Drugovich mais um ano como reserva na F1: até onde vale o sonho?
Aston Martin anuncia Felipe Drugovich como piloto reserva em 2025. A F1 é sonho de quase todo piloto. Mas e quando o sonho parece fazer mal?
Nesta segunda (13) a Aston Martin anunciou a permanência de Felipe Drugovich por mais uma temporada no papel de piloto reserva e de testes, alternando o posto com o belga Stoffel Vandoorne.
No comunicado oficial, Mike Krack, agora chefe de operações de pista, fez questão de ressaltar o papel que o brasileiro realiza fora da pista, especialmente nos simuladores, realizando “um papel crucial no nosso progresso”. Por outro lado, Drugovich diz que é um prazer estar na terceira temporada com o time.
Agora, vou deixar o lado racional de lado e que o torcedor tome conta das linhas a seguir.
O talento de Felipe Drugovich é inegável. Quem o acompanha desde cedo sabe disso. Tive chance de acompanhar a escalada ainda na Euro Formula em 2018, onde varreu a concorrência (e até tive chance de conversar nos preparativos para a F3 em 2019. O link está aqui). E depois na F3 e F2, onde foi campeão em 2022.
Mas, como em outras áreas, talento só não basta. É preciso que as coordenadas estejam certas para que as coisas aconteçam. Desde sempre, seu objetivo foi a F1, o que é normal de quase a totalidade dos pilotos.
Só que com o passar do tempo, as portas que pareciam se abrir, ficam cerradas. Se sabe que muita coisa que acontece nos bastidores, não chega ao grande público. E muitas vezes, este fica fica frustrado.
Um homem se move por sonhos. Porém, muitas vezes a busca pelo sonho acaba por ser seu grande obstáculo. Nesta hora é que se lembra da lenda de Ícaro, que queria voar de qualquer forma e chegar ao Sol. Pensou e planejou muito. Construiu suas asas. Só que o seu objetivo acabou por destruí-lo: o calor do sol fez que a cera das asas derretesse e levasse Icaro a cair no mar.
Por que citar esta lenda? É válido que Drugovich sonhe em ser um piloto titular de F1. Afinal de contas, este é o sonho, o objetivo de uma vida inteira. Mas e quando este sonho acaba te matando?
No ano passado, em uma participação no Flow Podcast, Drugovich ensaiou falar de algumas situações que apareceram e que fizeram perseverar na ideia de tentar uma vaga na F1. Mas ainda ficou truncada a compreensão. Talvez se optasse em fazer este movimento de forma um pouco mais clara, o público poderia entender os cenários envolvidos e não jogar tanta pedra no piloto e nos seus empresários.
Todo caso, Drugovich é jovem e pode considerar tantas outras possibilidades. Até onde se sabe, havia a possibilidade Ganassi algum tempo atrás. Fórmula E também apareceu, mas não se concretizou. No ano passado, se aventurou nos protótipos, andando no Cadillac da Action Power e depois no LMP2 do Europeu de Endurance. Pode ser o momento de olhar outras possibilidades de competir bem fora da F1 e fazer uma bela carreira.
Ficar mais um ano como reserva te dará sim esta chance de estar dentro do meio e seguir participando da preparação, conhecer mais a entranha dos times. Mas também é preciso estar em ação...Daytona vem aí, mas e depois? Le Mans e ELMS novamente? A carta WEC ainda está na mesa?
Aqui está alguém que torce por Felipe Drugovich. Se for para a F1, ótimo. Se não for, ótimo também. A F1 é a nossa querida, mas existem outras ótimas possibilidades fora dela. E ninguém vai achar isso ruim. Ao contrário: vai ter gente torcendo por você e ajuda a criar caminhos para que outros também vejam que vale se aventurar em novas águas. Mas não deixe que o sonho mate a realidade.