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Cara ou coroa definiu Senna na McLaren, relembra Ron Dennis

28 abr 2014 - 09h22
(atualizado às 09h40)
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Ron Dennis relembrou histórias sobre Ayrton Senna
Ron Dennis relembrou histórias sobre Ayrton Senna
Foto: Getty Images

Presidente e acionista da McLaren, Ron Dennis concretizou a contratação de Ayrton Senna em meados de 1988 para a temporada da Fórmula 1 usando cara ou coroa. Em entrevista divulgada pela escuderia por conta dos 20 anos da morte do piloto brasileiro, ele relembrou o episódio em que, em meio às negociações e diante de um impasse financeiro, sugeriu “jogar a moeda” para resolver a diferença. Senna perdeu a aposta, mas ficou na equipe até 1993, conquistando três títulos mundiais.

“Nós estávamos discutindo por meio milhão de dólares, então eu sugeri jogar a moeda para decidir. Mas o inglês do Ayrton não era bom na época, então tivemos uns cinco minutos de conversa sobre os detalhes. Eu tive que desenhar em um pedaço de papel. Eu só queria achar uma maneira de resolver tudo”, contou Ron Dennis, que no momento dava a negociação como certa: o brasileiro pilotaria carro da McLaren na temporada 1988.

“Então, a moeda foi atirada para cima, rodopiando. Quando caiu, sumiu como um foguete. Você conseguia ouvi-la rodando atrás das cortinas, e eu as puxei e ganhei a aposta”, afirmou o acionista, que ressaltou que nenhum deles fez grande estardalhaço pela maneira como a pendência foi decidida. Senna assinou contrato de três anos por US$ 1,5 milhão, meio milhão de dólares a menos do que disputava com Ron Dennis.

Essa não foi a única aposta envolvendo dinheiro relembrada pelo presidente da McLaren. Indagado sobre sua lembrança mais carinhosa de Senna, ele afirmou que, certa vez, o brasileiro prometeu US$ 10 mil se comesse um jarro de pimenta no México. “Antes que ele pudesse desistir da aposta, eu estava devorando tudo”, contou. Senna, então, entregou um envelope personalizado com o dinheiro dentro e prometeu não apostar mais.

“Essa é uma lembrança carinhosa, porque colocar um sorriso na face do Senna não era fácil, mas fazê-lo colocar dinheiro era ainda mais difícil”, ressaltou Ron Dennis. Poucas pessoas conheceram Ayrton Senna tão bem quanto Ron Dennis, e o período em que trabalharam juntos na McLaren foi o mais vitorioso da carreira do brasileiro. Senna morreu em 1994, em acidente durante o GP de San Marino, em Imola.

Senna teve período mais vitorioso pela McLaren
Senna teve período mais vitorioso pela McLaren
Foto: Getty Images
Veja os principais trechos da entrevista de Ron Dennis

Desempenho de Senna em Mônaco em 1988 (Senna liderava a prova com folga com um dos desempenhos mais notáveis do circuito. Pelo rádio, a equipe pediu para reduzir a velocidade, o que acabou por quebrar uma espécie de transe em que o piloto se encontrava. Senna bateu e acabou abandonando a prova)

A batida de Senna na Portier foi resultado de um lapso de concentração. Nós estávamos tentando desacelerá-lo, mas quando tira o pé em um carro de corrida, você perde a concentração, então isso foi apenas um lapso, nada mais. Ele estava tão irritado – ele nem voltou para o pit, ele foi embora do circuito e voltou para seu apartamento. Ele não apareceu até mais tarde naquela noite, e estava muito bravo consigo mesmo.

Polêmica com Prost (em 1989, no GP de Suzuka, Senna e Prost disputavam o título mundial. Os dois tocaram carros em disputa em uma chicane. Senna voltou à prova com ajuda de fiscais, que empurraram o carro pela chicane. Prost deixou a corrida e fez protesto afirmando que cortar o traçado pela chicane era ilegal. Senna ainda venceu a prova, mas foi desclassificado, o que deu o título mundial a Prost)

Eles quebraram a confiança um do outro. Eles são ambos culpados. Eles se comprometeram um com o outro diversas vezes, e essa foi uma das que veio a público. Houve muita tensão e raiva. Mais tarde, eles estavam testando em um circuito no País de Gales chamado Pembrey. Eu fui para lá de helicóptero e sentei com eles em um mini ônibus ao lado da pista. Agora, eu não sou nenhum cordeirinho, e minha psicologia foi que eles precisavam me ver como o vilão. Eu senti que, se eles pudessem ser hostis comigo, então não seriam hostis um com o outro.

Acidente em Suzuka 1990 (no ano seguinte, Senna deu o troco em Prost no mesmo circuito. Largou na pole, mas foi logo ultrapassado pelo francês. Prost já havia deixado a McLaren e corrida pela Ferrari. Na primeira curva, Senna tocou a roda traseira de Prost, e ambos saíram da pista. Desta forma, Senna se sagrou campeão mundial)

Eu me lembro de ver os registros – de acelerador e de pedal – e você não precisava ser nenhum Einstein para perceber o que aconteceu. Quando ele voltou à garagem, eu disse que estavam desapontado com ele. Ele entendeu. Ele não tinha que dizer mais nada. Esse foi um dos raros momentos de fraqueza. Eu não acho que ele estava particularmente orgulhoso do que fizera.

Por que tantas pessoas consideram Senna o melhor piloto que já existiu?

Eu acho que é porque ele foi tão bom durante todo o tempo em que esteve neste planeta. Eu não vejo nada positivo sobre o fato de ele ter sofrido um acidente e ter perdido a vida, mas isso significa que você não viu seu declínio. Há muitos pilotos que ficam no esporte tempo demais e mancham sua grandiosidade. Eu acho que ele também é lembrado porque era incrivelmente competitivo. Ele era ótimo, mas também era bom, tinha valores humanos. Ele teve alguns lapsos em sua vida, mas era um cara de princípios. E ele foi um bom ser humano.

Fonte: Terra
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