Conheça a origem das cores dos carros da Fórmula 1 para 2014
O lançamento da pintura dos carros da Williams para 2014 caiu no gosto de muita gente, especial por relembrar o BT44B, carro utilizado pela Brabham na temporada 1975. O motivo: o patrocínio da Martini & Rossi, centenária empresa italiana de bebida presente nos carros das duas equipes.
A questão do patrocinador deixou mais claro uma questão que já é conhecida no mundo do automobilismo: as cores dos carros. Não basta querer pintar um carro de vermelho, verde ou azul para conseguir. Cada equipe de F1 tem muita história por trás das cores que escolhe para correr, e mesmo um time novato pode ter uma centenária justificativa para sua pintura.
Você já viu todos os carros da temporada 2014 da Fórmula 1. Agora, o Terra explica porque a Ferrari é vermelha, a Mercedes é prata, a Lotus é preta e dourada, a Williams é branca e a Caterham é verde. Entenda:
Red Bull: azul-marinho
A questão é simplesmente ligada à fábrica de energéticos que banca a equipe. Desde que patrocinava a Sauber na década de 90, a Red Bull já adotava o azul-marinho nos carros. O tom foi ficando mais claro na equipe de Peter Sauber na virada do século. Quando a empresa de energéticos comprou a Jaguar, chegou a adotar um padrão semelhante às das latinhas de sua popular bebida. Porém, desde 2005, mantém suas cores – as mesmas que adota em outras competições esportivas.
Mercedes: prata
O prata é a cor tradicional dos carros de corrida alemães – vide também as competições com modelos da Porsche e da Audi. Neste caso, a história remonta a 1899, quando o empresário americano James Gordon Bennett Jr. anunciou uma corrida na França no ano seguinte envolvendo carros com pilotos de diversos países. Para diferenciar os países, cada carro seria pintado de uma cor diferente.
O carro da Alemanha, pilotado por Eugene Benz, era originalmente branco – a França usou azul, os Estados Unidos usaram o vermelho e a Bélgica usou o amarelo. O branco foi mantido pelos alemães até a década de 30, quando as empresas locais pararam de adotar a tinta para deixar os carros um pouco mais leves. Os carros em metal cru ganharam o apelido de Flechas Prateadas. Nascia ali a tradição de carros alemães prateados, hoje determinados por um padrão internacional, e que só está sujeito a mudanças diante da interferência de patrocinadores.
Ferrari: vermelha
Sabe o padrão internacional citado? É ele que determina que todos os carros italianos em competições sejam prioritariamente vermelhos – casos de Maseratti, Lancia e Alfa Romeo, por exemplo. A Ferrari segue à risca o padrão, sem deixar que patrocinadores mudem seu Rosso Corsa.
Mas de onde vem o vermelho, originalmente adotado pelos americanos na Copa Gordon Bennett? De uma corrida entre Pequim e Paris, datada de 1907, vencida por uma equipe italiana. Na ocasião, a dupla formada pelo príncipe Scipione Borghese e pelo co-piloto Ettore Guizzardi cruzou a linha de chegada em primeiro lugar com um carro Itala pintado em vermelho. Como as cores da Copa Gordon Bennett não era obrigatórias (e até hoje, trata-se de uma convenção histórica), os italianos passaram a adotar o vermelho, que logo virou tradição.
Embora seja comum ouvir a expressão “vermelho Ferrari”, a cor é adotada também por outras equipes italianas. Além das já citadas Maseratti, Lancia e Alfa Romeo, times menores do país já chegaram à F1 vestindo o Rosso Corsa, como Scuderia Italia (conhecida como Dallara entre 1988 e 1993) e Life.
Lotus: preta e dourada
A equipe que surgiu na F1 em 2011 como sucessora da Renault resolveu assumir a identidade mais famosa da antiga Lotus, equipe que disputou a categoria entre 1954 e 1994, cujo espólio esportivo virou a principal patrocinadora da atual Lotus. Entre 1972 e 1986, “aquela” Lotus correu com o patrocínio da John Players Special (JPS), marca inglesa de cigarro conhecida por seu maço preto e dourado.
Quando a Renault passou a ser Lotus em 2010, a equipe resolveu adotar as cores que tradicionalmente vestiam os carros da Lotus anterior, mesmo sem o patrocínio da JPS – a propaganda tabagista já era proibida na União Europeia há alguns anos. Como os patrocínios da nova equipe não se opuseram, os carros puderam voltar ser pretos e dourados.
