Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Carros que mudaram a F1: Lotus 49 (1967)

Mais uma vez a Lotus revoluciona a F1: o modelo 49 traz o motor Cosworth, o patrocínio e os aerofólios. Além da estreia de Fittipaldi

30 ago 2022 - 18h22
Compartilhar
Exibir comentários
Jim Clark e o Lotus 49: uma dupla que poderia dar muito certo.
Jim Clark e o Lotus 49: uma dupla que poderia dar muito certo.
Foto: Legedary F1 / Twitter

Mais um capítulo desta série de colunas contando a história de carros que mudaram para sempre a F1. Novamente, a Lotus bate ponto aqui e o gênio de Colin Chapman revoluciona a categoria. Além disso, este projeto marca o aparecimento de um ator que modificou toda a estrutura da F1: o motor Ford Cosworth.

Em 1966, a F1 mudou inteiramente o regulamento. Os motores tiveram sua capacidade ampliada de 1,5 litros para 3 litros. A potência aumentou, juntamente com o peso mínimo (450kg para 500kg). Chapman, um técnico competente e com um tremendo tino comercial, buscou uma solução para ter um diferencial: costurou com a Ford o desenvolvimento de um motor exclusivo.

O acordo foi firmado em 1965 através da Ford britânica (principalmente por conta de Walter Hayes, responsável pela área de Relações Públicas). O motor seria desenvolvido por uma dupla genial: Frank Costin, ex-funcionário da Lotus, e Keith Duckworth. Inicialmente, os dois fizeram um trabalho sensacional desenvolvendo motores para a F2 usando bloco do Ford Cortina e foram incumbidos de criar este motor para a F1.

Para 1966, não seria possível contar com o motor (só ficaria pronto para 1967). Chapman se viu atrelado a usar um BRM H16. Isso mesmo, um motor de 16 cilindros, formado por dois blocos de 8 cilindros. A ideia era interessante, mas na prática foi complicada, com problemas de peso e lubrificação. No fim, foi um ano abaixo, com uma vitória (GP dos Estados Unidos, com Jim Clark).

Para acomodar este motor, Chapman, em conjunto com Maurice Phillppe, desenvolveu o modelo 43, que serviu de base para o 49. Aparentemente, o carro era convencional ao extremo, baseado nos projetos 39 (que previa um 16 cilindros Climax) e 42 (Indy) mas sofreu com a distribuição de peso. O grande mérito foi servir para o desenvolvimento do Cosworth V8 ao longo de 1966.

O aprendizado serviu para o desenvolvimento do 49. A utilização do motor Cosworth, menor e mais leve do que o BRM H16, permitiu que Chapman e Phillppe fizessem um carro mais baixo e mais leve. E trazer uma situação que pode parecer besta, mas que fez toda a diferença para a estrutura do carro e revolucionar a F1: o motor passou a ser parte da estrutura. Como assim?

Esta situação já havia sido tentada, sem sucesso. Mas o motor ficava praticamente separado do carro. Com a integração do Cosworth ao monocoque, simplesmente o carro ficava muito mais rígido (o que permitia usar uma construção mais leve e suportar mais cargas aerodinâmicas) e ainda permitia uma melhor distribuição de peso, com as cargas sendo bem concentradas. Do outro lado, a fixação da suspensão e do câmbio. Embora simples, esta solução não era usada. E até hoje os carros usam o conceito.

O carro demorou para ficar pronto, especialmente para acertar o motor Cosworth. Mas estreou na terceira etapa do campeonato de 1967, o GP da Holanda. E simplesmente trucidou a concorrência. Neste ano, a pedido da Ford, a Lotus tinha Jim Clark e Graham Hill como pilotos. Os dois dominaram a prova, mas Hill abandonou e Clark venceu a prova.

A estreia do Lotus 49 e do motor Cosworth no GP da Holanda de 1967
A estreia do Lotus 49 e do motor Cosworth no GP da Holanda de 1967
Foto: The Jim Clark Trust / Twitter

Embora tendo um tremendo desempenho, sofreu uma série de problemas de confiabilidade. Mesmo assim, Clark venceu mais 3 etapas e conseguiu o terceiro lugar no campeonato, vencido por Denny Hulme com a Brabham.

Em 1968, o carro seguiu revolucionando, embora tenha caído a questão da exclusividade do uso do Cosworth (o que fez toda a diferença para a F1). O Lotus 49 ganhou a sua versão B, a partir de Monaco, que já incorporava o uso de aerofólios (embora a Ferrari tenha sido a primeira a usar em corrida) e principalmente: foi o primeiro carro a deixar as cores nacionais e ser predominantemente pintado com cores de patrocínio.

Os carros usavam pequenas marcas de peças e combustível. Mas a TV começava a tomar espaço e Chapman fechou um acordo com a British Tobacco e colocou as cores do cigarro Gold Leaf no lugar do verde britânico. Mais uma vez o modelo 49 revolucionou a F1: significou a entrada firme dos patrocinadores e da indústria tabagista na categoria.

O Lotus 49B com as cores do cigarro Gold Leaf. A chegada total dos patrocinios e dos cigarros na F1
O Lotus 49B com as cores do cigarro Gold Leaf. A chegada total dos patrocinios e dos cigarros na F1
Foto: Wikimedia Commons

Graham Hill venceu o campeonato com 3 vitórias, que tinha Jim Clark como principal favorito. Mas por questões fiscais (o escocês morava na Suíça para escapar das altas taxas britânicas), Clark foi correr uma prova de F2 em Hockenheim e faleceu. Jackie Oliver assumiu o posto até o fim do ano. Uma vitória veio com um privado: Jo Siffert com a equipe de Rob Walker.

Em 1969, Jochen Rindt se juntou à Graham Hill e o 49 teve a sua versão C, incorporando cada vez mais elementos aerodinâmicos. O ano não foi tão bom, com vários problemas de confiabilidade, embora tenham obtido 2 vitórias com Hill e 1 com Hill. O foco da Lotus já era o modelo 72, que será abordado depois...

Mas enquanto o 72 não ficava pronto, a equipe deu um tapa no 49C para começar a temporada de 1970 e Rindt venceu ainda em Monaco, graças ao erro de Jack Brabham na última volta. O austríaco usou o carro até o GP da Bélgica. A partir do GP da Holanda, Rindt assumiu o 72C e iniciou a caminhada ao título. O último fato marcante do modelo 49 foi que, com ele, Emerson Fittipaldi estreou no GP da Grã-Bretanha.

Emerson Fittipaldi em sua estréia na F1 com o Lotus 49C no GP da Grã-Bretanha
Emerson Fittipaldi em sua estréia na F1 com o Lotus 49C no GP da Grã-Bretanha
Foto: Auto Tradition / Twitter

No fim, o modelo 49 competiu por 4 temporadas, disputando 42 GPs e vencendo 12 vezes. Um aproveitamento de 28,5%. Mas além dos títulos e vitórias, o modelo 49 marcou a F1 por vários motivos. E nos faz perguntar: como a Lotus definhou?

Para saber sobre a criação do motor Cosworth, eis aqui o link do ano passado

Parabólica
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade