Capacidade de adaptação leva Sainz a papel de protagonismo na Ferrari em 2021
O pódio de Carlos Sainz em Mônaco colocou luz no surpreendente início de temporada que o espanhol faz com a Ferrari. Depois de cinco corridas com os italianos, o piloto de 26 anos se mostrou mais confortável no carro vermelho
Carlos Sainz foi um dos grandes nomes do GP de Mônaco. O espanhol esteve sempre no top-3 nos treinos livres, foi o quarto colocado na classificação - e poderia até ter feito tempo melhor, não fosse a bandeira vermelha causada pelo companheiro de Ferrari, Charles Leclerc, nos instantes finais - e, na corrida, chamou ainda mais atenção pelo desempenho sólido e o segundo lugar do pódio, o primeiro com a equipe vermelha. A performance com a escuderia, após cinco corridas, e um bom entendimento do carro, que provou ser muito adequado para circuitos lentos, trouxe à luz uma grande virtude que Sainz tem tido desde o início de sua carreira: a grande capacidade de adaptação.
Um exemplo precoce do talento do piloto data de julho de 2013, quando ainda fazia parte do difícil programa de jovens da Red Bull. Em Silverstone, o espanhol foi escolhido para o primeiro teste em um carro da Fórmula 1 e ficou somente a sete décimos do então tricampeão Sebastian Vettel. Essa jornada marcou uma virada na sua trajetória, quando seu trabalho lhe rendeu a simpatia do implacável conselheiro, Helmut Marko. O desempenho garantiu a presença no grupo de formação dos taurinos para chegar na Fórmula 1 em 2015 com a Toro Rosso.
Consequentemente, Sainz surpreendeu em sua primeira temporada ao marcar pontos em quatro de suas seis primeiras corridas com a equipe que agora se chama AlphaTauri. Carlos ainda passou pela Renault antes da chance na McLaren. A chegada à esquadra inglesa, na temporada de 2019, lhe deu o primeiro pódio no GP do Brasil, depois de ter largado da última posição. A atuação acabou cimentando o perfil de um piloto que, além da adaptação rápida, também mostrou um crescimento contínuo, consistência, confiabilidade e bom relacionamento com a equipe e com colegas.
Todas estas qualidades geraram o interesse da Ferrari, que precisava substituir um Vettel que não demonstrava mais o potencial exibido no distante 2015. Uma vez fechado o acordo durante a pandemia e o sexto lugar no campeonato de 2020, para dizer adeus à McLaren, Sainz chegou à equipe italiana o com a premissa de "ajudar o crescimento de Leclerc e eventualmente ganhar", nas palavras do chefe Mattia Binotto, com um contrato de duas temporadas.
De macacão vermelho
"Recebemos muita energia positiva da relação entre Carlos e Charles. Carlos passou muito tempo na fábrica desde que assinou conosco, ele se integrou à equipe muito rapidamente. Ele é um piloto curioso e com a mente aberta", disse Laurent Makies, diretor-esportivo da Ferrari. O bom relacionamento com seu colega de equipe e o detalhe de falar a língua italiana levou o espanhol a acompanhar o desenvolvimento do carro de forma natural com os engenheiros de Maranello, uma pedra fundamental no processo de adaptação a sua nova casa.
Desta forma, o rapaz de Madri começou com o pé direito em sua primeira temporada com a escuderia. Carlos demonstra já ter um ritmo semelhante ao de Leclerc, marcou pontos em quatro das cinco corridas e alcançou seu primeiro pódio em Mônaco. Por enquanto, equiparado a outros pilotos que mudaram de equipe, Sainz se vê em posição melhor que a de Vettel (Aston Martin), Daniel Ricciardo (McLaren) e Fernando Alonso (Alpine) no Mundial de Pilotos.
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Além disso, ainda que esteja seis pontos atrás de Sergio Pérez, que também está fazendo suas primeiras corridas na Red Bull, o rendimento do mexicano está bem abaixo do companheiro de equipe Max Verstappen.
De qualquer forma, a boa integração inicial de Sainz e a sinergia com Leclerc, reforçada por seu bom desempenho na pista demonstrado em um circuito favorável como Mônaco, possibilitam também uma coexistência harmoniosa entre a Ferrari e seu novo piloto. No entanto, as características particulares da pista do Principado dificultam a repetição de um resultado semelhante este ano, que poderia ser em uma pista com curvas lentas como a Hungria. Assim como Alonso manifestou após da corrida monegasca, a vitória para Sainz vai acontecer em algum momento, mas a adaptação e a preparação estão na direção correta.
*Escrito por Esteban Nieto