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Eddie Jordan, o ultimo garagista e roqueiro da F1

Após lutar contra um câncer, Eddie Jordan nos deixa aos 76 anos, deixando uma imagem de irreverência e a lembrança do ultimo garagista

20 mar 2025 - 08h35
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Eddie Jordan no Canadá 1996: irreverencia e coragem foram suas marcas
Eddie Jordan no Canadá 1996: irreverencia e coragem foram suas marcas
Foto: Wikipedia

Corridas podem acabar com glórias ou grandes lambanças. O mundo do automobilismo nesta quinta-feira, 20 de março, ficou mais pobre com a notícia da morte de Eddie Jordan. Após ser diagnosticado com um tipo agressivo de câncer de próstata, o irlandês deixou as pistas na data de hoje, confirme confirmou sua família.

Nascido Edmund Patrick Jordan em Dublin, Irlanda, em 30 de março de 1948, chegou a pensar em se tornar padre em sua adolescencia. Mas acabou fazendo um curso técnico de contabilidade e foi trabalhar no Bank of Ireland.

Durante uma greve em Dublin em 1970, foi para Jersey. No meio de uma vida louca se dividindo entre dois empregos, descobriu o automobilismo através do kart. Isso mudou sua vida. Mesmo sem grandes recursos, Jordan foi galgando espaço no disoutado automobilismo britânico. Campeao irlandês em 1971, foi para os carros, fazendo Formula Ford e Fórmula 3. Tudo isso sem largar o emprego de caixa no banco. Mesmo que os resultados de pista não fossem maravilhosos, Jordan mostrou um talento para obter patrocínios.

Após vencer o campeonato de Formula Atlantic em 1978, Jordan chamou a atenção de Derek McMahon, que apoioi a carreira de vários irlandeses no automobilismo. Em 1979, ele o chama para seu time na F3 Inglesa junto com Stefan Johansson. Aos poucos, McMahon vai passando algumas das funções de pista ao irlandês. Os resultados naquele ano não foram tão bons, graças a uma mudança técnica na categoria (introdução do efeito-solo). Mas nasceu o dono de equipe Eddie Jordan.

Eddie Jordan na F3 inglesa em 1979
Eddie Jordan na F3 inglesa em 1979
Foto: Stuart Dent / X

Em 1980, funda a Eddie Jordan Racing e consegue se estabelecer no competitivo mundo do automobilismo britânico. Para se ter ideia, foi na equipe de Jordan que Ayton Senna teve sua primeira chance na F3 no final de 1982. Em 1988, faz a transição para a F3000 Internacional com o apoio da Camel e trazendo Johhny Herbert, que tinha sido seu piloto na F3 inglesa, levando o campeonato no ano anterior.

Em 1989, vence o campeonato da F3000 com um tal de Jean Alesi, que estreou na F1 naquele ano. Naquele momento, as coisas caminhavam bem e Jodan pensou: por que não ir além? O além era a F1.

Ao longo de 1990, Jordan monta sua base no portão de Silverstone e começa a montar seu time para a temporada de 1991. Com Gary Anderson, que chegou naquele ano para a F3000, Mark Smith e Andy Green, começa a conceber um dos carros que entraram para a história da F1.

O projeto da Jordan para a F1 foi repleto de desafios: primeiro, o time foi montado na raça e inicialmente usaria o JuddV10, motor que vinha sido desenvolvido por John Judd para substituir o então V8 e ser uma opção barata e confiável para equipes pequenas. Mas em um golpe de sorte, encontraram uma vez um diretor da Cosworth em um pub perto de Silverstone e descobriram que havia um acordo de motores disponível. Mas não era um qualquer: basicamente seria para ter acesso aos motores HB uma especificação abaixo da Benetton. Era uma opção que daria uma unidade mais potente, leve, menor e confiável. Custaria mais, mas os ganhos compensavam.

À esta altura, o carro de 1991 já estava em fase de conclusão. E foi apresentado no final de 1990 em Silverstone pilotado por John Watson, outro irlandês de quatro costados. Chamou a atenção o perfil esguio e a aerodinamica refinada. Além do nome: 911. Isso mereceu uma ação por parte da Porsche, que tinha os direitos sobre a marca.

John Watson com o então Jordan 911 em Silverstone
John Watson com o então Jordan 911 em Silverstone
Foto: X / Reprodução

Aqui,a tenacidade de Jordan se mostrou presente: não se fez de rogado, peitou os alemães e chegou a um acordo em que o time mudaria o nome do carro e a Porsche daria um 911 a ele...Outro exemplo foi o acordo com a Pepsico, que namorava a F1 há tempos e colocou a 7Up nos carros de Jordan a um custo extremamente baixo.

