Como dislexia fez Lewis Hamilton entender o valor da escola
Automobilista está no Brasil para o Grande Prêmio da Fórmula 1, que ocorre neste fim de semana, e visitou uma escola pública em São Paulo; britânico fala de trabalho social
O automobilista britânico Lewis Hamilton tem se dedicado a estreitar os seus laços com o Brasil em sua passagem pelo País para o Grande Prêmio de Fórmula 1, que acontece neste fim de semana em Interlagos, São Paulo. Ele esteve na Câmara dos Deputados para receber o título de cidadão honorário do País, visitou um projeto social no Morro da Providência, no Rio de Janeiro e, nesta quinta-feira, 10, conheceu uma escola pública da zona sul da capital paulista.
Durante sua passagem pela escola paulistana, Hamilton disse o quanto se importa com a educação e com o futuro das crianças.
Confira entrevista exclusiva do piloto ao Estadão sobre o tema:
1. Na sua opinião, qual o papel da educação em países em desenvolvimento, como o Brasil?
O Brasil é um país tão belo, acolhedor e inspirador. Há muitas crianças aqui com potencial incrível. Tive a sorte de visitar uma favela no Rio de Janeiro no início da semana e fiquei inspirado pelos jovens que lá conheci e em como estavam cheios de energia. A excitação deles em aprender o máximo que poderiam foi tão inspiradora, que sei que se essas crianças conseguirem ter acesso a uma educação de boa qualidade. Não há limite para o que podem alcançar. Deveríamos estar todos fazendo tudo o que podemos para apoiar as crianças de todo o Brasil em garantirem o seu sucesso.
2. Como vê o impacto da pandemia na educação em todo o mundo, especialmente quando falamos de crianças vulneráveis? E o que pensa que as escolas têm de fazer para resolver o problema?
Os impactos da pandemia ainda são sentidos em todo o mundo, mas parece que em alguns lugares é realmente mais difícil para as escolas, crianças e seus professores. Mesmo em países ricos como o Reino Unido, tivemos crianças cujas famílias não podiam pagar a tecnologia para fazerem vídeochamadas ou trabalhos online de casa, e isso fez com que perdessem tempo de aprendizagem. Só posso imaginar que tenha sido ainda mais difícil para os países e comunidades vulneráveis. Sei que há muitas pessoas trabalhando arduamente para resolver este problema em todo o mundo, mas não é fácil de solucionar. Será necessário que governos, comunidades e escolas trabalhem em conjunto para garantir que as crianças tenham as oportunidades que necessitam para ter sucesso, mas acredito realmente que é possível.
3. O que achou da escola que visitou nesta quinta e do trabalho feito pelo Instituto Ayrton Senna? Há alguma criança ou professor que tenha conhecido e que te marcou?
Tive um encontro tão maravilhoso com as crianças e os professores da escola. Algumas das histórias que as crianças contaram eram realmente poderosas e fiquei comovido em ver como foram capazes de compartilhar comigo as suas lutas. Percebi que elas têm fome de sucesso e sabem aproveitar as oportunidades que lhes são dadas. Sinto-me honrado por ter sido convidado.
4. Como foi a sua experiência na escola durante a sua infância?
Lutei muito na escola quando era mais novo, em parte porque sou disléxico - algo que só descobri aos 17 anos de idade. Apesar de ter trabalhado muito, tive dificuldade em acompanhar o resto dos meus colegas de turma e não sentia que recebia o apoio que precisava dos professores. É uma das razões pelas quais sou grande apoiador em garantir que as crianças de todo o mundo, do Reino Unido ao Brasil, não só tenham acesso à educação, mas também sejam apoiadas enquanto estão na escola. É algo que estou tentando mudar no Reino Unido por meio da minha própria fundação, a Mission 44, que está olhando para coisas como taxas de exclusão e diversidade de professores para garantir que crianças de todas as origens estejam empenhadas e tenham a oportunidade de aprender.