Arábia Saudita planeja série de garantias para permanecer na Fórmula 1
Segundo o príncipe e ministro do esporte, Abdulaziz Bin Turki Al-Faisal, a Arábia Saudita passa por uma grande mudança cultural no autoritário regime
NADA SOBRE O GP DA ARÁBIA SAUDITA É BOM. O QUE ISSO DIZ SOBRE A FÓRMULA 1? | TT GP #46
O clima tenso instaurado durante todo o final de semana do GP da Arábia Saudita gerou discussões sobre a continuidade da corrida no calendário da Fórmula 1, principalmente após o atentado que causou uma explosão em uma refinaria petrolífera da Amanco, localizada a poucos quilômetros da pista de rua de Jedá. Mas, segundo o príncipe do reino saudita, Abdulaziz Bin Turki Al-Faisal, o país planeja apresentar garantias de segurança e mudanças no regime ditatorial para melhor receber os turistas, com objetivo de prosseguir na categoria nos próximos anos.
"Estamos abertos para sentar, ver onde estão os problemas, quais são as garantias que eles precisam", afirmou em entrevista à revista britânica Autosport e também ao site 'Motorsport'. "O que eles quiserem, estamos aqui para receber a F1 da melhor maneira possível, assim como em qualquer lugar do mundo. Teremos uma discussão aberta com eles para ver qual é o feedback deles, para discutir e ver quais são suas preocupações. Vamos mostrar tudo a eles", prosseguiu.
Na sexta-feira, durante o TL1, uma refinaria da petrolífera estatal, localizada a 10 km do circuito, foi atingida por um míssil em um atentado reivindicado pelo grupo Houthi. Apesar de um atraso de 15 minutos no início do segundo treino livre, as atividades seguiram normalmente em Jedá. O abalo causado na segurança nacional, aliado ao regime autoritário do reinado saudita, acumulou mais críticas sobre a permanência do GP no calendário da F1.
▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
Explosão na refinaria da Aramco abalou Jedá (Foto: Reprodução/Twitter/Waheed0819)
Ainda de acordo com Abdulaziz Bin Turki Al-Faisal, a Arábia Saudita passa por um momento de transformação na cultura do regime, pois mais de 200 leis civis locais foram modificadas para receber a Fórmula 1 em Jedá, e também a Fórmula E, em Diriyah. "A mudança está sendo feita. Hoje, podemos ver mulheres e homens trabalhando de forma coesa em todos os lugares do reino, até mesmo em ministérios, quando antes não tinham permissão para ir a áreas públicas", disse.
O príncipe Abdulaziz acrescentou que as mudanças no regime - para sediar os eventos do esporte a motor - também impactam no turismo local, devido à maior facilidade aos visitantes em conseguir a liberação do visto de entrada na região.
"O primeiro visto de turista aconteceu por causa da Fórmula E. Foi a primeira vez que emitimos vistos de turista por causa desse evento. A partir daí, de repente, passamos de um dos vistos mais difíceis de obter para um dos mais fáceis de adquirir, com [liberação de] vistos para mais de 50 países na chegada e assim por diante", continuou.
Essas modificações e maior abertura aos turistas receberam o apoio da maior parte da população saudita. "No final das contas, há uma movimentação por causa disso. O povo quer isso. Se as pessoas não quisessem isso, não teria acontecido. Mas as pessoas querem isso. Elas estão todas engajadas nas mídias sociais, acompanham o que outros países fazem", revelou Al-Faisal.
Reinado saudita passa por mudanças para garantir melhor segurança e recepção aos fãs (Foto: Red Bull Content Pool)
No entanto, o príncipe reconheceu que o processo de mudança cultural em comparação com as outras nações ainda é lento, por conta da resistência de alguns membros do reinado.
"Somos uma nação jovem. Estamos aprendendo, avançando e temos muito a desenvolver, muito a prosperar e consertar. Todas essas coisas são parte da mudança. Algumas delas podemos mudá-las muito rapidamente. Algumas levam tempo. Mas estamos aqui para ouvir, conversar e discutir", declarou.
Utilizando o automobilismo como ferramenta, o príncipe Abdulaziz desejou que mais pessoas possam ter a oportunidade de conhecer e entender a cultura saudita, principalmente neste momento de transformações no regime. "Ninguém entende o que é a Arábia Saudita. Estamos dizendo para o mundo vir e entender o que é a Arábia Saudita, mas agora estamos sendo acusados de sermos muito abertos. Estamos fazendo as coisas muito rapidamente", salientou.
Com a possibilidade de mais mudanças no futuro e maior número de turistas durante a realização das provas na F1 e Fórmula E, o príncipe Abdulaziz revelou que tem como objetivo tornar o país um ambiente mais acolhedor ao povo saudita e também aos visitantes de todos os cantos do mundo. "Tenho certeza de que muitos políticos visitaram o reino nas últimas semanas e discutiram todas essas questões. Portanto, estamos aqui para seguir em frente e tornar a Arábia Saudita um lugar melhor para viver no futuro", concluiu.
DUELO VERSTAPPEN-LECLERC NA FÓRMULA 1 2O22 É LINDO, MAS SE CONTINUAR O PAU VAI COMER
Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.
