15 anos atrás, BMW liderava Mundial de F1 pela única vez
Após o GP do Barein de 2008, BMW assumiu a ponta da tabela de Construtores da F1, seu ponto alto na categoria. Relembre a história
Já distante da Fórmula 1 há mais de uma década, a BMW tem uma longa - e inconstante -história na categoria. A fabricante alemã é uma das tantas fabricantes de automóveis que resolveu se aventurar na Fórmula 1 em algum momento. Em sua última tentativa, a empresa da Bavária se aliou à Sauber e correu como equipe, não somente como fornecedora de motores. A parceira rendeu vitória e rápidas lideranças das tabelas de pilotos e de construtores. Entre as equipes, a liderança está completando 15 anos nesse mês de abril.
A BMW na Fórmula 1
Apesar de ser muito lembrada como fornecedora de motores de Brabham e Williams em momentos distintos, a ligação da BMW com a categoria é ainda mais antiga. A marca esteve presente em momentos esporádicos dos anos 1950 através de competidores privados, que se inscreviam com carros do pré-guerra da companhia alemã. Nos anos 1960, a BMW chegou a inscrever carros por conta própria, mas sem regularidade – ou sucesso.
O retorno só se deu na era turbo. Em 1981, os pequenos e potentes motores alemães passaram a ser gradualmente equipados nos carros da então competitiva Brabham. Depois de algum sofrimento com confiabilidade, o motor mostrou seu valor e levou Nelson Piquet ao título de 1983. Os motores passaram a ser usados por diversas outras equipes até o fim da era turbo, em 1988, quando a BMW se retirou da categoria.
O retorno se deu apenas em 2000, como fornecedora dos V10 da Williams. Os motores eram bastante potentes, mas, apesar das 10 vitórias entre 2001 e 2004, o conjunto nunca foi páreo para a Ferrari de Michael Schumacher na briga por títulos.
A BMW queria aumentar sua participação na F1 e chegou a cogitar comprar a Williams. Com a recusa do time de Sir Frank e uma piora na relação entre fornecedor e cliente, a parceria chegou ao fim de 2005. A empresa, então, buscou um novo parceiro para o ano seguinte, quando começaria a era V8. Para 2006, a BMW adquiriu a Sauber e passou a correr como construtora.
A BMW Sauber
Os carros brancos da BMW Sauber fizeram sua temporada de estreia em 2006, com Nick Heidfeld e Jacques Villeneuve. O campeão de 1997 foi trocado por Robert Kubica na parte final da temporada. Heidfeld e Kubica seriam a dupla definitiva da BMW na categoria até o fim de sua participação - salvo por uma participação isolada de Sebastian Vettel, em 2007, após o famoso acidente de Kubica no Canadá.
Em seu primeiro ano, o time conquistou dois pódios, um com Heidfeld e um com Kubica, e terminou no 5º lugar entre os construtores. Em 2007, também dois pódios, ambos com Heidfeld, mas o carro bem mais competitivo coletou quase o triplo de pontos do ano anterior. Na pista o time terminou em 3º, atrás apenas de Ferrari e McLaren, mas a desclassificação da equipe inglesa após o escândalo de espionagem promoveu a equipe teuto-suíça ao 2º lugar.
2008 começou com expectativas altas para a BMW Sauber. E os resultados começaram a aparecer logo de cara. Em duas etapas, a equipe repetiu os dois pódios que havia conquistado em cada uma das duas temporadas anteriores.
Logo na primeira corrida do ano, na Austrália, Heidfeld conquistou o 2º lugar, atrás de Lewis Hamilton. Kubica largou da primeira fila, mas abandonou após acidente com Kazuki Nakajima. Na etapa seguinte, na Malásia, foi a vez de Kubica chegar ao segundo degrau do pódio, somente atrás de Kimi Raikkonen. Heidfeld foi o 6º.
O fim de semana do GP do Barein
A BMW Sauber chegou ao Barein como 2ª na tabela de construtores, com 19 pontos, atrás da McLaren, que tinha 24. A Ferrari tinha apenas os 11 pontos de Raikkonen após Felipe Massa zerar nas duas primeiras corridas.
Na classificação, Kubica conquistou a pole position com vantagem de apenas 0s027 sobre Massa. Foi a primeira do piloto polonês e da equipe alemã – e viria a ser a única de ambos. Heidfeld se classificou em 6º, 0s6 atrás do colega.
Kubica largou mal, perdendo a liderança para Massa logo na partida. Na terceira volta, Raikkonen também superou Kubica e pulou para 2º. A ordem Massa-Raikkonen-Kubica se manteve até a bandeirada. Se Kubica perdeu duas posições em relação à largada, Heidfeld fez o contrário: o alemão superou Jarno Trulli e Heikki Kovalainen e terminou em 4º, logo atrás do colega.
Os 11 pontos conquistados pela dupla levaram o time aos 30 pontos na tabela de construtores. A Ferrari, com sua dobradinha, pulou para 29. Já a McLaren, então líder, pontuou apenas com Kovalainen em uma má apresentação de Hamilton e chegou aos 28 pontos. Campeonato totalmente embolado, com a BMW Sauber na liderança pela primeira vez na história.
E depois?
A liderança entre os construtores durou pouco, mas a equipe seguia no páreo. Já na etapa seguinte, na Espanha, a BMW pontuou apenas com Kubica, 4º, e viu outra dobradinha da Ferrari, que assumiu a ponta. A equipe acumulou mais alguns pontos, até viver seu auge na sexta etapa daquele campeonato, no Canadá.
Em Montreal, a BMW conquistou sua primeira (e única) vitória, com direto a dobradinha. Kubica venceu a corrida com Heidfeld em 2º. O resultado histórico fez o polonês alcançar a liderança do Mundial de F1 (42 pontos, contra 38 de Massa e Hamilton e 35 de Raikkonen), enquanto a BMW se viu em 2º, apenas três pontos atrás da Ferrari (73 x 70).
A BMW estava totalmente viva na briga pelos dois títulos. Foco total na chance de vencê-los, certo? Errado. Na metade do ano, a equipe tomou uma decisão controversa: virou seu foco para o carro de 2009, quando a Fórmula 1 passaria por uma mudança profunda de regulamento, e desacelerou o desenvolvimento do bom F1.08. Com a opção, a equipe foi ficando para trás no campeonato de 2008, e Kubica e Heidfeld assistiram de longe a clássica briga entre Hamilton e Massa. No total, a equipe somou 11 pódios naquele ano, além da vitória e da pole solitárias de Kubica.
Pior: o foco em 2009 não se pagou. O carro não nasceu bem e a equipe terminou com os mesmos dois pódios e 36 pontos de 2006, mas em 6º entre os construtores. Um retrocesso enorme em relação aos anos anteriores, que, somado à crise econômica mundial fez o conselho da empresa tomar a decisão de abandonar a categoria ao fim daquele ano e revender a operação à Peter Sauber.
Talvez o destino fosse outro caso a equipe tivesse focado sua atenção na briga pelos títulos de 2008. Era possível brigar até o fim. Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu...