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Campeão, Verstappen consolida troca de guarda e fim da dinastia Hamilton na F1

Pela primeira vez desde 2016, a Fórmula 1 conhece um novo campeão. Max Verstappen, que naquela temporada conquistou sua primeira vitória no Mundial, chega ao Olimpo depois de destronar o maior de todos, Lewis Hamilton

12 dez 2021 - 12h01
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Lewis Hamilton e Max Verstappen se cumprimentam após decisão histórica em Abu Dhabi
Lewis Hamilton e Max Verstappen se cumprimentam após decisão histórica em Abu Dhabi
Foto: Lars Baron/Getty Images/Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

F1 EM ABU DHABI: VERSTAPPEN PASSA HAMILTON NO FIM E É CAMPEÃO! | Briefing

O que parecia um devaneio nesta época de era híbrida dominada pela Mercedes desde 2014 na Fórmula 1 se tornou realidade neste histórico domingo, 12 de dezembro. Novo campeão mundial depois de um inacreditável GP de Abu Dhabi definido na última volta, Max Emilian Verstappen alcançou o Olimpo do esporte a motor, quebrou várias barreiras de uma vez e, literalmente, fez história aos 24 anos, 2 meses e 12 dias. O primeiro novo campeão desde Nico Rosberg em 2016, o primeiro holandês detentor do título mundial e também o homem capaz de levar a Red Bull ao topo da categoria pela primeira vez em oito anos, desde Sebastian Vettel em 2013. Porém, talvez mais importante ainda foi ter quebrado a sequência de títulos da Mercedes, que desde medos da década passada sempre viu um dos seus pilotos chegar ao título, e de Lewis Hamilton, o maior e mais importante piloto da história da F1, que enfileirou quatro taças do mundo em série entre 2017 e 2020.

Tudo isso elencado acima, por si só, já reflete o enorme valor do feito alcançado por Verstappen e pela Red Bull. A poderosa Ferrari, por exemplo, sempre lutou e gastou milhões de euros para bater de frente contra a Mercedes e tentar tirar a rival do trono, mas fracassou quando trouxe Vettel e tenta se reerguer com uma rejuvenescida dupla formada por Charles Leclerc e Carlos Sainz, comandada por um contestado chefe Mattia Binotto. Em contrapartida, a equipe das bebidas energéticas, liderada por Christian Horner e Helmut Marko, virou seu foco para Max Verstappen desde 2018 e o elegeu para o projeto ambicioso de voltar ao topo do esporte. No fim das contas, deu tudo certo.

Verstappen campeão representa também a troca de guarda na Fórmula 1. É o primeiro detentor de título mundial de uma geração talentosa demais composta também por nomes como Leclerc, Sainz, Esteban Ocon, Pierre Gasly, George Russell, Mick Schumacher e o mais novo deles, Lando Norris. Max também é o primeiro campeão do mundo desta geração pós-Michael Schumacher, cheia de pilotos que não chegaram a competir com o heptacampeão.

Campeão mundial, Verstappen festeja título com a Red Bull (Foto: Lars Baron/Getty Images/Red Bull Content Pool)

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De todos os pilotos desta geração dourada, Verstappen foi o que mais chamou a atenção desde que emergiu ao universo da Fórmula 1 em 2014, quando era ainda um imberbe adolescente, com pouco mais de 16 anos. Na época em que duelava com Ocon na antiga Fórmula 3 Europeia, o holandês, filho do mediano ex-piloto de F1 Jos Verstappen e da talentosa ex-pilota belga Sophie-Marie Kumpen, assinou com a Red Bull, que lhe ofereceu um bem traçado plano que o colocou no grid da Fórmula 1 na temporada seguinte como piloto da Scuderia Toro Rosso, a filial italiana da Red Bull. Max estreou no grid no GP da Austrália de 2015 com 17 anos, 5 meses e 15 dias. Jamais outro piloto debutou na categoria tão jovem.

A enorme precocidade sobre como Verstappen chegou à Fórmula 1 provocou até mesmo uma mudança na regra de acesso à Fórmula 1 por parte da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Até então, a entidade não tinha um limite de idade determinado para quem ingressava no grid, mas a forma como Max pulou para a categoria máxima levou a organização a definir critérios mais rígidos para a obtenção da superlicença, como a pontuação adquirida nas classes de acesso e também o estabelecimento de uma idade mínima: 18 anos.

Naquela temporada de 2015, Verstappen dividiu os boxes da equipe de Faenza com Sainz, que à época também fazia parte do Red Bull Junior Team. Os dois jovens travaram uma pequena rivalidade e não tinham um relacionamento dos mais amistosos. Estava claro para o espanhol que o adversário ali ao lado era a bola da vez e que não haveria muito espaço para crescer.

Enquanto Carlos ficou empacado por quase três anos na equipe B da Red Bull antes de desfazer os laços e seguir para a Renault, Max deslanchou muito antes. Impulsionado por Horner, Marko e o dono da marca dos energéticos, o austríaco Dietrich Mateschitz, Verstappen foi alçado à condição de titular da equipe tetracampeã mundial depois de jornada pavorosa do então dono do cockpit, Daniil Kvyat no GP da Rússia, o quarto da temporada 2016.

