreu, Rodrigo Mattar e Sergio Milani sobre suas intervenções no rádio durante as transmissões e ainda sobre o uso dos safety cars nas 24 Horas de Le Mans deste ano...

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Parabólica : Como foi o episódio do “Já que vocês não sabem o que é direita ou esquerda, bandeira vermelha?” em Le Mans ano passado? (vídeo postado a seguir)

Eduardo Freitas: Esta foi baixa, esta foi baixa... (risos) Não, tenho muitas saídas de rádio como essas... Algumas delas, repenso, quando chego em casa, me arrependo... (risos)

Mas naquele momento, eu tinha que limpar a pista e estava a dizer aos pilotos para se manterem. Não me lembro se era do lado direito ou do lado esquerdo. Obviamente que se eu mando o piloto mudar uma parte suja da pista, aos pneus não é bom. Agora, eu prefiro que eles estraguem os pneus do que me estraguem o comissário.

Os pneus? O piloto chega à boxe tem mais quatro. O comissário é insubstituível. Portanto, é um ser humano que está ali e está protegido por um macacão, já o piloto vai dentro do carro. Então, está propriamente protegido e há uma guerra perdida. E, às vezes, tem umas saídas dessas um bocado irônicas. Tem mais até... (risos)

Eu estava a ver, íamos começar a pôr os comissários em risco. Eu estava a pensar: estávamos numa sessão de treinos livres, não vale a pena correr riscos, paramos isto.Só que em vez de dizer: “ok, paramos isto”, resolvi dizer que já que não distinguem a direita da esquerda é melhor parar.

Parabólica: A bandeira vermelha... Foi clássico. Essa foi sensacional. Nós não vimos ao vivo, isso apareceu posteriormente. Nós adoramos, inclusive citamos na transmissão isso. Algumas vezes, a gente se diverte com os seus comentários (risos)

Eduardo Freitas: Vamos lá ver, são seis horas, também tem que ter alguma coisa pra comentar... (risos)

Eduardo Freitas "cercado" por Milton Rubinho, Sergio Milani, Felipe Meira e Rodrigo Mattar
Eduardo Freitas "cercado" por Milton Rubinho, Sergio Milani, Felipe Meira e Rodrigo Mattar
Foto: Paulo Abreu / Parabólica

Parabólica: Com certeza, com certeza. É divertido, né? Por exemplo, em Le Mans, os espanhóis ficam cantando no meio da transmissão. Nós contamos piadas. Fizemos inclusive promoção de namoro durante a transmissão....

Eduardo Freitas: Todo aquele encontro que foi o safety car, acabou por haver uma altura engraçada. Ao fim de duas horas, o que é que vamos fazer? Acabamos de jogar com as velocidades, em função da intensidade da chuva. Em certa altura, disse, “Bom, vamos fazer mais qualquer coisa”. Os meus colegas ficam logo em pânico: “O que é que vai sair daqui?” . “Nunca experimentámos abastecer os Safety Cars aqui...” Está no mapa de trabalho como é que funciona, mas nunca foi testado.

Eu disse, “olha, vamos...” Perguntei como é que estão os safety cars de combustível, pensei que arranjava aí um argumento, um estava a 70%, o outro estava a 68%... “Não, vamos mesmo experimentar. Então, vamos abastecer os safety cars”.

Entrou tudo em pânico: “Abastecer os safety cars?” “Mas eles têm gasolina? Têm. Mas nós não temos mais nada para fazer. Vamos experimentar? Vamos experimentar”. (risos)

Não é a melhor altura para testarem, para uma intervenção, não é? E já que estávamos numa intervenção controlada, digamos assim, sem estresse do tempo, porque eu sabia que aquilo um dia duraria muito, a meteorologia...Dez em dez minutos está-nos a dar as evoluções. Não esquece que na próxima hora e meia não vai haver nada lá. Não vai haver nada, tudo bem.

Vamos lá, vamos trocar o safety car. Bom, troca o safety car, experimentamos o reabastecimento.... Meus colegas vinham e diziam “Isto no Facebook está animado...”(risos)

Já que no Race Control não tem redes sociais...”Tá animado? Está” (risos). Está tudo a dizer que os safety cars estão há tanto tempo que até eles estão sem gasolina (risos).

É assim. O esporte a motor consiste em testar coisas novas. Nós temos um protocolo de abastecimento que nunca foi testado.  Por exemplo: Primeira bandeira vermelha que sai no WEC, sai em Austin. Durante a corrida. Não em fase final ou em fase inicial.

Chegámos à conclusão que, por regulamento da bandeira vermelha, por força de vários cortes e retalhos, as coisas não estavam encaixadas. Individualmente funcionava, mas quando em conjunto...Portanto, a partir daí, há que partir com a experiência para tentar desenvolver.

OK: Está escrito qual é o protocolo para reabastecer os safety cars. Então vamos experimentá-lo..

É por isso que os safety cars são abastecidos, não foi por falta de gasolina dos safety cars, porque então aí eu teria entrado em pânico. “Será que funciona? Será que não funciona?” (risos)

Não é a primeira vez que um regulamento não funciona. Então, olha, vamos abastecer os safety cars. Aproveite. Só que é um safety car.

Parabólica: Garantir o entretenimento...

Eduardo Freitas: Pegou toda a gente desprevenido, mesmo o pessoal de abastecimento não estavam nada à espera, porque nas contas deles ainda podia andar mais de 5 horas. Portanto,"Por que é que você quer abastecer os safety cars? Porque quero testar."

E os próprios regulamentos que mandam: Os safety cars têm que ter gasolina. Têm? Está bem, vamos abastecer-los. Até porque não se pagam a gasolina sequer: A Total está pagando. (risos)

Parabólica
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