Copia, mas não faz igual: o caminho da AlphaTauri na F1 2024
Rumores dão conta que a AlphaTauri usaria uma cópia do Red Bull RB19 para 2024. O regulamento não permite, mas pode chegar perto...
Na semana passada, já com as férias da F1 em ação, um tema agitou o publico com a informação trazida por Ted Kravitz, da Sky Sports, de que a AlphaTauri (pelo menos até aqui, enquanto não muda de nome) iria trazer um RB19 para a temporada 2024 para tentar sair do fundo do grid.
A declaração chamou a atenção. Não podemos negar que esta é uma tentativa de todos as equipes técnicas, ainda mais depois do grande “favor” que o guindaste de Monaco fez ao suspender o carro de Sergio Perez e jogar bastante luz sobre o que tem de baixo do RB19.
Porém, não é tão fácil assim...
No caso da AlphaTauri há uma forma de tornar a cópia mais fácil. Afinal de contas, Red Bull e AlphaTauri fazem parte do mesmo meio ambiente e não é de hoje que dividem soluções. Quando comprou a Minardi, a ideia dos taurinos era tornar o time como formador de talentos para a equipe principal, como também usar mesmas soluções técnicas.
No início, era assim. Só que a FIA e a F1 foram fechando as brechas que permitiam tais práticas. Afinal de contas, não é de hoje que a categoria não vê com bons olhos a venda de chassis. Porém, não fecha a porta para colaborações. Esta solução iniciou ao longo da primeira década do milênio e foi se aprofundando...
Até chegar ao modelo que foi tão questionado por conta da Haas e usado até hoje. Por este motivo que a Red Bull optou por dar alguma liberdade para a Toro Rosso e depois a AlphaTauri buscar alguma liberdade de desenvolvimento. Mas até a página 3...
Depois do caso da Racing Point em 2020 de ter “se inspirado” no desenho do duto de freio da Mercedes de 2019, as regras se tornaram um pouco mais rígidas. Basicamente, um F1 tem 4 tipos de peças, com base no Regulamento Técnico:
1) Componentes Listados do Time (LTC);
2) Componentes de Fornecimento Padrão (SSC);
3) Componentes Transferíveis (TRC); e
4) Componentes de Código Aberto (OSC).
Destas 4, os listados como tipo 1 são os que consideram os itens que definem um time como “Construtor”. Uma equipe pode até encomendar que um terceiro faça e fabrique, mas tem que ser dona exclusiva da identidade intelectual e não pode ser cópia direta de outro.
Se enquadram como LTC: monocoque (célula de sobrevivência, Santo Antônio e estruturas frontais de impacto); componentes aerodinâmicos (fundo, carrocerias dianteiras e traseiras, asas dianteiras e traseiras e carenagens das suspensões); montagem da prancha inferior; tambores e dutos de freio, dreno e sensor de pressão do tanque de combustível e radiadores principais.
Desta forma, em tese, a AlphaTauri não pode simplesmente copiar o que a Red Bull faz este ano. Neste caso, ela teria que fazer o famoso “copia, mas não faz igual”. Mas mesmo buscando os mudar os detalhes, a ideia é seguir a Haas com a Ferrari e pegar o máximo que o regulamento permite, dentro da lista dos itens 3 (Transferíveis). Estes abrangem: suspensões, cambio, direção e sistema de distribuição de combustível e hidráulico.
Seria o mesmo modelo Haas/Ferrari. Caso seja realmente adotado, faria que o time satélite ficasse restrito a soluções que a Red Bull tenha definido para seu carro. Pelos atuais regulamentos, nada impediria que os taurinos vendessem suas soluções deste ano para a AlphaTauri usar em seu carro de 2024.
Como o modelo de negócio da Red Bull permite esta solução através da Red Bull Technology, que é de fato a controladora do time (a equipe de F1 é uma subsidiária que faz a operação de corridas, como indicamos aqui), a AlphaTauri (ou o nome que vier a ter em 2024) aumentaria a aquisição junto a RBT e assim seguiria tudo feliz, caso esta equipe não começasse a incomodar os outros, tal qual a Haas e a Racing Point fizeram tempos atrás....