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Carros que mudaram a F1: Renault RS01 (1977)

Os franceses são conhecidos por sua obstinação. E com o uso do turbo na F1 não foi diferente. A chaleira amarela marcou época e mudou tudo

6 dez 2022 - 18h14
(atualizado em 2/2/2023 às 17h35)
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Renault RS01 em Silverstone. A F1 se abria para os turbo
Renault RS01 em Silverstone. A F1 se abria para os turbo
Foto: Renault / Divulgação

Neste capítulo dos carros que mudaram a história da F1, uma página dedicada aos franceses. Eles foram quem abraçaram com força a cultura automobilística e organizaram o que foi chamado o primeiro GP da história em 1894 (aliás, o termo vem justamente do francês Grand Prix).

Só que mesmo com toda essa história, os franceses acabaram ficando para trás em relação a italianos e britânicos. Até mesmo em relação aos alemães. Se falarmos em F1, a foto fica pior ainda. Embora tenham tido representantes nas temporadas iniciais, as iniciativas foram pálidas. A mais firme foi com a Matra, no final da década de 60, com uma operação capitaneada por Ken Tyrrell e com Jackie Stewart como piloto. A partir de 1970, com a partida de Tyrrell e Stewart, que não concordavam, entre outras coisas, com a introdução do Matra V12 no lugar do Cosworth V8, a participação francesa ficou focada nos pilotos, com forte envolvimento da petrolífera Elf.

Em 1973, a Matra deixou a F1 como equipe. E Renault começava a aumentar seu envolvimento com o automobilismo. A esta altura, a então estatal assumia seus vínculos com a Alpine e se juntava a Amadée Gordini, com longo envolvimento na preparação de motores. Em tempos de crise de petróleo, a Renault se interessou em desenvolver motores turboalimentados, podendo usar blocos menores e conseguir grande potência.

O uso dos compressores era longe de ser algo novo. Os carros já usavam no início do século, inclusive em competição. Nos Estados Unidos, era algo bem comum. E na F1 a Alfa Romeo chegou a usar em 1951, mas não foi à frente. Basicamente, o compressor funciona reaproveitando os gases gerados pelo funcionamento do próprio motor fazendo rodar uma turbina, os lançando nos cilindros. Em tese, aumenta-se a quantidade de ar internamente com a mesma capacidade e a quantidade de combustível, gerando mais potência.

Bernard Dudot, então um engenheiro da Renault, foi mandado para as instalações da Garrett, produtora de turbocompressores nos Estados Unidos, para saber mais sobre os aspectos técnicos. Meses depois, a Elf encomendou à Renault um motor turbo de 2 litros para o projeto Le Mans e na F2.

Foi escolhido o formato de 6 cilindros em V pela questão de ser compacto. Inicialmente, sem o turbo, o motor foi usado no campeonato europeu de Esporte-Protótipos de 1974 e depois na F2 em 1976 e 1977, vencendo o campeonato neste último ano. Em 1975, foi instalado o turbo, usado no Alpine A441T e no A442.

Em 1976, veio a ideia: porque não tentar a F1? Neste ano, foi criada a Renault Sport, para unificar as atividades esportivas da montadora francesa. Há muito tempo o regulamento da F1 permitia o uso de motores turbo com 1,5 litros, enquanto os aspirados poderiam usar uma capacidade de 3 litros. Então, com mais uma vez o apoio da Elf, reduziram a capacidade do motor e construíram um chassi, batizado de Alpine A500.

Jean Pierre Jabouille e o Alpine A500 nos testes iniciais em 1976
Jean Pierre Jabouille e o Alpine A500 nos testes iniciais em 1976
Foto: Wikipedia Commons

Para tornar o projeto francês até a medula, a Michelin também foi contatada e começou a desenvolver pneus radiais para este projeto. Ele iniciou como Alpine, mas a diretoria resolveu batizar como um projeto Renault e virou o RS01 (Renault Sport).

Os primeiros testes, conduzidos por Jean Pierre Jabouille, que além de piloto era engenheiro, foram um festival de quebras. O motor era potente, mais do que os aspirados utilizados na F1. Porém, não aguentavam dar mais do que 5 voltas. Não à toa que os ingleses apelidaram o carro de chaleira amarela....

Jean Pierre Jabouille (à esquerda) em um dos diversos testes com o RS01
Jean Pierre Jabouille (à esquerda) em um dos diversos testes com o RS01
Foto: Renault / Divulgação

Em 1977, os franceses decidiram entrar para valer no campeonato. O carro foi apresentado oficialmente em 10 de maio, confirmando Jabouille ao volante e Gerard Larrousse no comando do time. O carro foi desenhado por François Castaing e André de Courtanze. A ideia inicial era estrear no GP da França. Mas ficou para o GP da Grã-Bretanha, em Silverstone, em 16 de julho.

Apresentação do Renault RS01
Apresentação do Renault RS01
Foto: Renault / Divulgação

Após uma negociação com Bernie Ecclestone, a Renault foi liberada de participar da pré-qualificação, já que tinham 36 carros inscritos e largavam 26. O Renault RS01 fazia jus ao apelido de chaleira e levantava fumaça toda hora. Mas quando entrava na pista, chamava a atenção pela velocidade que desenvolvia. Em uma pista como Silverstone, era algo bem importante.

Jabouille se preparando para entrar na pista em Silverstone
Jabouille se preparando para entrar na pista em Silverstone
Foto: Renault / Divulgação

Mesmo com todos os problemas, Jabouille conseguiu a 21ª posição, largando à frente de Emerson Fittipaldi, então na Copersucar/Fittipaldi. Em um de seus relatos de prova à revista Quatro Rodas, o brasileiro disse que a Renault falhava demais, porém quando o motor funcionava direito, desenvolvia uma velocidade incrível. Com 16 voltas, o turbo voltou a dar problema e Jabouille abandonava. Porém, ficou claro a todos que o motor turbo funcionava e era viável.

A primeira vitória veio no GP da França de 1979 com Jabouille. E mesmo sendo pioneira, a Renault não venceu nenhum campeonato, chegando mais perto em 1983, quando ficou com o vice-campeonato de construtores. Porém, ficou com a primazia de mudar a cara da F1 com os turbo e os pneus radiais.F1

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