Entendendo o labirinto das regras da F1, segundo a FIA
Após as mudanças feitas para Baku, a FIA decidiu tentar explicar como é o processo de discussão e decisão das regras da F1
As regras da F1 são um capítulo à parte. Todo fã da categoria xinga até dizer chega, mas poucos tem disposição se encarar o calhamaço de páginas escritas em um inglês (ou francês) perfeitamente jurídico, praticamente em um dialeto próprio, e que deixa uma série de interpretações no ar.
Às vésperas do GP do Azerbaijão, a FIA aprovou uma série de modificações no formato da Sprint Race (ver aqui) e em outros pontos, como a quantidade de peças de motores (aqui). E para tentar ajudar a explicar o processo de decisão de regras na F1, fez uma ligeira explicação em seu site. Como somos entrudos, trazemos para vocês.
Basicamente, o processo de definição das regras da F1 tem a participação dos seguintes atores:
Comissão de F1 (F1 Commission): Composta por representantes da F1, FIA, os 10 chefes de equipes e representante de cada fabricante de motor
Comitê Esportivo (Sporting Advisory Committee): F1, FIA e Diretores Esportivos das equipes
Comitê Técnico (Technical Advisory Committee): F1, FIA e Diretores Técnicos das equipes
Comitê de Unidades de Potência (Power Unit Advisory Committee): F1, FIA e fabricantes
Comitê Financeiro (Financial Advisory Commitee): F1, FIA e Diretores Financeiros das equipes.
Conselho Mundial de Esporte a Motor (WMSC): Presidente da FIA, Vice-Presidente Esportivo da FIA, 7 Vice-Presidentes da FIA, 14 membros titulares e 5 membros por direito, incluindo a F1. Em assuntos da F1, um representante da Comissão de F1 vota pelo Presidente da Comissão de Construtores da FIA.
Tudo começa na Comissão de F1. Ela discute as ideias para o futuro da categoria e resolver os problemas que surgem. Em princípio, se reúnem pelo menos três vezes no ano, antes das reuniões do Conselho Mundial de Esporte a Motor.
O comando das reuniões é alternado entre a FIA e a FOM (Liberty Media). Cada time tem direito a 1 voto e FIA e FOM tem direito cada uma a quantidade total de equipes no campeonato. Desta forma, são 30 votos em questão. Em casos que envolvem as Unidades de Potência, os 4 representes dos fabricantes também participam.
Para que um projeto siga adiante para discussão dos comitês temáticos, a maioria simples decide. Mudanças nos Regulamentos Esportivo e Técnico deverão ser votadas até abril do ano anterior ao da temporada que se quer modificar e são necessários 25 dos 30 votos para aprovação. Mas se uma mudança for introduzida após este prazo, passam a ser necessários 28 votos (80% do total). Em casos de Unidades de Potência, as condições são as mesmas, mas tem que ter pelo menos 2 fabricantes votando a favor.
O Regulamento Financeiro segue o mesmo figurino, mas a data limite é setembro. Em casos de segurança, as modificações podem ser feitas a qualquer momento e sem a aprovação da Comissão de F1, mas após consulta aos Comitês Temáticos para ajustes dos demais pontos, incluindo o lado financeiro.
No caso das mudanças da Sprint Race, segundo a FIA, as propostas iniciais surgiram na primeira reunião da Comissão de F1 que aconteceu em janeiro deste ano em Londres. E foi aprovada por unanimidade (seriam necessários 28 dos 30 votos)
Uma vez a proposta aprovada, ela vai para um dos comitês temáticos da FIA (ou até mesmo mais de um), que discute os impactos das modificações nos regulamentos e que alterações são necessárias. Estes comitês são formados por técnicos das equipes, FIA e FOM (Liberty Media). Somente depois dos comitês decidirem a forma final das regras é que esta vai para a deliberação e aprovação da Comissão de F1, que pode devolver a questão de volta.
Uma vez a Comissão de F1 aprovando, as mudanças vão para a aprovação do Conselho Mundial de Esporte a Motor. Este se reúne pelo menos 3 vezes ao ano para discutir as modificações e desenvolvimento de todas as categorias de esporte a motor automobilísticas sob responsabilidade da FIA.
As reuniões podem ser presenciais ou também por voto eletrônico e sua realização pode ser feita em caráter extraordinário, como foi agora no caso das mudanças das Sprint Races para Baku.
Basicamente, o esquema de decisão é este. Por este motivo é que as coisas acabam demorando mais do que o necessário e o jogo político aqui acaba por ser tão decisivo quanto os resultados de pista. Alguns anos atrás, a questão da unanimidade para mudanças foi retirada, mas é preciso uma maioria bem significativa para mudanças.