F1: AlphaTauri anuncia mudanças e dá pistas para o futuro
As mudanças anunciadas na estrutura da AlphaTauri dão noção que a Red Bull tem planos para o time. Este é só o começo
A AlphaTauri está nas manchetes da F1 nos últimos tempos não por seus resultados. Inicialmente, se falou em possível venda e mudança de sede. Depois, houve praticamente uma guerra aberta pelo chefe de equipe Franz Tost contra os engenheiros da equipe após o AT04 não ter vindo do jeito que se esperava...Definitivamente, tranquilidade era algo que estava longe de Faenza...
Nascida da compra da antiga Minardi no fim de 2005 em uma conversa entre Dietrich Mateschitz (o “pai” da Red Bull) e Paul Stoddart, com as benções de Bernie Ecclestone, o time sempre teve o objetivo de ser a porta de entrada dos pilotos da academia taurina de pilotos na F1. Não podemos esquecer que Vettel, Sainz, Gasly, Verstappen e Ricciardo tiveram seu estágio ali.
O time sempre foi uma espécie de “patinho feio” do grupo e fez muito o trabalho sujo para a “nave-mãe”. Além dos pilotos, como esquecer o papel de “cavalo de Tróia” em 2018 para ajudar a desenvolver o motor Honda e salvar a participação japonesa na F1?
Por conta das regras, Mateschitz decidiu rebatizar o time com a marca de roupas do grupo, lembrando muito a estratégia que a Benetton fez nos anos 80. Além de estruturar a antiga fábrica da Minardi para maiores passos. Aliás, neste ponto, Paul Stoddart, então dono da Minardi, esclareceu recentemente que a permanência da Sede da equipe na Itália foi um acerto verbal entre ele e Mateschitz.
Mesmo assim, a AlphaTauri seguiu dividindo algumas peças da Red Bull e usando um antigo túnel de vento taurino na Inglaterra. Com o declínio da saúde de Mateschitz, as conversas de uma possível venda passaram a aumentar. Na verdade, elas sempre estiveram presentes, mas nunca foram embora.
Uma veiculação que volta e meia é especulada seria a Honda assumir o controle do time, o que foi negado por várias vezes. Mas com a morte de Mateschitz e a entrada dos herdeiros, o caminho ficou um tanto duvidoso. Daí surgiram as conversas de uma possível venda...
De acordo com os documentos contábeis, a Red Bull despeja diretamente cerca de US$ 80 milhões por ano na AlphaTauri. E nunca fez segredo que não via com maus olhos dividir a conta. No início, Gerhard Berger era sócio do time. Posteriormente, a Honda também ajudou no orçamento e nos últimos tempos, foi liberada para fazer uma busca mais ativa para aumentar o orçamento.
Nesta temporada, causou até certa surpresa a chegada da polonesa Orlen como parceira do time, mas foi um movimento alinhado com o movimento de maior autonomia. O fato é que a Red Bull nunca se fechou a ouvir parcerias ou até mesmo uma venda, embora o time fizesse todo o sentido na estratégia da marca.
Após muito barulho, hoje veio a confirmação: Franz Tost, envolvido desde o início do time, deixa o comando do time no final da temporada, ocupando um posto de Consultor. Por sua experiencia com jovens pilotos, não se pode se descartar uma participação no programa de formação de pilotos da Red Bull...
Para o seu lugar, chega Laurent Mekies, atualmente na Direção Esportiva da Ferrari. Este é um retorno para o ninho: Mekies era engenheiro da Minardi e ficou na Toro Rosso até 2014, quando foi para a FIA (era um dos vinham sendo preparados para assumir uma parte das ações que era de Charlie Whiting).
Falando em FIA, é um ex-dirigente que vem para assumir o posto de CEO do time: Peter Bayer. Vindo da Federação Internacional de Snowboard, o suíço chegou no automobilismo em 2017 e foi quem comandou todo o processo de investigação do que aconteceu em Abu Dhabi 2021 (falamos dele aqui).
Esta foi a primeira grande mudança feita pela Red Bull no time após a morte de Dietrich Mateschitz e a entrada de Oliver Mintzlaff como responsável pelas atividades esportivas do grupo. Outras virão por aí...
Uma delas será a volta de mais peças vindas da Red Bull Technologies. Isso significa que a AlphaTauri voltará a usar conceitos mais semelhantes ao da nave-mãe e aprofundar o papel de cliente. É uma forma de otimizar o uso dos recursos atuais e aumentar o desenvolvimento.
A venda por enquanto está descartada (diz-se que uma proposta de US$ 800 milhões foi negada), mas um sócio seria bem-vindo. Nesta situação, poderia aparecer uma equipe que tem relações com a Red Bull e tem planos de vir para a F1, a Hitech.
A britânica Hitech tem uma relação forte com a Red Bull por conta das categorias de base (atualmente, 3 pilotos da academia Red Bull estão ligados ao time) e é um nome considerado para entrar na F1 no processo aberto pela FIA para novas equipes (falamos aqui).
Diz-se que o time já vem trabalhando no projeto F1 e paira sob sua cabeça a dúvida de ainda estar sendo financiada por seu ex-dono Dmitri Mazepin. Algumas conversas dão conta que, se o pedido de entrada for negado pela FIA, a conversa da Hitech com a AlphaTauri seria intensificada e promover uma integração total do programa de formação de pilotos com a F1.
O fato é que a AlphaTauri se movimenta para seguir em frente e, embora o movimento inicial seja de integração com a Red Bull, pode significar um afastamento no médio/longo prazo. Vamos ver os próximos passos.