Rapidamente, aquele carro verde se impos pela qualidade e logo marcou pontos com a dupla Andrea de Cesaris (que Jordan já conhecia da época da F3) e Bertrand Gachot. O time saiu da pré-qualificação logo na metade da temporada e se tornou um time de meio de grid, com o 191 sendo referencia para muita gente.

Só que as escolhas de Jordan para estrear na F1 fizeram o bolso doer. E quando Bertrand Ganhot foi preso por ter uma briga com um taxista, aceitou US$ 100 mil da Mercedes para testar um tal de Michael Schumacher, que vinha se destacando no automobilismo alemão e que a marca trouxe para seu programa no Grupo C, pensando em um futuro programa de F1. Após um ligeiro teste em Silverstone antes do GP da Bélgica, Schumacher chamou a atenção de todos ao botar a Jordan em 7º lugar no grid.

Eddie Jordan e Michael Schumacher em Spa. Parecia ser o inicio de uma bela amizade...
Eddie Jordan e Michael Schumacher em Spa. Parecia ser o inicio de uma bela amizade...
Foto: X / Divulgação

Naquele momento, Jordan viu que tinha uma mina de ouro nas mãos. Havia um pré-acordo, as a Mercedes tambpem procurou Flávio Briatore, então chefe de equipe da Benetton. Após uma verdadeira briga de foice, Eddie Jordan perdeu Schumacher e ganhou uma compensação financeira. O que não adiantou muito para fechar o ano, que quase foi a falência. Não fossem os acordos com a Yamaha e a petrolifera sul afriacana Sasol, o time teria fechados as portas no fim de 1991.

Aos poucos, Eddie Jordan foi estabelecendo seu time pensando em ser grande. A primeira pole veio em 1994 com Rubens Barrichello na Belgica. Neste mesmo ano, também veio o primeiro pódio, com o piloto brasileiro em Aida. O acordo com a Peugeot em 1995 mostrava que a Jordan merecia sim ser considerada para o futuro...Mostrando seus dtotes, Eddie Jordan consegue o apoio da tabaqueira Gallaher e traz a marca Benson & Hedges para a F1.

Parecia uma questão de tempo a Jordan entrar para o grupo das grandes equipes da F1. Em 1998, fecha acordo para receber os motores Mugen Honda e traz Damon Hill para um de seus carros. E a primeira vitória veio em um circuito tão marcante para o time: Spa-Francorchamps, com direito a dobradinha.

Em 99, o sonho se mostra possível: Heinz Harald Frentzen se encontra com o 199 e disputa o título do campeonato até o final. Era tudo uma questão de tempo. E um acordo com a Honda para fornecimento de motores mostrava que o caminho era livre.

Porém, não foi assim: Jordan recusou uma proposta dos japoneses de compra do time. Em paralelo, as necessidades de crescimento rápido combravam seu preço e o time sofria com problemas de confiabilidade e de carros não tão bem concebidos. Parecia que o topo havia sido alcançado.

Com a saida da Honda no final de 2002, o time começou uma espiral de maus resultados e fua de patrocinadores. Antes que a situação ficasse ruim e perdesse patrimonio, Jordan vendeu o time no final de 2005 para o empresário russo-canadense Alex Schneider.

A partir de então, Jordan passou a ser comentarista de TV e seguiu acompanhando o circo, além de se dedicar a outros campos, como a musica, uma de suas paixões. Ficaram célebres as festas comandadas por ele em Silverstone após o GP da Inglaterra ainda quando era chefe de equipe. Como comentarista, manteve seu estilo ácido e sarcástico, sendo o primeiro a falar na transferencia de Lewis Hamilton para a Mercedes em 2012.

Nos ultimos tempos, Jordan seguia envolvido com a F1, mas não tão intensamente, No ano passado, deixou a todos tristes quando confirmou que havia sido diagnosticado com câncer na prostata e na bexiga. Mesmo assim, seguiu trabalhando e foi quem negociou a ida de Adrian Newey, seu vizinho na Cidade do Cabo, para a Aston Martin.

Nesta quinta, veio o anuncio oficial da família de seu passamento, às vésperas do seu 77º aniversário. Fica agora a lembrança. Devemos ficar com a imagem do cara que óculos, que vivia trocando de perucas (desde cedo era muito calvo)e deu chance a muitos pilotos de talento. Foi o verdadeiro ultimo garagista da F1, que começou debaixo e conseguiu chegar ao topo do automobilismo.

Descanse em paz, Eddie. Curta sua bateria e os carrinhos onde quer que você esteja.

Parabólica
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