Binotto sobre a Ferrari: “Tivemos que tirar uma grande diferença”
Em entrevista à Auto Motor und Sport, Mattia Binotto faz um balanço da temporada da Ferrari e procura manter o otimismo diante dos fatos
Em época de férias da F1, o publico fica seco por novidades. E Mattia Binotto deu uma entrevista interessante com ligeira avaliação do que foi feito na temporada da Ferrari até aqui à Auto Motor Und Sport
De certa forma, Binotto não se esquivou da responsabilidade e reconheceu que a Ferrari perdeu chances ao longo da temporada. Porém, busca mostrar o grande salto que a equipe deu nos últimos anos para chegar ao ponto atual. Especialmente, no que se refere aos motores.
Segundo ele, a Ferrari teve que fazer um trabalho maior do que a Honda para poder chegar a um nível competitivo. Os italianos partiram para uma estrutura totalmente nova, ao invés da filosofia japonesa/taurina de usar uma base existente. Isso fez adotar uma postura mais agressiva no desenvolvimento para o desempenho. E a conta foi paga em algumas provas.
Como o desenvolvimento de motores também foi restringido pela limitação do uso de dinamômetro na fábrica, as novas UP tiveram mexidas para resolver os problemas. As unidades 2 e 3 tiveram modificações na parte de combustão. E não se descarta o uso de novas unidades no fim da temporada. Binotto considerou o trabalho feito como o maior em seus 27 anos de Ferrari.
Neste sentido, Binotto confirmou que o novo sistema elétrico deverá vir na segunda fase do campeonato (afinal, o congelamento do desenvolvimento de baterias e controle eletrônico é em 01/09) e é visto como uma “oportunidade” para uso. O entrevistador até cita a Mercedes no ano passado como um “exemplo de esperança”. Mas Binotto, embora reconheça o exemplo, ainda tem cautela.
Sobre a proximidade dos carros de Red Bull e Ferrari, o chefe de equipe vê que ambos fazem um trabalho semelhante, embora com filosofias diferentes. A grande diferença aí é o trabalho feito no fundo dos carros, de onde vem a grande parte da pressão aerodinâmica deste ano e onde não se vê. Só que os detalhes estão desequilibrando para o lado dos taurinos.
Ainda sobre os detalhes, Binotto diz que a melhora da Ferrari não é do dia para a noite. Foi um trabalho iniciado em 2017, mas que foi acelerado em 2020. Como o projeto teve erros e o motor foi bem mexido por conta do “acordo secreto” com a FIA, houve uma revisão muito grande. O congelamento de especificações estabelecido por conta da COVID em 2021 ajudou no processo.
Estas duas temporadas levaram a uma reestruturação forte de processos e pessoas. O novo simulador e a modernização e calibração do túnel de vento foram peças importantes para o desempenho atual. Mas a Ferrari sabe que ainda precisa fazer mais para poder consolidar o trabalho feito nos últimos anos.
No final, Binotto foi perguntado sobre os novos regulamentos de motores para 2026 e a chegada de novos fornecedores. A resposta foi diplomática, porém há um recado: “Não estamos com medo. Mas a Ferrari esteve lá desde o início. Acho que sabemos o que é bom para o futuro da F1. Nossa voz é uma voz importante. Os recém-chegados são bem-vindos, mas não devem ser mais relevantes que a Ferrari. Por que demora tanto tempo? Porque estamos negociando o futuro do nosso negócio. É sobre o caminho entre 2026 e 2030. Também temos que levar em conta para onde a indústria automobilística está indo. É correto levar o tempo necessário para chegar ao melhor resultado ou, digamos, ao melhor compromisso. Porque no final será sempre um compromisso.”
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