Câmbio: a ultima grande área de ganho de desempenho na F1
Com o desempenho dos carros bem próximos, as regras abrem chance de que a caixa de câmbio gere grande ganho de desempenho para a F1 2024
As equipes de F1 encontram-se na fase final de definições de seus projetos para 2024. Todos os times técnicos estão usando o final do penúltimo período de testes aerodinâmicos previstos para o ano e já de acordo com a classificação do campeonato de construtores do primeiro semestre (falamos nisso aqui).
As possibilidades de grandes ganhos com a aerodinâmica são cada vez menores. Afinal de contas, agora a F1 está no meio do ciclo do regulamento técnico e as regras do jogo são do entendimento geral. Agora, deveremos ver um festival de cópias da Red Bull, que foi o conceito que vem se mostrando o mais efetivo até aqui.
Porém, há um item que as equipes poderão trabalhar com mais cuidado para poder ter ganho aerodinâmico para 2024. Afinal de contas, seu projeto impacta não só no desenho do carro, mas também na distribuição: a caixa de câmbio.
Desde quando Colin Chapman veio com o Lotus 49 em 1967, a caixa de câmbio acabou por ganhar uma importância muito grande para um monoposto, especialmente com tração traseira. Posteriormente, sua formatação é determinante para a definição da aerodinâmica da parte de trás do carro. Afinal, ele impacta na instalação da suspensão bem como no desenho do difusor, por mais que sua área seja definida pelo regulamento técnico.
Por regulamento (Capítulo 9 do Regulamento Técnico), a caixa de câmbio tem que pesar pelo menos 22 kg e tem suas dimensões definidas, incluindo engrenagens. Mas mesmo com estas limitações, há uma liberdade para a definição de algumas formas...
As regras preveem que o câmbio passa pela mesma situação das unidades de potência: estão com desenvolvimento congelado até 2025 e só podem ser modificadas por questões de custo, confiabilidade ou em caso de descontinuidade de fornecimento de materiais, processos ou impactos à saúde ou segurança. Porém, há uma janela....
Pelo mesmo item que prevê o congelamento do desenvolvimento do câmbio, há a permissão de que, pelo menos uma atualização pode ser feita durante o período 2022/2025, desde que após 2 temporadas seguidas. (item 9.5).
Vários técnicos dizem que os ganhos de performance da caixa de câmbio são muito poucos. Não é à toa que se fala no próximo regulamento que poderá inclusive haver uma padronização de itens (que foi cogitada em 2019 e o processo da FIA foi parado). Mas isso se trata da performance mecânica e não aerodinâmica...
Hoje, os times podem comprar todo o trem traseiro ou desenvolverem seus próprios câmbios. A Alfa Romeo/Sauber faz uma opção curiosa desde o ano passado: toda a parte interna é da Ferrari, mas o invólucro da caixa é feito pela equipe justamente para tentar otimizar a parte aerodinâmica.
Equipes que compram seus itens de outras (ex: Williams e Aston Martin compram o trem traseiro da Mercedes) acabam tendo que levar estes conceitos em seus projetos. Além de ter este valor descontado do teto orçamentário, já que optaram por não fazer o desenvolvimento destes itens. Mas se os fornecedores atualizarem, tem que ceder a todos os seus clientes.
Desta forma, os times tiveram sua grande chance de decidir se faziam suas próprias caixas de câmbio ou acreditavam na melhoria de seus fornecedores. Afinal de contas, talvez este seja o último grande campo de ganho dramático de desempenho aerodinâmico, seja pela originalidade ou pela simples busca da cópia do conceito que funciona...