Bottas opta pela Alfa Romeo na F1; Melhor para quem?
Duas vezes vice-campeão, dono de nove vitórias e 17 poles, o finlandês surpreendeu ao preferir a decadente Alfa Romeo à emergente Williams
Enfim, confirmou-se a saída de Valtteri Bottas da Mercedes – o que traz embutido o ingresso do inglês George Russell na equipe alemã. Nenhuma surpresa, a troca estava mais evidente a cada dia. A surpresa foi Bottas preferir a Alfa Romeo à Williams.
Apesar de sua história gloriosa, a Alfa Romeo é hoje a penúltima colocada no campeonato mundial de construtores, com apenas três pontos conquistados em 13 corridas e de 2014 para cá, nunca passou da oitava posição na tabela. Para o time, a chegada do finlandês é um excelente negócio, já para Bottas representa um enorme passo atrás.
Talvez a razão dessa decisão seja financeira, talvez ele realmente acredite na ressurreição da Sauber, chefiada pelo francês Frederic Vasseur, que comandava a equipe ART quando ele correu e venceu na GP3. Há, porém, quem veja em sua escolha a determinação de romper definitivamente os laços com a Mercedes de Toto Wolff – a Williams não chega a ser satélite da equipe alemã, mas gravita em torno dela.
Foi lá que Bottas começou sua carreira na F1, em uma época em que a Williams ainda era uma boa rampa de lançamento para um jovem que, como ele, havia dominado a GP3 em 2011. Sua temporada impressionou Toto Wolff, então acionista e membro do comitê decisório da Williams. Em 2013, passou de piloto de testes a titular e, em três anos conquistou nove pódios para a equipe inglesa e granjeou a imagem de piloto rápido e consistente. Em 2017, foi o escolhido de Wolff para substituir Nico Rosberg na Mercedes-Benz, iniciando uma trajetória em que, várias vezes, foi obrigado a se sacrificar em prol de seu companheiro Lewis Hamilton.
Como a substituição de Bottas por George Russell é certa, restam agora três vagas na F1: duas na Williams e uma na Alfa Romeo. Na equipe inglesa, é quase certa a continuidade do canadense Nicholas Latifi. Para o outro carro, a escolha será entre o anglo-tailandês Alex Albon, ex-Red Bull, e o talentoso novato holandês Nick de Vries, que faz parte da academia da Mercedes e tem sua carreira dirigida por Toto Wolff. Para o segundo carro da Alfa Romeo, os candidatos são o italiano Antonio Giovinazzi, e os novatos Calum Illot e Theo Pourchaire, que já mostraram muito potencial na Fórmula 2, além de Albon e de Vries, que figuram nas listas das duas equipes.
O mais cotado parece ser Giovinazzi, que está na equipe desde 2019 e conquistou o único ponto da Alfa Romeo neste ano com o 10º lugar em Mônaco. O italiano vem mostrando forte evolução e suas chances se reforçam com a afirmação do chefe da Alfa Romeo, Frederic Vasseur, de que a introdução do novo regulamento no ano que vem vai exigir pilotos experientes. E por mais que Bottas reúna todas as qualidades desejáveis, lhe faltará o conhecimento da equipe – o que pode ser suprido pela vivência que Giovinazzi amealhou nesses três anos.
A falta de experiência reduz as possibilidades de Nick de Vries à Williams, que também avalia duas estrelas da F2: o chinês Guanyu Zhou e o neozelandês Oscar Piastri. Zhou, que já mostrou potencial em treinos na F1, representar a porta de entrada no rico mercado empresarial da China. Já Piastri, a melhor promessa dos últimos tempos, é visto como um futuro campeão mundial, uma aposta tão certeira como a feita pela Red Bull em Max Verstappen.
Com a revelação do destino de Bottas e de Russell, a dúvida que fica é quem vai vencer essa disputa: a experiência, o potencial de mercado ou o talento.