F1: E se acontecesse no Brasil o mesmo do que na Austrália?
Invasão de pista, torcedor ferido por detrito e até furtos marcaram o domingo em Melbourne. E se fosse no Brasil?
Neste domingo (02) os organizadores do Grande Prêmio da Austrália foram convocados pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) a prestar esclarecimentos sobre incidentes ocorridos após o final da prova em Melbourne.
Um grupo de fãs invadiu a pista antes da hora após pularem a cerca de proteção do autódromo. Naquele momento, muitos carros ainda geravam energia e, caso alguém tocasse neles, poderia até ser eletrocutado. Além disso, muitos desses torcedores foram vistos quebrando partes do circuito e algumas equipes, como a Mercedes, tiveram que correr para recolher suas coisas se protegendo de possíveis furtos.
Outro motivo da convocação foi um acidente envolvendo um torcedor que teve o braço cortado por um detrito do carro de Kevin Magnussen. O fã está bem, assim como todos os demais que invadiram o asfalto. Mas, por sorte, nada de grave aconteceu.
Esse caso dá abertura para aquela famosa máxima de “dois pesos e duas medidas”. A repercussão dos casos ainda é baixa e nós como brasileiros não podemos deixar de questionar: e se tivesse acontecido no Brasil?
No Brasil, um caso como esse teria uma repercussão maior não só midiaticamente, mas também entre fãs de outros países e até pilotos e equipes.
O paralelo mais recente que se pode fazer é sobre os roubos e furtos que ocorreram em São Paulo (2017) e os corriqueiros nos estacionamentos de Barcelona.
Após o incidente nos arredores de São Paulo, alguns pilotos como Lewis Hamilton (que agora segue esse padrão em todas as corridas) se cercou de seguranças para descer no Brasil nos anos seguintes. A mídia também não foi leviana e questionou muito a segurança da cidade, além da realização da prova em Interlagos. Essa mesma gama de jornalista sofreu uma sequência de furtos em anos seguidos na Espanha durante a realização da pré-temporada e as críticas em relação a realização da prova neste lugar foram brandas e as vezes até nulas.
Outro ponto que se discute fortemente em redes sociais e entre pilotos e equipes são as recepções calorosas por parte dos fãs no Brasil. Vários colocam os brasileiros (e latinos de modo geral) como um grupo intenso e até mal educado aos olhos dos “educados” fãs europeus.
Essa recepção calorosa em um aeroporto deu mais intriga midiática que a invasão irresponsável no último domingo em Melbourne.
A verdade é que essa visão extremista sobre a personalidade do brasileiro nos deixa em uma posição de risco o tempo todo. Isto não quer dizer que ações equivocadas no país não devem ser discutidas. Contudo, a medida com que elas são questionadas perante incidentes em outros países, é muito diferente. Um deslize e nós torcedores entramos em pânico com a ideia de um fim de contrato com o Brasil e claro, todo mal-estar de ler certos discursos xenofóbicos na internet.
Se o ocorrido na corrida em Melbourne tivesse acontecido em Interlagos, teríamos muitas discussões acontecendo e questionando a permanência do Brasil no calendário da categoria nesta segunda-feira e além.
São dois pesos e duas medidas e a balança sempre pesa mais para nós.