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Aston Martin montadora e time de F1: ambas ligadas por um Stroll

As notícias da venda do time de F1 vão tomando corpo, em um momento em que Stroll vai sendo pressionado na montadora. Que Aston Martin vale?

14 out 2023 - 13h16
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Aston Martin: mesmo nome na F1 e nos carros, mas situações diferentes
Aston Martin: mesmo nome na F1 e nos carros, mas situações diferentes
Foto: Aston Martin F1 / Divulgação

As conversas de que a equipe Aston Martin de F1 estariam a venda começaram a pipocar algumas semanas atrás. Tais rumores começaram a aparecer com a queda de performance do time na temporada, bem como de Lance Stroll. E se avolumaram na última semana com a coluna do respeitado jornalista britânico Joe Saward.

Este espaço havia publicado em dezembro do ano passado um artigo explicando que a situação da montadora Aston Martin e da equipe Aston Martin é bem diversa uma da outra. Enquanto marca britânica completou 110 anos e sobreviveu a 7 falências, a equipe de F1 vai investindo para crescer no grid. Agora, este artigo será praticamente uma atualização do que foi colocado meses atrás.

Para entender todo o contexto que envolve: as duas entidades têm um ponto que as une que é Lawrence Stroll. O bilionário canadense começou isso comprando o espólio da Force India em 2018, desembolsando cerca de US$ 120 milhões. No início de 2020, comandou um consórcio que assumiu o controle da montadora.

Lawrence e Lance Stroll na festa de apresentação do AMR22, junto de Martin Whitmarsh (CEO do time de F1). Pai e filho estão na berlinda na F1 e nos negócios
Lawrence e Lance Stroll na festa de apresentação do AMR22, junto de Martin Whitmarsh (CEO do time de F1). Pai e filho estão na berlinda na F1 e nos negócios
Foto: Aston Martin F1 / Divulgação

Este movimento não era algo estranho à Stroll. Afinal de contas, esta é uma de suas especialidades: pegar empresas na baixa e recuperá-las. Sua visão é que a Aston Martin era um nome forte perante ao público e que valia a pena ser recuperada.

Como até escrevi no artigo anterior, Stroll buscava um nome forte para trazer para o seu time de F1. Quis a Lola, namorou a Brabham mas fechou com a Aston Martin. E a partir de 2021, a então Racing Point passou a ter o nome da montadora britânica. Desde 2020 esta opção já existia e o principal acordo entre as partes é de patrocínio. De acordo com os documentos apresentados na The Companies House (órgão do governo britânico), a Aston Martin despeja cerca de £20 milhões anuais no time (pouco mais de US$ 24 milhões ao câmbio atual).

Descritivo no Balanço de 2022 da equipe de F1 sobre o apoio oficial da Aston Martin ao toime
Descritivo no Balanço de 2022 da equipe de F1 sobre o apoio oficial da Aston Martin ao toime
Foto: The Companies House

Nestes mesmos documentos, deixa claro que a aproximação entre as partes é motivada pelo fato de um elemento controlador do time de F1 ter um papel muito importante no comando da montadora. Quem entendeu que aqui se trata de Lawrence Stroll, ganha um sincero voto de parabéns pela astúcia.

O artigo publicado esta semana por Joe Saward deixou muita gente confusa e deu a entender que poderia haver uma mudança de comando no time, inclusive com uma marca chinesa assumindo o comando e podendo incluir Guanyu Zhou como um dos pilotos. Desta forma, segue um esclarecimento...

Aston Martin, a montadora de 110 anos

O consórcio comandado por Lawrence Stroll, o Yew Tree (uma árvore das mais antigas do norte da Europa), tem atualmente 26,63% das ações da Montadora Aston Martin e é o maior acionista individual. Por este motivo, tem direito a indicar o comando do Conselho de Administração. Lawrence Stroll é o Presidente e o atual CEO é Amadeo Felisa, italiano de 77 anos, que ocupou esta mesma função na Ferrari de 2008 a 2016.

O Fundo Soberano Saudita entrou como acionista em 2022 e na época era o segundo maior acionista da marca. Mas como a situação financeira foi ficando apertada por conta dos pesados investimentos feitos para financiar a renovação da marca e a modernização da fábrica de Gaydon (Inglaterra), novas capitalizações foram feitas e a chinesa Geely entrou como acionista no 2º semestre de 2022.

Dona da Volvo e da Lotus, os chineses entraram inicialmente com uma participação de 7,6% na Aston Martin. Porém, com um apetite imenso, a Geely aproveitou que as ações estava em baixa e quis começar uma frenética compra para poder assumir o controle da marca. Por conta do acordo de acionistas, forçou não só o grupo de Lawrence Stroll e outros participantes a também comprar ações. Tanto que chegou a um ponto que o Yew Tree chegou a ter quase 30% das ações.

