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Conheça o Prost AP05, o carro "barrado" pela F1 em 2002

10 ago 2014 - 14h06
(atualizado às 14h14)
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Alain Prost esperava colocar na Fórmula 1 uma grande equipe 100% francesa quando comprou a (francesa) Ligier no início de 1997. Assim, criou a Prost Grand Prix, escuderia que disputou a categoria entre 1997 e 2001, com dois pódios (ambos na promissora temporada de estreia) e nenhuma vitória. A equipe poderia até prosseguir em 2002, mas carecia de fundos. E este problema de orçamento dá origem a uma das histórias mais bem guardadas da F1 nos últimos anos: o do Prost AP05 e da equipe DART Grand Prix.

Havia planos para a Prost Grand Prix correr em 2002, e há diversos sites que registram o AP05, carro projetado pela Prost GP para a temporada que nunca correu. Veículos como o Daily F1, o F1 Technical e o Prost-Scriptum (um trocadilho entre o nome da equipe e a expressão post scriptum, “escrito depois” em latim) exibiram possíveis modelos do carro que correria no ano do quinto título de Michael Schumacher. As imagens são reverenciadas até hoje entre os fãs da categoria.

Embora a Prost GP tenha fechado as portas carente do patrocínio (os cigarros Gauloises deixaram o time no final de 2000), contava com apoios importantes, como a família Diniz, o Yahoo! e a Ferrari - o grupo brasileiro poderia até permanecer como investidor, mas, em contato por e-mail, a assessoria dos Diniz diz que "eles não comentam investimentos". O time ainda buscava o apoio da petrolífera espanhola Repsol, que assumiria o posto de patrocinador principal, mudando a cara dos carros azuis na F1 e deixando o time menos francês.

Segundo sites especializados, em caso de acerto com a Repsol, a Prost correria com o carro ainda azul, mas com presença destacada das cores da petrolífera – laranja, branco e vermelho. Tonalidades semelhantes apareceriam nos macacões dos pilotos, azulados com detalhes alaranjados. Entre as possibilidades, há diferentes concepções artísticas.

O nome mais cotado para correr como primeiro piloto do time era o alemão Heinz-Harald Frentzen, cujo nome aparece inclusive na imagem divulgada pelo Prost-Scriptum. Nomes como Tomas Enge e Pedro de la Rosa também eram cotados, embora o espanhol tenha assinado com a Jaguar para ser o companheiro de Eddie Irvine em 2002. Dentro dos carros, o motor seria provavelmente um Ferrari, embora rebatizado com o selo Acer usado em 2001.

<p>Modelo do carro chegou a ser testado em túnel de vento, mas jamais foi à pista oficialmente</p>
Modelo do carro chegou a ser testado em túnel de vento, mas jamais foi à pista oficialmente
Foto: Reprodução

Sem conseguir levantar fundos, a Prost Grand Prix teve sua falência decretada pela Justiça francesa em 28 de janeiro de 2002. O espólio do time foi comprado pelo grupo Phoenix Finance, que tentou colocar a equipe DART Grand Prix na categoria naquele mesmo ano. A Justiça britânica barrou a negociação, alegando que a Phoenix Finance apenas comprou os carros da Prost Grand Prix – na verdade, os modelos AP04 de 2001 – para iniciar seu time.

“A Phoenix Finance Ltd. foi avisada e está desapontada com o julgamento”, disse na época Charles Nickerson, diretor-executivo da empresa, em declarações divulgadas pela BBC. “Devemos considerar o futuro à luz de um novo julgamento e qualquer que seja seu significado para nós, como empresa e como potencial equipe do Mundial de Fórmula 1”, completou. Sem sucesso, Nickerson tentou nova entrada na temporada 2003 da F1, mas igualmente pagou pela teimosia e deu com os burros n'água.

O que seria a DART Grand Prix?

A DART Grand Prix chegou a levar os carros que comprou da Prost para a disputa do Grande Prêmio da Malásia de 2002. Os pilotos contratados eram o brasileiro Tarso Marques e o argentino Gastón Mazzacane. No entanto, como o time de Charles Nickerson bateu o pé e não pagou a multa de inscrição para a temporada como uma nova equipe (cerca de US$ 48 milhões na época), nem mesmo pôde entrar no Autódromo de Sepang.

A cena foi se repetindo nas provas seguintes: Brasil, San Marino, Espanha, Áustria e Mônaco. O time chegava até a porta do autódromo, mas como não havia assegurado financeiramente sua inscrição, não entrava no circuito para montar seus carros. Isso explica a dificuldade de se encontrar imagens (reais ou não) dos carros com a pintura da DART Grand Prix.

Mas Tarso viu o carro e conta como era o AP04 pintado pela equipe de Charles Nickerson. “Não tinha nada de patrocinador, só o símbolo da equipe e as cores da equipe – branco, laranja e um vermelho meio alaranjado”, relembrou, em conversa com o Terra. Percebeu? São as mesmas cores que a Repsol supostamente levaria para a Prost.

<p>Segundo Tarso Marques, carros da DART Grand Prix não teriam patrocinadores, mas cores bastante semelhantes às dos modelos que a Prost supostamente utilizaria</p>
Segundo Tarso Marques, carros da DART Grand Prix não teriam patrocinadores, mas cores bastante semelhantes às dos modelos que a Prost supostamente utilizaria
Foto: Prost-Scriptum / Reprodução

Tarso tinha contrato de dois anos com o time, até o final de 2003, com a promessa de que poderia correr com um carro construído pela própria equipe a partir do GP de Mônaco. Viajou para todas as etapas com o time até Monte Carlo, sem conseguir correr em 2002. Assim, ciente dos problemas com a sucessora da Prost Grand Prix, nem se empolgou muito quando foi chamado de novo em 2003.

“A gente fez banco (para 2002) em um outro carro. Tinha o projeto do carro, os desenhos do carro. O carro nunca ficou pronto, na verdade”, afirmou Tarso. “O contrato era de dois anos. O Gastón também foi para lá. Eu fiquei até o GP de Mônaco. Eles achavam que a gente ia correr. Fui para a Itália, para tudo, e nunca podia correr. Diziam que tinha multa de inscrição, de US$ 48 milhões, e eles não queriam pagar, alegando que haviam comprado a equipe”, completou.

Fonte: Terra
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