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Aston Martin AMR24: uma evolução ousada para ficar na frente

O time britânico apresenta seu novo carro em Silverstone e mostra soluções interessantes para tentar brigar de fato por vitórias em 2024

12 fev 2024 - 19h29
(atualizado em 13/2/2024 às 20h23)
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Resumo
A temporada de F1 2024 iniciou com o shakedown do VF-24 da Haas dia 02 e a apresentação do AMR24 da Aston Martin dia 12. O carro da Aston Martin foi desenhado tendo como objetivo maximizar a eficiência aerodinâmica e ter um bom desempenho em pistas de média e baixa velocidade.
Lance Stroll fazendo o shakedown do AMR24 em Silverstone
Lance Stroll fazendo o shakedown do AMR24 em Silverstone
Foto: Aston Martin F1 Media

A temporada de apresentações da F1 2024 começou na semana passada, mas pudemos notar um festival de projeções com algumas indicações do que pode ser a “vida real”. Algumas coisas são interessantes, mas ainda ficam mais perguntas do que respostas...

De carros reais, a Alpine foi a primeira a mostrar. A Haas apresentou o VF-24 dia 02, mas o shakedown foi feito no dia 11. A Aston Martin apresentou o AMR24 nesta segunda (12) e logo foi para Silverstone usar a nova regra de 200 km de “dia de filmagem” para verificar o novo carro.

Inicialmente, mais projeções de computador foram apresentadas. Mas logo as imagens de pista apareceram e muita coisa interessante apareceu. Embora tenhamos um regulamento extremamente restritivo, não podemos diminuir o trabalho dos técnicos. Um exército de 300/400 pessoas (por baixo) se debruçam para obter os ganhos nos detalhes. E aqui nós entendemos o trabalho hercúleo da FIA em tentar restringir as brechas (é praticamente 1 técnica da FIA para 10 técnicos das equipes).

O Aston Martin AMR24 se mostra, como bem definiu o Diretor Técnico Dan Fellows, uma evolução. O carro do ano passado mostrou ser um salto de qualidade, mas o desenvolvimento se perdeu na segunda parte da temporada. O modelo deste ano fica claro que usa a base anterior, mas atacando os pontos fracos.

Aston Martin 2023 e 2024: a versão para 24 usa seu antecessor como base, mas ousando mais
Aston Martin 2023 e 2024: a versão para 24 usa seu antecessor como base, mas ousando mais
Foto: Aston Martin F1 Media

O que ficou claro é que o carro tinha um bom desempenho em pistas de média e baixa velocidade. Só que uma coisa que a Aston ficou tendo que lidar toda a temporada foi a baixa velocidade final. Em várias oportunidades vimos Alonso e Stroll na parte de baixo da tabela de velocidades máximas. A Aston Martin bem que tentou resolver um pouco isso, mas os ganhos não foram tão grandes, especialmente no final do ano.

Neste aspecto, o grupo comandado por Dan Fallows procurou trabalhar bastante neste campo. A frente mostra mais curta e um pouco mais alta do que a anterior, bem como spoilers dianteiros com perfis menores. Aliás, pelo menos nesta primeira aparição, o AMR24 tem aerofólios de perfil menor do que antes. Tudo pela eficiência aerodinâmica.

Outro ponto interessante foi o ligeiro arqueamento dos triângulos de suspensão dianteiros. A Aston Martin optou por manter o sistema pushrod na frente (o braço principal vindo do alto do bico do carro), mas mudando bastante a fixação. Isso impacta no que se chama de “anti-mergulho” e está diretamente ligada à dinâmica do carro em curvas e freadas. Em tempos de carros com suspensões duras para tentar se aproveitar ao máximo do efeito solo, é importante que não se perca tanto tempo de reação quando o carro perde velocidade nas freadas...

Comparativo Aston 23 x 24 de frente: um trabalho mais firme na frente para reduzir arrasto, incluindo aerofólios e suspensão
Comparativo Aston 23 x 24 de frente: um trabalho mais firme na frente para reduzir arrasto, incluindo aerofólios e suspensão
Foto: Aston Martin F1 Media

Mas o desenho escolhido acaba por ter uma função de direcionar mais o ar para cima do carro, para tentar reduzir o arrasto e disciplinar o fluxo para o difusor e o aerofólio. Além de jogar mais ar para baixo, para aumentar o efeito do assoalho gerar pressão, bem como potencializar o efeito de jogar o ar para fora do carro para a lateral (o chamado outwash).

O trabalho que chama mais os olhos tenha sido as laterais. A Aston Martin resolveu ir mais além no desenho, basicamente deixando uma pequena abertura para os radiadores e escavando mais ainda as laterais, usando o sistema anti intrusão como referência.

A escolha acaba por tentar direcionar ainda mais o ar por baixo da lateral, tentando levá-lo não só para fora do carro, mas também juntar na parte mais arredondada superior, o chamado “escorregador”, para levar o ar mais limpo para a asa inferior traseira e o difusor (este campo ainda há alguma liberdade para os técnicos usarem alguns flaps para gerar pressão e direcionar fluxos).

Esquema do fluxo lateral da Aston Martin AMR24: uma abertura de refrigeração mais estreita permitindo uma maior escultura da lateral, melhorando o fluxo de ar
Esquema do fluxo lateral da Aston Martin AMR24: uma abertura de refrigeração mais estreita permitindo uma maior escultura da lateral, melhorando o fluxo de ar
Foto: Aston Martin F1 Media

Chama também a atenção o capô mais “justo”, o que ajuda na aerodinâmica. Tudo isso aponta que a Mercedes fez um trabalho firme de reposicionamento da área de refrigeração, embora a abertura sob o piloto siga bem larga, mesmo ligeiramente diferente. Temos que lembrar que, embora as especificações principais sejam congeladas por regulamento, os fabricantes podem mexer em algumas coisas.

E um ponto que a Aston Martin teve que mudar por conta da Mercedes foi a suspensão traseira. O regulamento permitiu que para esta temporada, o desenho da caixa de câmbio pudesse ser mudado (falamos aqui nisso). Esta mudança permitiu que as equipes tivessem maior liberdade para definir suas configurações...

Detalhe da suspensão traseira da Aston Martin AMR24. Mercedes muda, a Aston segue o apdrão
Detalhe da suspensão traseira da Aston Martin AMR24. Mercedes muda, a Aston segue o apdrão
Foto: Aston Martin F1 Media

Só que a Aston Martin, como a Williams, é cliente da Mercedes incluindo todo o trem traseiro. Então o AMR24 adotou a mesma configuração que o W15 usará: pullrod (braço vindo da parte inferior do carro). Isso ajuda bastante a direcionar melhor o ar para a parte traseira, embora a regulagem se torne um pouco mais complicado pelo acesso.

A ver como se comportará na pista com os demais. Mas já de ter colocado para jogo o tradicional verde britânico, já valeu a pena

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