A bolha das criptomoedas parece estourar. E pode sujar a F1
Os mercados de criptomoedas tem sido uma fonte importante de renda para a F1. Mas os tempos não tem sido bons para as empresas
Neste nosso mundo atual, tudo está interligado. Alguns até chamar o tal do “efeito borboleta” para explicar, segundo o bater de asas de uma borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas. E aqui temos mais um caso.
Não é de hoje que as criptomoedas (os bitcoins da vida) vem tomando um espaço grande na economia. A cada dia, vemos novos tipos surgindo e fortunas sendo feitas e desfeitas em um piscar de olhos. Quem vem surfando nesta onda são empresas que tratam destas moedas.
Sabemos que a F1 é uma máquina de negócios. E sempre está à busca de empresas que a banque. Afinal, é uma bela plataforma de marketing: tem uma bela exposição para boa parte do mundo e permite realizar muitas estratégias de relacionamento. É a fome com a vontade de comer.
Depois de aproveitar a indústria tabagista, financeira, TI, telecomunicações, petroleiras e outras, a F1 viu que o mercado de criptomoedas poderia ser uma bela fonte de renda. E as empresas têm observado o aumento de popularidade da categoria, especialmente entre o público mais jovem. Quando os dispostos se atraem, sai de baixo.
Nos últimos tempos, temos visto um belo desembarque: Crypto.com (Aston Martin e a F1), FTX (Mercedes), Binance (Alpine), Bybit (Red Bull) , OKX (McLaren), Lif3.com (AlphaTauri), Aximtrade (Alfa Romeo). A Ferrari tem contato com este grupo através da Velas, empresa que cuida de sistemas de blockchains (por onde são feitas as transações financeiras de bitcoins). Somente Haas e Williams não tem alguma ligação com este ramo.
A F1 gosta de bolsos cheios e estas empresas entregam. Por exemplo: a Red Bull tem um acordo com a Bybit na casa de US$ 50 milhões anuais para que a empresa ponha sua marca nos carros do time. Em uma conta simples, só este contrato cobriria cerca de 30% das despesas dos taurinos de acordo com o teto orçamentário (falamos sobre isso aqui). A Crypto.com paga cerca de US$ 30 milhões anuais para a F1 para ser um de seus patrocinadores principais.
Entretanto, o mercado de criptomoedas é novo e extremamente volátil. Como dissemos antes, grande quantidade de dinheiro é movimentada e fortunas são feitas rapidamente. Um aspecto também é a falta de fiscalização e regularização, o que faz virar um verdadeiro deus nos acuda. Nesta hora, muitos santos são descobertos...
Neste momento, este mercado passa por um grande ajuste, o que impacta várias empresas. No mês passado, algumas notícias deram conta que a Crypto.com estaria revisando seus acordos de patrocínios esportivos por conta das perdas enfrentadas nos mercados. Um exemplo foi a desistência do acordo firmado com a UEFA para patrocínio da Liga dos Campeões, estimado em US$ 495 milhões em 5 anos (eis aqui).
Nesta terça (07/11), o mercado foi balançado pela notícia que uma das gigantes do mercado, a FTX, foi incorporada pela Binance por conta de uma “uma crise significativa de liquidez”. Para se ter ideia, a empresa teve saques de US$ 6 bilhões até 72 horas antes do anúncio do acordo. E o que isso tem a ver? A FTX é uma parceria da Mercedes desde 2019.
Não seria a primeira vez que a F1 se veria diante de uma bolha de algum ramo econômico estourando (alguns dirão que é "um movimento de consolidação do mercado"). Agora, a categoria está em um cenário que talvez poderia passar sem muitos problemas sem estes. Mesmo com teto orçamentário, dinheiro sempre faz falta e com uma desaceleração econômica mundial apontando no horizonte, é algo preocupante.
A F1 já morreu algumas vezes neste ponto e vai bem, obrigado. A observar os próximos passos.