O então promissor piloto — hoje relegado ao ostracismo como mero reserva da Alpine —, foi rebaixado para a Toro Rosso, enquanto Max subiu para o cobiçado cockpit taurino já no GP da Espanha. De forma surpreendente, logo na sua primeira corrida por uma equipe de ponta da Fórmula 1, Verstappen chegou ao topo do pódio e quebrou outros dois recordes de precocidade: com 18 anos, 7 meses e 15 dias, Max foi o mais jovem piloto a triunfar e a subir num pódio em uma prova do Mundial.

Daí em diante, Verstappen teve de encarar um duro processo de aprendizado. Considerado por alguns dos seus pares como arrogante pelo ímpeto e agressivo até demais em manobras de ultrapassagem, Max também conquistou cada vez mais o coração de fãs ao redor do mundo que se encantaram com aquele menino que desafiava grandes nomes da Fórmula 1 e brilhava com corridas notáveis e uma postura agressiva nas pistas, como no próprio GP da Espanha de 2016 ou mesmo no GP do Brasil daquela temporada.

Com 18 anos, a primeira vitória (e logo na estreia com a Red Bull), na Espanha (Foto: Red Bull Content Pool/Getty Images)

Entre 2016 e 2018, Verstappen teve o competitivo e boa praça Daniel Ricciardo como companheiro de equipe. Recentemente, o australiano recordou os tempos em que dividiu os boxes da Red Bull com o holandês e disse guardar apreço pelo ex-colega, em que pese o natural ambiente cruel de competição que cerca a Fórmula 1.

Mas foi justamente depois de um confronto com Ricciardo, no GP de Azerbaijão de 2018, em que os dois bateram na reta principal do circuito de Baku, que o destino foi traçado. Daniel deixou a equipe chefiada por Horner ao fim do ano, enquanto Verstappen ficou e virou de vez o número 1 lá dentro, como já acontecia com Hamilton na Mercedes e, há muitos anos, com Michael Schumacher nos tempos de Ferrari.

Nos anos seguintes, Verstappen construiu uma carreira notável. Ao lado da Red Bull e da Honda, virou um habitué dos pódios e conseguiu vencer aqui e ali, sobretudo quando a Mercedes vivia seus raros dias ruins. Até a temporada 2020, Max tinha um total de dez triunfos no Mundial, um número bastante relevante para quem estava alheio à disputa pelo título.

Mas tudo mudou neste 2021 surpreendente. Diante de um ano em que a Red Bull por muitas vezes se mostrou perfeita e desde o começo conseguiu entregar um carro competitivo e capaz de lutar por vitórias contra uma Mercedes que sofreu muito no começo da temporada com um W12 temperamental às mudanças sutis no regulamento técnico, Verstappen sobressaiu em um confronto de gigantes contra Lewis Hamilton. O jogo havia virado.

O polêmico acidente no GP da Itália de 2021 (Foto: Beto Issa)

Foram verdadeiramente raros os momentos ruins para Verstappen no campeonato. Claro que o 'se' não entra na pista, mas o piloto da Red Bull perdeu pontos preciosos graças unicamente à má sorte: como com o pneu furado na reta dos boxes em Baku quando caminhava para uma vitória fácil ou no acidente em que foi uma das vítimas do strike de Valtteri Bottas na largada do GP da Hungria. Também está mais viva do que nunca na memória a fraquejada na volta que poderia ter lhe garantido uma pole brilhante na Arábia Saudita ou também a jornada errática e controversa com a polêmica atitude na pista em Jedá, com direito até a um brake-test em cima de Hamilton, que venceu na semana passada e levou a disputa para outro nível, com os dois rigorosamente empatados, para a decisão em Yas Marina neste domingo.

Impossível não recordar outros confrontos brutais com Hamilton, um deles na primeira volta do GP da Inglaterra, onde os dois dividiram a curva Copse. Max levou a pior no toque contra a Mercedes do heptacampeão, perdeu o controle do carro e bateu forte na barreira de proteção, sendo encaminhado para o hospital em seguida. Tudo ficou bem com o piloto, menos na sua relação com Hamilton. Max chegou até mesmo a bloquear Lewis na sua conta no Instagram.

Meses depois, no GP da Itália, os dois rivais voltaram a trocar tinta em acidente na chicane do circuito de Monza. A batida aconteceu em velocidade baixa, mas ocorreu numa dinâmica em que o carro de Verstappen parou com uma das rodas logo acima do capacete de Hamilton, que foi salvo pelo halo. Max saiu do carro sem olhar para trás, em atitude que foi criticada pela Mercedes e acentuou ainda mais a crise entre as duas equipes.

Após o confronto em Monza, Verstappen sempre terminou ou em segundo — nos GPs da Rússia, com direito a uma recuperação sensacional nas últimas voltas; Turquia, São Paulo e Catar — ou venceu, nos GPs dos Estados Unidos e México.

Lewis Hamilton e Max Verstappen travaram uma das grandes brigas por título na história da F1 (Foto: AFP)

Hamilton conseguiu o que parecia impossível e deu a volta por cima com a exibição apoteótica diante de milhares de torcedores em Interlagos e as vitórias no Catar e na Arábia Saudita. Mas na corrida que valeu a primeira decisão do título com dois pilotos empatados desde 1974, Verstappen levou a melhor em Abu Dhabi com um desfecho de cinema, alcançado na última volta, e conseguiu se impor contra um dos maiores atletas de todos os tempos. Um feito que serviu para valorizar ainda mais o tamanho de uma conquista maiúscula do holandês.

Ao menos a partir de agora e pelos próximos meses, Max Emilian Verstappen é o novo dono do mundo na Fórmula 1.

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