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F1 em Interlagos: Ótimo para o caixa. Mas para o público...

Nunca Interlagos teve tanto público e gerou tanto impacto para São Paulo. Mas problemas com o público aconteceram e alguns se repetem

8 nov 2024 - 17h49
(atualizado às 18h35)
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Largada da Sprint Race em Interlagos este ano
Largada da Sprint Race em Interlagos este ano
Foto: Mercedes AMG F1 / LAT

Uma semana após a realização da edição de 2024 do GP de São Paulo, a organização traz dados que chamam a atenção do grande público e mostram a força do evento para a cidade pelo aspecto financeiro e de imagem.

Os números falam por si só: foram mais de 291 mil pessoas nos 3 dias de atividade em Interlagos, que significou um aumento de 9,25% em relação a 2023. O impacto financeiro chegou a R$ 1,96 bilhão, representando um crescimento de mais de 14% sobre o ano anterior e uma arrecadação de impostos de quase R$ 300 milhões. Só por este aspecto, a Cidade de São Paulo já justifica o valor gasto anualmente pela prova, estimado em cerca de US$ 25 milhões, desembolsado até 2030, quando vence o atual contrato.

A casa do GP, Interlagos, vem recebendo muitos investimentos ao longo dos últimos anos para se manter em condições de receber grandes eventos. Atualmente, é o único circuito da América do Sul e o segundo da América Latina com Grau 1 da FIA. Aos 84 anos e após várias ameaças de fechamento ou desfiguração, Interlagos pulsa forte.

Após ter afastado o risco de uma privatização, cujo projeto levaria a uma total transformação e descaracterização do complexo, uma série de ações vem sendo tomadas para melhorar Interlagos, que hoje, além de manter sua atividade principal de esporte a motor, recebe grandes eventos culturais, como o Lollapalooza.

Para os próximos anos, espera-se a conclusão da nova área de Hospitalidade, a realização da obra dos tuneis de acesso na altura do Setor G para que o publico e materiais possam se deslocar mais facilmente para o meio da pista, bem como a modernização e a ampliação das arquibancadas do Setor A e a construção das arquibancadas definitivas no final da Reta dos Boxes.

Tudo isso é importante. Afinal de contas, para os promotores, é preciso sempre melhorar o produto. E a ampliação de espaço é preponderante. Pensar queaté  alguns anos atrás, o público do GP ficava em cerca de 150 mil pessoas nos 3 dias. O objetivo é que, em 2025, este número chegue a 300 mil pessoas. E poder chegar a 320 mil proximamente.

O outro lado da moeda

Porém, a que custo?

Se sabe que Interlagos tem sérios problemas de acesso e estrutura para público, a despeito das profundas mexidas feitas. Sobre o primeiro ponto, como a cidade foi crescendo em volta do Autódromo, espaço para intervenção é bem limitado. O que se promete no curto prazo é a duplicação da ponte Jurubatuba e a consolidação do serviço da linha 9 da CPTM (Via Mobilidade).

Mas e dentro? Não é de hoje que são grandes as reclamações sobre acomodações, filas para compras e movimentação. E nem se entra em detalhes com relação aos preços praticados internamente...

A gestão de ingressos também é algo que se questiona. Desde que a Eventim assumiu a emissão dos ingressos, o número de reclamações aumentou exponencialmente. Sem contar o processo de venda de ingressos, que se esgotam em minutos e com promoções de agências de viagem aparecendo logo em seguida.

Alguns dirão que se trata de má vontade, mas esta semana mesmo: a pré-venda para os clientes do Porto Bank, um dos patrocinadores do GP, estava prevista para o dia 04/11. Mas simplesmente o sistema não funcionou, deixando várias pessoas sem saber se conseguiram ou não garantir seu ingresso. A organização informou que estas pessoas teriam uma nova chance dia 06/11, aparentemente resolvendo o transtorno. Até o momento, a venda para o publico em geral está mantida para começar no dia 11/11 (segunda).

Um ponto que acabou se sobressaindo este ano foi do acesso às arquibancadas. Pode até se alegar que a chuva ajudou a atrapalhar. Entretanto, foram inúmeros relatos de filas desorganizadas, poucas catracas, falta de orientação...Inclusive tiveram casos de pessoas que desistiram de ir à corrida por conta de toda a situação.

É importante sim que cada vez o público possa se sentir parte do espetáculo. É ótimo ver dados como que a faixa etária predominante entre os presentes é de jovens (18 a 29 anos) e que mais de 36% do publico total era de mulheres. O trabalho de renovação e diversificação vai de vento em popa.

Mas e a comodidade? Sabemos que Interlagos entrega dentro da pista e este ano não foi diferente, com o acréscimo da volta de Lewis Hamilton com a McLaren MP 4/5B de 1990. Os organizadores têm sim que buscar trazer mais gente. Afinal, é mais dinheiro no bolso e não estamos falando de algo feito a fundo perdido.

Mas a experiência tem que ser completa para fazer com que o público volte. Ninguém está livre de problemas. Este ano, por exemplo, houve a antecipação da corrida para poder fugir da chuva. Mas e os constantes problemas de ingressos? E as questões de acesso para as arquibancadas?

Pode até se considerar que o público que vai a Interlagos tem uma relação abusiva com a F1. Mas há um limite. Com a palavra, a organização.    

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