F1: A incrível corrida de Raikkonen no GP do Japão de 2005
Raikkonen largou em 17° lugar e conquistou a vitória última volta, uma saga heróica que se tornou uma das melhores de todos os tempos
Kimi Raikkonen teve uma bela temporada de 2005, terminando como vice-campeão. No entanto, aquele ano foi ofuscado pelos problemas mecânicos que o finlandês teve durante a temporada: foram três punições de 10 posições no grid por troca de motor, duas quebras quando liderava, além de problemas com pneus nos GPs da Europa, quando era líder na última volta, e da Malásia.
Isso fez com que Fernando Alonso (Renault) tivesse uma maior facilidade para ganhar o título - o que não tira o mérito do espanhol, que foi consistente durante todo o ano. O campeonato de pilotos foi decidido no GP do Brasil, a antepenúltima etapa. O GP do Japão foi a etapa seguinte. Apesar do campeonato de pilotos estar decidido, a disputa nos construtores ainda estava aberta, com a McLaren liderando com 164 pontos contra 162 da Renault.
Na época, a qualificação tinha um formato diferente: uma única volta lançada definia o grid de largada, sendo a ordem de entrada na pista o inverso da prova anterior. Raikkonen foi 2° lugar no Brasil e entrou na pista no pior momento possível, marcando 2m02s309, apenas o 17° tempo, o último dos que marcaram tempo. Montoya iria entrar depois, mas acabou desistindo.
O grid ficou: 1º R. Schumacher (Toyota); 2º Button (BAR); 3º Fisichella (Renault); 4º Klien (Red Bull); 5º Sato (BAR); 6º Coulthard (Red Bull); 7º Webber (Williams); 8º Villeneuve (Sauber); 9º Barrichello (FerrarI); 10º Massa (Sauber); 11º Karthikeyan (Jordan); 12º Pizzonia (Williams); 13º Albers (Minardi); 14º M. Schumacher (Ferrari); 15º Doornbos (Minardi); 16º Alonso (Renault); 17º Raikkonen (McLaren); 18º Montoya (McLaren); 19º Trulli (Toyota) e 20º Monteiro (Jordan).
Também é preciso lembrar que a dinâmica de corrida era bem diferente de hoje em dia. O primeiro ponto é que existiam duas fornecedoras de pneus: Bridgestone e Michelin. A troca de pneus durante a prova não era permitida, uma regra específica para aquele ano, que prejudicava as equipes clientes da Bridgestone, como a Ferrari. Outra diferença em relação a hoje era o reabastecimento, já que os pilotos eram obrigados a largar com o combustível que tinham na qualificação.
A corrida foi realizada com a pista seca. Tudo começou muito bem para a Toyota, que conseguiu manter a liderança, Fisichella pulou para o 2° lugar. Sato e Barrichello escaparam na primeira curva. Vindos de trás, Michael Schumacher, Alonso, Montoya e Raikkonen começaram a escalar o pelotão. Na primeira volta já eram 7°, 8°, 11° e 12°, respectivamente.
Raikkonen chegou a dar uma escapada na chicane, o que lhe fez cair para 13°, porém, Montoya bateu ao tentar ultrapassar Villeneuve e provocou um Safety Car, o que fez o finlandês ganhar uma posição. O Carro de Segurança saiu na volta 8, frustrando os planos de Ralf Schumacher, que tinha largado leve, situação oposta ao trio Alonso, Raikkonen e Schumacher, com carros mais pesados.
Nas voltas seguintes, o que se viu foi o progresso dos três pilotos, Michael Schumacher passou Klien (Red Bull) na relargada, Raikkonen passou Massa (Sauber), Pizzonia (Williams) e Villeneuve (Sauber), Alonso também conseguiu passar Klien, porém teve que devolver a posição duas voltas depois, e isso fez Raikkonen colar o espanhol.
Na volta 13, Ralf fez sua primeira parada e voltou em 9° lugar. Alonso e Raikkonen passaram por Klien e agora estavam chegando em Schumacher, que já estava sem rendimento - como dito anteriormente, os pneus japoneses não tinham o mesmo rendimento dos franceses. Foram sete voltas com Alonso tentando passar Schumacher. Vendo que não iria conseguir ultrapassar em um local convencional, arriscou uma ultrapassagem na 130R, uma curva de alta: a coragem foi bem sucedida e Alonso já era 6°.
JAPAN, 2005 🇯🇵
The newly-crowned champion has the seven-time champion in his sights 🎯
It's @alo_oficial v Michael Schumacher through 130R at Suzuka 😮
Our subscribers can watch the full race via the F1 TV archive >> https://t.co/LvyBsdmrNj#F1 #JapaneseGP pic.twitter.com/gBs1rPXDhQ
— Formula 1 (@F1) October 5, 2018
Fisichella, que liderava, fez sua primeira parada na volta 20, Button e Alonso pararam na volta seguinte. Na volta 26, Schumacher e Raikkonen estavam nas duas primeiras posições quando pararam. Era esperado que os dois conseguissem fazer apenas uma parada, já que só faltavam 25 voltas para o final, porém, o tempo de parada de ambos indicou que iriam ter que parar mais uma vez. O pit stop menor fez os dois ganharem a posição de Alonso.
Na volta 28, Ralf Schumacher parou e voltou atrás dos três, deixando de ser uma ameaça. Kimi conseguiu passar Schumacher na volta 30, assumindo a 4ª posição. Alonso ficou com o problema e foram três longas voltas, até conseguir passar o alemão pela segunda vez. Na volta 36, o espanhol parou novamente. Raikkonen já estava tentando a terceira posição, atacando Webber, que tinha Button logo à frente.
O líder Fisichella parou na volta 38, voltando em 4° lugar, cinco segundos atrás da briga liderada por Button. O britânico e o australiano pararam na volta 40, deixando a pista livre para Raikkonen. O finlandês ainda tinha que parar mais uma vez, mas estava conseguindo abrir para o italiano: a vantagem era de mais de 10 segundos quando Raikkonen parou na volta 45.
Depois de uma volta da parada, a vantagem de Fisichella não era muito grande, apenas 5s470, e Raikkonen chegou no piloto da Renault na volta 49. Foram momentos de emoção, até que Kimi conseguiu dar o bote na última volta, a 53, e venceu a prova de forma épica. Contribuiu o fato de Fisichella estar tentando se defender na chicane, o que o deixou vulnerável na reta principal.
LAST. LAP. DRAMA.
Here's Kimi Raikkonen's 2005 #JapaneseGP-clinching overtake past Giancarlo Fisichella!#F1 pic.twitter.com/0lC3MKliES
— Formula 1 (@F1) March 31, 2020
Alonso também se deu bem, conseguindo ultrapassar Button na volta 41 e Webber na volta 49, conquistando um lugar no pódio. Michael Schumacher era o 3° lugar quando parou na volta 42, voltou apenas em 7° lugar e se manteve nesta posição até o final da prova. Apesar da vitória manter a McLaren viva na briga pelos Construtores, a Renault virou o jogo com 176 contra 174 e conseguiu se segurar na dianteira até o fim da temporada.