Como Max Verstappen conseguiu vencer o GP do Canadá?
Max Verstappen conseguiu vencer o GP do Canadá e abrir uma boa liderança no campeonato. Mas o que compôs esta vitória?
Quando a F1 chegou ao Canadá, muita gente começou a se perguntar: de quantos segundos será a diferença de Max Verstappen ao vencer? Mais vozes neste sentido apareceram após o anúncio da implantação da Diretriz Técnica da FIA que valeria para este final de semana e foi suspensa (como falamos aqui) e das diversas punições que Charles Leclerc pagaria por conta da troca de peças do motor.
A vitória veio, mas com mais dificuldades do que o projetado. A Ferrari seguiu sendo a principal perseguidora, mas agora com Carlos Sainz, seu antigo companheiro de equipe na Toro Rosso. Mas foi um processo de construção. Senão, vejamos.
Na largada, Verstappen conseguiu um ótimo salto e assumiu a liderança, se livrando do risco “sem pressão” de Fernando Alonso, que até então fazia um ótimo final de semana com a Alpine, que se adaptou muito bem ao circuito Gilles Villeneuve. Sainz teve que já começar a corrida forçando para se livrar de seu “mentor” Alonso. Isso deu uma certa tranquilidade ao holandês.
A entrada do Carro de Segurança Virtual na volta 9 (um excesso de zelo da Direção de Prova a meu ver) permitiu à Red Bull retrabalhara a estratégia. Os pneus médios estavam se desgastando mais rápido por conta da temperatura mais alta e da pista com menos borracha por conta das chuvas de sábado. Os taurinos trouxeram Verstappen para o box e colocaram os pneus duros.
Segundo as medições da própria Pirelli, a diferença entre os compostos não era tão grande. Sainz já vinha tirando diferença, mesmo sofrendo com questões de degradação. A intenção era justamente dar à Verstappen a possibilidade de se aproveitar posteriormente com pneus mais novos. O holandês voltou atrás de Alonso e logo se livrou, indo para cima de Sainz.
A Ferrari seguiu o figurino: a Pirelli previa uma janela entre as voltas 18 e 22 para a troca dos pneus e Sainz entrou na volta 19. Quando voltou à pista, estava 9,4s atrás de Verstappen. Aí os pneus mais novos do espanhol começaram a pagar dividendos: Sainz foi tirando a diferença aos poucos, cerca de 2 décimos por volta.... Da volta 21 a 42, quando Verstappen entrou no box, o espanhol foi mais rápido em 19 delas.
Nesta situação, uma troca a mais seria necessidade para ambos. A Red Bull chamou Verstappen para o box e foi uma boa troca. A diferença entre Sainz e o holandês ficou em 10,8s e foi caindo até 7,7s até a volta 49. Até que veio o Carro de Segurança pelo abandono de Yuki Tsunoda, o que agrupou o pelotão. Neste momento, a Ferrari chamou Sainz para a parada e calçou novos pneus duros e voltou atrás de Verstappen.
Nesta hora, muita gente perguntou: por que a Ferrari não colocou pneus médios para Sainz? Simples: não tinham mais jogos novos. O único jogo de pneus médios 0km disponíveis foi usado na largada. Colocar pneus macios não serviriam para chegar até o final da prova, pois a degradação era muito grande. Então, restou o jogo de pneus duros.
Não se pode negar que Sainz tentou. Mas aí apareceram os pontos fortes de Verstappen e Red Bull. Mesmo com o espanhol tendo pneus mais novos, Verstappen conseguiu se segurar na manha, pois a Ferrari estava mais rápida no geral. O holandês conseguia abrir de 2 a 3 décimos no primeiro setor da pista, o que compensava um pouco a velocidade de Sainz no segundo setor.
No grampo, veio o fator da abordagem de Verstappen para a tangencia da curva e o uso da bateria para a saída até chegar o ponto de medição do DRS. Junte isso ao arrasto do RB18 ser menor do que o do F1-75, a velocidade final ser um pouco maior e a Ferrari ter optado por colocar um aerofólio traseiro com maior carga aerodinâmica do que Leclerc, acabou garantindo a 26ª vitória de Verstappen na F1.
Se Leclerc estivesse ali no lugar de Sainz, seria a mesma coisa? Talvez. Mas teria uma probabilidade maior de ultrapassagem por conta de usar um aerofólio com menos carga (menos carga, mais velocidade) e por usar um motor mais novo (Sainz trocou a parte de combustão, enquanto Leclerc trocou quase tudo). Estes dois fatores dariam mais velocidade e poderiam dar mais ação.
Mas esta entra no campo das possibilidades. O fato é que Verstappen abriu mais diferença no campeonato, tendo 46 pontos em relação a Perez e 49 em relação a Leclerc. O jogo está em aberto ainda, mas Verstappen pode sim sonhar com mais força com o bicampeonato.