Variação do preço das ações da Aston Martin na Bolsa de Londres no último ano
Variação do preço das ações da Aston Martin na Bolsa de Londres no último ano
Foto: London Stock Exchange

Mas diante de novas necessidades de capital para refinanciar obrigações e para serenar os ânimos, novas idas ao mercado foram feitas em maio e julho. Com isso, Stroll ficou com 26,6% das ações, com a Geely sendo a segunda maior acionista com 16,6% e os sauditas com 16,4%. Nestas idas e vindas, a Mercedes-Benz, que chegou a ter sua participação diluída em menos de 2%, hoje tem 8,5% da Aston Martin.

Este acordo de acionistas é válido até agosto de 2024 e até lá, a Geely se comprometeu a não ter mais de 22% das ações, o que poderia detonar um processo de nova recompra de ações e poderia levar a uma mudança de comando.

Aston Martin, a equipe de F1 de 3 anos

E a equipe de F1 com isso? O impacto pode ser quase zero.

E por que?

No caso da F1, este é um projeto pensado por Lawrence Stroll. Legalmente, o acordo com a Aston Martin é de patrocínio. Há a opção da montadora ter 5% das ações da equipe, bem como a petroleira Aramco ter até 10% do capital do time.

No balanço de 2022, mais uma vez aparece a opção de que a montadora para ter até 5% das ações do time da F1
No balanço de 2022, mais uma vez aparece a opção de que a montadora para ter até 5% das ações do time da F1
Foto: The Companies House

Caso a Geely viesse a assumir o controle da Aston Martin, o máximo que poderia acontecer é o grupo chinês rever o apoio ao time, tal como a Alfa Romeo está fazendo com a Sauber, ou ainda fazer uma proposta para assumir a operação de competições.

No balanço de 2021, a empresa informa que o acordo de patrocínio com a Aramco prevê a possibilidade de aquisição de parte do capital da empresa pelos sauditas
No balanço de 2021, a empresa informa que o acordo de patrocínio com a Aramco prevê a possibilidade de aquisição de parte do capital da empresa pelos sauditas
Foto: AMR GP / The Companies House

Stroll comanda o time com mão de ferro desde o início e só tinha mais um Diretor, Silas Chou, seu velho sócio no ramo de moda e que saiu do time no final de julho deste ano. Seu posto foi assumido por Anthony Indaimo, advogado com experiência na categoria (já esteve na lista dos 100 mais influentes) e que faz parte de um pesado escritório de direito localizado na Inglaterra. Esta troca levantou a questão de alguns: por que a equipe estaria fazendo uma mudança deste tipo?

SUDERJ informa: sai Silas Chou e entra Anthony Indaimo na diretoria da equipe de F1
SUDERJ informa: sai Silas Chou e entra Anthony Indaimo na diretoria da equipe de F1
Foto: The Companies House

O fato é que a equipe ainda não dá lucro e um grande investimento vem sendo feito em uma nova fábrica, que estará totalmente completa em 2024. Este movimento levou a um empréstimo de £200 milhões a ser pago em 5 anos. Mas pegando pelos últimos anuncios, podemos estimar que a Aston Martin F1 é avaliada em cerca de US$ 1 bilhão.

Em um movimento, até se imagina que Lawrence Stroll poderia vender parte do time ou totalmente para poder não só capitalizar a montadora, mas como realizar seu investimento. Como citamos antes, o investimento em 2018 foi de US$ 120 milhões. Mesmo com o valor desembolsado até aqui, uma venda agora o faria ter um belíssimo lucro.

Foto da nova Sede da Aston Martin
Foto da nova Sede da Aston Martin
Foto: Aston Martin F1 / Divulgação

Mais um motivo para ver sentido na fala dada por Lawrence Stroll na semana passada quando do anúncio da entrada da Aston Martin nas categorias principais do FIA WEC e no IMSA em 2025. O empresário falou que não via motivo na entrada de mais um time na F1 justamente pelo fato do formato atual está funcionando bem. “Se não quebrou, não mexa”, foi o termo usado por ele.

A alegação é que um novo time atrapalharia na formação de valor para as equipes atuais, que tiveram problemas sérios em 2020 com a COVID. Mesmo com a valorização das cotações da F1 em NY com o anúncio da aprovação da Andretti pela FIA. Neste quadro, interessa a Stroll como homem de negócios ter seus interesses com o máximo de valor possível.

Descartar uma possível venda não é viável. Mas misturar a montadora com o time de F1 são coisas bem diferentes e Stroll sabe muito bem disso, mesmo com o seu filho sendo tão questionado...

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