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1990: Quando o Brasil quase não teve o seu GP de F1

Diante das condições dos últimos dias, muita gente, principalmente no exterior, questionou a realização do GP de São Paulo. 1990 foi pior.

2 nov 2022 - 14h46
(atualizado às 16h28)
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Mesmo com tudo dando contra, o GP do Brasil de 1990 aconteceu....
Mesmo com tudo dando contra, o GP do Brasil de 1990 aconteceu....
Foto: F1 Images / Twitter

Muita gente com razão pôs em dúvida a realização do GP de São Paulo por conta das últimas movimentações pelo Brasil após as eleições. Após as imagens dos equipamentos dos times retidos nos caminhões nas estradas, houve uma comoção especialmente em vários perfis estrangeiros nas redes sociais, questionando se haveria condições de realização da corrida.

Os brasileiros, bastante ativos, já trataram de acalmar. Entretanto, nestas horas aparece a famosa má vontade que muita gente tem com o Brasil. Mas devemos lembrar que este ano a F1 já chegou a correr com mísseis caindo a poucos quilômetros da pista na Arabia Saudita. Olhando para trás, já tivemos várias outras situações limite. Em 1977, soldados do Exército estavam dentro dos boxes do Autódromo de Buenos Aires para garantir a segurança.

O Brasil já esteve nesta situação. Olhando para trás, a edição brasileira do GP esteve muito mais em risco do que a de 2022. Voltemos para 1990.

Por conta da não-renovação do acordo com o Rio de Janeiro por questões políticas e financeiras (o acidente de Phillip Streiff teve impacto reduzido na questão. Mas os pedidos de propina e a negativa de realização de obras profundas em Jacarepaguá foram determinantes), a F1 considerou buscar outro lugar para completar o calendário. Naquela época, a fila para receber a categoria era enorme...

Graças à tenacidade de Piero Gancia, Presidente da CBA, a Prefeitura de São Paulo, então comandada por Luiza Erundina, comprou o projeto de reformar Interlagos para receber a F1. Indo contra a orientação de seus correligionários, alguns até defendiam a transformação do Autódromo em conjunto habitacional, Erundina firmou uma parceria com a Shell e fez uma profunda transformação em Interlagos em pouco mais de 90 dias.

Telex enviado por Piero Gancia, então Presidente da CBA, para Luiza Erundina sobre a questão do GP
Telex enviado por Piero Gancia, então Presidente da CBA, para Luiza Erundina sobre a questão do GP
Foto: CEDEM/UNESP

Em tempo: o acordo com a Shell, que previa que a petroleira pagaria a reforma em troca da cessão de terrenos pela Prefeitura, foi devidamente torpedeado na Câmara Municipal, com a ajuda do Partido da Prefeita. O Município teve que assumir a conta e somente foi prevista para pagamento em 2020. Um valor de R$ 15 milhões se transformou em R$ 60 milhões.

Tamas Rohonyi, Bernie Ecclestone, Luiza Erundina e Piero Gancia reunidos na Prefeitira de São Paulo para assinar o contrato para o GP do Brasil
Tamas Rohonyi, Bernie Ecclestone, Luiza Erundina e Piero Gancia reunidos na Prefeitira de São Paulo para assinar o contrato para o GP do Brasil
Foto: agendadaprefeita.wordpress.com

Por conta da briga entre Senna x Balestre no fim do campeonato de 1989, a fiscalização acabou sendo mais forte e as obras passaram por questionamento da FIA. Tudo isso com o Brasil passando por um intenso processo eleitoral e uma hiperinflação que ultrapassava os 50% mensais.

Mesmo com muita coisa contra, o GP foi confirmado. E os trabalhos foram seguindo. Inclusive com a intervenção de Ayrton Senna, que sugeriu a criação de um S, ligando a Reta dos Boxes até a Curva do Sol. O que seria inicialmente um trecho de alta velocidade se tornou uma quebra de velocidade, mas um belo ponto de ultrapassagem.

A inflação chegava a 80% mensais em 1990 e um novo Presidente eleito por voto popular era esperado. 10 dias antes do GP, Fernando Collor assumia a Presidência e baixava o plano econômico apelidado com seu nome e que simplesmente congelou o país. Estima-se que 30% dos ativos monetários brasileiros foram indisponibilizados. Empresas e pessoas quebraram.

Foi este cenário que a F1 encontrou ao chegar em São Paulo. Simplesmente chegou-se ao ponto que os mecânicos não tinham como trocar moeda estrangeira. Junte a isso ao clima beligerante com Jean Marie-Balestre, presidente da FIA, ainda por conta de Senna. O francês chegou à petulância de mandar uma carta ao Presidente Collor pedindo “garantias de vida”.

Diante deste quadro, houve pedidos para que a prova não acontecesse. Alguns inclusive questionaram as obras inacabadas, o que poderia dar problemas de segurança. Mas Bernie Ecclestone bancou tudo, juntamente com Piero Gancia.

Mesmo com todo este cenário e com um Interlagos ainda por coisa por terminar, a FIA deu o OK e tivemos o GP. Portanto, diante disso, já tivemos uma situação mais beligerante e complicada para sediar uma prova. A situação de 2022 é muito mais tranquila.

Parabólica
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