Andretti dá golpe de mestre em sua jornada para entrar na F1
Contratação de Pat Symonds, uma das cabeças por trás da F1 atual e 2026, é mais um passo da Andretti, deixando a Liberty sem motivos
Muitos dizem que acompanhar os bastidores da F1 tem sido mais animado do que dentro da pista. Dados todos os acontecimentos do início do ano até agora, não dá para discordar. E uma das histórias mais interessantes a acompanhar é a saga da Andretti para entrar na F1.
Após a negativa por parte da Liberty Media de seu acesso na F1, que incluiu até um correio eletrônico que teria ido para a caixa de spam, a Andretti deu início a uma saga em várias frentes que vem deixando cada vez mais a Liberty Media e os demais times em uma situação difícil de negar. Falamos disso aqui.
Após a carta dos deputados, a Andretti seguiu com suas ações nos campos político e técnico. Por enquanto, uma das comissões da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos pode sim iniciar uma investigação sobre as práticas de possível monopólio por parte da Liberty. E a Newsweek, importante publicação, informou na terça (21) que o mesmo grupo de deputados que encaminhou a carta à Liberty teria pedido ao Presidente Joe Biden que o Departamento de Justiça investigasse a F1.
Mas o principal movimento dos Andretti veio pelo lado técnico. O time anunciou que estaria trazendo mais um profissional para seu grupo: Pat Symonds.
Não é uma contratação qualquer: o técnico, cuja foto está acima deste parágrafo, com vivência em Toleman, Benetton, Renault e Williams, atualmente é o todo-poderoso responsável técnico da F1 e foi quem deu as cartas do regulamento atual da categoria e das regras de 2026.
Com a iminente divulgação do regulamento técnico de 2026, Symonds teria pedido sua saída imediata logo após o GP da Emilia Romagna. Inicialmente, a expectativa era que anunciaria a sua aposentadoria, já que completará 71 anos no próximo dia 11 de junho. Entretanto, horas depois, a Andretti Global comunicou a contratação de Symonds como “Consultor Executivo de Engenharia”, tão logo o período de quarentena com a F1 terminasse.
Seria mais um prego no caixão das alegações da Liberty Media que a Andretti “não agregaria valor para a categoria”. Além da presença da General Motors através da Cadillac, e da base na Inglaterra (que mesmo para os padrões da F1 é pequena). Agora o time teria uma das mentes do novo regulamento de 2026 em suas fileiras, provavelmente a partir do próximo ano.
O fato é que a Liberty se vê cada vez mais apertada, pois tem verdadeira alergia a investigações governamentais e a proposta que circulou da introdução de uma possibilidade de “equipe trainee” foi tida como uma verdadeira piada pelos fãs de F1 e uma forma de tentar driblar possíveis acusações de formação de cartel.
O novo acordo comercial está em fase final de conclusão e a Andretti joga de forma a tentar influir no processo para garantir a sua entrada, já que a FIA, entidade que administra esportivamente a F1 e em última instância é a dona da F1 (a Liberty é dona da marca e dos direitos comerciais), deu o seu ok. A questão da taxa de entrada não foi mais falada, mas há um consenso que ficaria em US$ 600 milhões.
A Andretti hoje faz movimentos que demonstram para o respeitável público que tem condições financeiras, técnicas e ainda com o apoio do público para entrar na F1. A Liberty Media e as equipes têm motivos para que não entre nenhuma equipe na F1, salvo se for para assumir o lugar de uma atual (falamos disso aqui no ano passado). Porém, as condições estão se fechando para que uma 11ª equipe entre e esta seja a Andretti. Só que não terá vida fácil.
Um exemplo dessa postura é a má vontade observada após o término do acordo para fornecimento de motores e câmbio com a Renault. Hoje, o regulamento de motores foi alterado de tal forma que ficaria difícil para que a Andretti fizesse um acordo com a Renault e colocasse outra marca no motor. Como explicar um Andretti-Cadillac-Renault? (OK, já tivemos uma BMW Sauber Ferrari, mas os tempos eram outros).
As negociações estão em curso e teremos novidades em breve, já que os Andretti também estão dispostos a abrir uma frente na União Europeia, que tem muito mais alergia ainda aos termos cartel e monopólios. Além de novas contratações. O fato é que ainda veremos muita coisa acontecer e a Liberty vai acabar admitindo que não deixa a Andretti entrar porque os acha feios, bobos e com cara de bolacha.