F1: a arma da Ferrari para vencer no Japão
Após desempenho mais consistente em Singapura, Ferrari traz novidade para este fim de semana na expectativa de adiar o título de Verstappen
Faltando cinco corridas para o fim da temporada, parece questão de tempo para que o holandês Max Verstappen consiga o seu segundo título na Fórmula 1. O cenário parece o melhor possível: GP do Japão, em Suzuka, casa da Honda - parceria histórica da Red Bull nos últimos anos - e o ambiente desenhado para a conquista do título.
Entretanto, a Ferrari quer adiar a festa dos adversários em solo japonês. Em termos de aerodinâmica e entendimento da pista, existe alguma chance da Ferrari conseguir a vitória? Primeiramente, é preciso entender onde o carro Tifosi performou melhor: as vitórias italianas na temporada vieram no Bahrein, Austrália, Grã-Bretanha e Áustria. Red Bull Ring e Bahrein são pistas que exigem bastante tração e a Ferrari, que tem essa característica forte, conseguiu performar bem. Em Silverstone e Austrália, embora de características diferentes, por uma ser rua e outra circuito permanente, são pistas mais sinuosas, na qual a velocidade do carro apareceu e a equipe italiana conseguiu ficar no ponto mais alto do pódio.
Porém, muito mudou dessas corridas até aqui. Em Singapura, a Ferrari conseguiu a pole com Leclerc, mostrando mais uma vez o ótimo ritmo de classificação que foi, ao longo do ano, o ponto forte do F1-75 - embora Verstappen pudesse até mesmo roubar essa pole position caso tivesse conseguido completar a sua volta. Na corrida, apesar da chuva, o carro vermelho competiu e Leclerc esteve por muitos momentos em condições de ultrapassar Perez, porém, por conta da degradação do pneu nas voltas finais, o monegasco acabou perdendo espaço.
Mesmo sem conseguir a vitória, a Ferrari performou muito bem nas curvas de baixa velocidade e andou próxima à Red Bull em muitos momentos, algo que não vinha acontecendo nas últimas etapas do calendário. Muitos analistas encaram esse desempenho forte como resultado da diretiva técnica da FIA sobre o proposing, embora em Marina Bay ela não tenha tanto efeito.
Para Suzuka, uma pista extremamente técnica e desafiadora, a Ferrari tem novidades. De acordo com o The Race, os Tifosi vão estrear um novo assoalho para a corrida, que foi testado semanas atrás, mas não estreou em Marina Bay por não valer a pena e ter pouco impacto. Não espera-se que Suzuka vá trazer algo do ponto de vista de boucing e coisas do gênero, haja vista que a pista foi recapeada, por isso, segundo a matéria, esse novo piso tem como um dos objetivos aumentar os pontos de downforce e a janela operacional. Aliás, a janela de funcionamento maior é algo que o F1-75 busca melhorar, já que houve uma perda deste fundamento nas últimas provas.
Considerando os efeitos do novo assoalho, é necessário observar como vai ser o desempenho. Como Suzuka é um circuito de downforce médio, o equilíbrio do carro é primordial para que tenha-se um bom desempenho nas curvas rápidas. A característica de curvas de alta velocidade da pista japonesa é algo no qual o carro Ferrari deve aproveitar muito bem.
Evidentemente, nada na Fórmula 1 é previamente garantido, no entanto, há uma expectativa muito grande dentro da Ferrari, apoiada nos testes em Maranello de que se o resultado em pista for parecido com os de simulador, a equipe italiana tem chances reais de vencer e adiar o título de Verstappen.
Do ponto de vista de pneus, a Pirelli traz os três compostos mais duros disponíveis (C1/C2/C3), combinação de pneus usada em apenas cinco corridas neste ano. Por ser um circuito de alta velocidade e grandes mudanças de direção, as taxas de desgaste dos pneus são bem altas, fazendo com que a degradação seja algo para se tomar cuidado. Por essa razão, as simulações de long run dos treinos livres são de suma importância para que tenha-se a real noção do que poderá acontecer na corrida.
Em linhas gerais, a Ferrari precisa aproveitar bem os treinos livres para fazer as simulações necessárias. Além disso, é necessário melhorar a gestão de temperatura dos pneus, ainda mais em uma pista na qual a degradação promete ser alta. Conseguindo mitigar esse ponto fraco, aliado à melhora de desempenho em relação a Spa e Zandvoort, a Ferrari tem boas possibilidades de brigar pela vitória no Japão, mas tudo isso dependerá de como a Red Bull se comportará. Tendo em vista o equilíbrio da equipe austríaca, a luta será intensa, mas a vitória pode ser possível dentro do que fará os adversários e planos estratégicos.