McLaren: prata
Embora a equipe seja inglesa, a equipe de Jenson Button e Kevin Magnussen usa o prata porque corre com motores alemães, da Mercedes – que, como explicado, adota o “padrão alemão” desde a década de 30. Mas vale destacar que os carros da equipe fundada pelo neozelandês Bruce McLaren já foram verde e branco (cores da Nova Zelândia no padrão automobilístico), laranja (cores escolhidas entre 1968 e 1971 pelo time) e vermelho e branco (cores resultados de acordo com patrocinadores e usadas entre as décadas de 70 e 90).
Com a perda do patrocinador máster no final de 2013, muitos fãs torceram para que a equipe voltasse a ter carros alaranjados (que eventualmente aparecem na pré-temporada da McLaren) ou vermelhos e brancos. Não aconteceu.
Force India: verde, laranja e preto
A Jordan virou Midland, que virou Spyker, que apareceu na Fórmula 1 em 2008 como Force India. Os carros da equipe de Vijay Mallya eram grená e branco nos testes de pré-temporada, mas correram com as cores branco, vermelho e dourado no primeiro ano. Logo em 2009, a equipe indiana assumiu o açafrão, o branco e o verde, cores da bandeira da Índia.
Foram cinco anos correndo com esse padrão, que jamais mudaram por conta da presença de patrocinadores – até porque as principais marcas expostas no carro, como a Kingfisher (empresa que engloba desde bebidas alcoólicas até uma companhia aérea) e a Whyte and Mackay (um rótulo escocês de uísque) pertencem ao próprio Vijay Mallya. Coincidência ou não, a chegada do mexicano Sérgio Perez (e de alguns patrocinadores do ex-piloto da McLaren) aconteceu quando a equipe adotou o preto como cor predominante.
Sauber: cinza-chumbo
As cores atuais estão em vigência desde 2013 e são uma referência ao primeiro carro que a Sauber teve na F1, o C12, em 1993. Na ocasião, a equipe tinha uma parceria com a Mercedes, embora praticamente não tivesse patrocinadores. O padrão lembra as cores dos carros esportivos construídos pela Sauber para a Mercedes entre as décadas de 80 e 90.
Toro Rosso: azul-marinho
A equipe satélite da Red Bull adota as mesmas cores da matriz por motivos óbvios. A principal diferença é a pintura de um grande touro vermelho na cobertura do motor. E por que a fabricante de bebidas adota um touro vermelho como símbolo? Simples: em viagem pela Tailândia, o empresário austríaco Dietrich Mateschitz conheceu uma bebida energética chamada Krating Daeng, cujo nome pode ser traduzido para “bovino vermelho”. Interessado no produto, adaptou a fórmula ao gosto europeu e... O resto é história.
Williams: branco e azul-marinho
Depois de 14 anos correndo em branco e azul-marinho, a Williams repaginou sua pintura graças a um acordo com a Martini & Rossi, empresa italiana de bebidas. Ao longo de mais de 50 anos de patrocínio no automobilismo, a Martini sempre anexou aos carros suas faixas em azul-marinho, intercaladas por faixas em vermelho e azul-celeste.
O padrão chegou à Fórmula 1 em 1972 pela equipe Tecno, mas ficou famosa com a Brabham nos anos seguintes – o modelo FW36 (2014) da Williams é bastante similar ao BT44B (1975) da Brabham. Entretanto, outras equipes - como a Lotus - já usaram as faixas da Martini.
Marussia: vermelho e preto
A equipe russa herdou as cores de sua antecessora, a Virgin Racing, que correu apenas em 2010. A Virgin, por sua vez, pagou para batizar a equipe Manor, que venceu uma “licitação” para entrar na F1 naquele ano. Além do nome, o conglomerado de Richard Branson deu também à equipe suas próprias cores.
Caterham: verde
Mais uma das cores que se originaram na Copa Gordon Benett. Quando a Grã-Bretanha entrou na competição em 1902, as cores de sua bandeira já estavam em uso – o azul era da França, o branco era da Alemanha e o vermelho era dos EUA. Então, o piloto Selwyn Edge inscreveu um carro Napier pintado em verde-oliva, cor que foi adotada pelos carros britânicos desde então.
O tom, que passou a ser mais brilhante, virou o British Racing Green. Na década de 60, a Lotus consagrou a cor com detalhes amarelos, dando os dois títulos a Jim Clark (1963 e 1965). Após o encerramento das atividades da equipe na F1, a marca só voltou a ser vista na F1 em 2010, quando o malaio Tony Fernandes (que havia adquirido o braço esportivo da Lotus) resolveu levar uma nova Lotus para a F1.
Fernandes chegou a cogitar um carro amarelo, mas seus primeiros carros foram pintados com o British Racing Green com detalhes em amarelo. Depois de um desentendimento com a “nova Lotus” (sucessora da Renault) em 2011, a equipe passou a se chamar Caterham. As cores, no entanto, foram mantidas.