Ex-chefe da Ferrari, Arrivabene é suspenso do futebol por dois anos por fraude contábil
Maurizio Arrivabene foi um dos punidos no caso da fraude contábil da Juventus, tradicional clube de futebol italiano. O afastamento do esporte vai durar dois anos
O momento é delicado para o ex-chefe da Ferrari, Maurizio Arrivabene. O italiano, que ficou à frente da escuderia de Maranello na Fórmula 1 entre 2015 e o fim de 2018, foi suspenso por dois anos do futebol, onde passou os últimos tempos como presidente do conselho diretivo da Juventus. O motivo é um escândalo de fraude contábil.
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O caso estourou no noticiário italiano ainda no fim do ano passado e causou com que boa parte da diretoria da Juventus se demitisse ainda em novembro, Arrivabene entre eles. Na última sexta-feira, o caso foi julgado pelo Tribunal Federal de Apelações, na Itália.
De acordo com a resolução do tribunal, a Juventus superfaturou o valor de transferências de jogadores para ajudar a tapar déficits importantes no balanço financeiro do clube. O objetivo era não ser punido pelo fair play da UEFA. Alterar valores para maquiar a situação financeira de uma companhia é evidentemente ilegal.
Após a resolução, ficou definido que a Juventus perca 15 pontos na atual temporada do Campeonato Italiano de futebol, a Serie A. É algo que tira a maior campeã da história do futebol italiano do terceiro lugar e empurra para o décimo, bem longe da briga pelo título ou por vaga na Liga dos Campeões, a maior competição interclubes do futebol europeu.
Além disso, os diretores envolvidos no caso foram todos punidos. Fabio Paratici, ex-diretor-esportivo, foi suspenso do futebol por 30 meses; Arrivabene e o ex-presidente Andrea Agnelli, por 24 meses; o coordenador-esportivo Fabio Cherubini, 16 meses. O ex-jogador e ídolo do clube, além de ex-vice-presidente, Pavel Nedved, lidera uma lista de outras sete pessoas suspensas por oito meses: os ex-conselheiros Paolo Garimberti, Assia Grazioli-Venier e Francesco Roncaglio; as ex-diretoras independentes Caitlin Hughes e Daniela Marilungo; e o ex-diretor-não-independente Enrico Vellano.
É importante lembrar que Arrivabene pintou na Juventus pouco após deixar a Ferrari, algo que demonstra a proximidade com a família Agnelli, dona das companhias. Andrea Agnelli, inclusive, chegou até a ser cotado para assumir a presidência do grupo Fiat-Chrysler após a morte de Marchionne.
A Juventus ainda pode recorrer das penas junto ao Comitê Olímpico Italiano. Inicialmente, o clube e os diretores haviam sido inocentados da acusação, mas, no fim do ano passado, ligações telefônicas entre vários dos dirigentes juventinos foram interceptadas e mostravam admissões dos crimes nos anos de 2019, 2020 e 2021. Tudo para evitar as possíveis punições do Fair Play Financeira da UEFA.
Vários outros clubes italianos, envolvidos em negócios com a Juventus, foram investigados, mas absolvidos. Foi o caso de Empoli, Genoa, Novara, Parma, Pescara, Pisa, Pro Vercelli e Sampdoria. O caso ainda está em julgamento para outras manobras nos balanços que podem gerar outras punições para os dirigentes.
Arrivabene chegou na Ferrari após o conturbado 2014 que viu o então chefe, Stefano Domenicali, deixar o time durante a temporada, bem como o presidente de longos anos Luca di Montezemolo, que ainda tentou o executivo Marco Mattiacci como última cartada para a chefia e manter a estrutura. Entretanto, nenhum resistiu ao ano. Sergio Marchionne assumiu como presidente do Grupo Fiat-Chrysler e escolheu Arrivabene para a chefia.
Nos anos seguintes, a Ferrari até ameaçou uma briga pelo título com a Mercedes, nos anos de 2017 e 2018, mas o declínio da saúde e subsequente morte de Marchionne fizeram a Ferrari mudar de rumo. Arrivabene ficou pelo caminho e foi substituído pelo então diretor do Departamento de Motores, Mattia Binotto, que permaneceu no cargo até o fim do ano passado. Frédéric Vasseur é o novo chefe.
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