F1: GP do México e os desafios das equipes para os acertos
O GP do México é disputado na maior altitude da temporada, o que traz desafios para as equipes de F1 acharem o acerto fino para a corrida.
O GP do México é um grande desafio para encontrar um ajuste fino dos carros. Não é somente o estilo do circuito que faz os engenheiros suarem. Afinal, você tem uma primeira parte que exige bastante de velocidade e uma outra extremamente sinuosa, em que a capacidade de fazer curvas é que conta.
Como fazer um carro de F1 é um grande compromisso, situações como estas te colocam contra a parede. Os técnicos procuram fazer carros que se adaptem a qualquer tipo de situação. Mas especificamente neste GP o fator chamado altitude acaba impactando a situação.
A Cidade do México encontra-se a 2.200 metros ao nível do mar. O que isso significa? Quanto mais se sobe, menos oxigênio no ar. Como a gravidade fica mais concentrada no centro da terra, se vamos mais alto, menos ação se faz. Isso não impacta somente em máquinas, mas em pessoas (quantas vezes não vemos este fator sendo citado pelos times de futebol?). Este fato impacta diretamente nos F1. Vejamos.
Aerodinâmica
O ar rarefeito traz coisas boas e ruins. O lado bom: como há menos partículas, a resistência para superar o ar diminui (pode ainda haver mais variação com o ar mais úmido. Se o ar está mais seco, a resistência diminui mais ainda. Por isso que vemos umas “bandeirinhas” nos aerofólios traseiros quando a temperatura é mais baixa. O ar sai mais quente e mais condensado...). Com isso, os carros acabam ganhando mais velocidade. Para a primeira parte do circuito, isso é ótimo. Mas...
Qual é o lado ruim da situação? O ar rarefeito gera menos pressão aerodinâmica nos carros. O que isso significa? O carro não fica tão próximo ao solo, perdendo estabilidade, especialmente nas curvas. Para que não haja tanta perda nas partes mais sinuosas, as equipes trazem as maiores asas disponíveis (as mesmas de Mônaco). Isso também impacta diretamente na gestão de pneus (menos pressão, o carro acaba confiando mais na aderência mecânica – entenda-se suspensão).
Anteriormente, a perda estimada da pressão aerodinâmica era de 25%. Porém, com a chegada do novo regulamento, o carro já tem menos carga do que antes por conta da redução da turbulência. Com a volta do uso do efeito solo através dos tuneis no assoalho, pode haver um impacto um pouco menor, mas não faz as equipes evitarem o uso do mesmo pacote de aerofólios de Monaco e Hungria.
A aerodinâmica também é impactada pelo fato de as equipes usarem dutos maiores para a refrigeração dos freios e aberturas maiores para a refrigeração dos motores. Isso acaba gerando um pouco mais de arrasto, mesmo com a melhora deste aspecto citada no início deste tópico.
Motores
Outra área bem afetada. O ar rarefeito ataca o motor em duas frentes: potência e refrigeração. A perda de potência fica entre 20 e 25%. Deste feito, um motor de 1000cv consegue gerar entre 750cv e 800cv.
Embora o uso do turbo acabe compensando parte das perdas, a questão é: para que a parte de combustão gere potência, é preciso que haja duas coisas: gasolina e oxigênio. Com um ar com menos oxigênio, o motor vai gerar menos potência do que poderia. Pense como se fosse uma pessoa respirando. Quanto mais ela inspira, mais ela tenta gerar energia. Se você está numa situação desta, tem que fazer um esforço maior para fazer um mesmo movimento.
O mesmo acontece com o motor. Para gerar mais potência, ele vai fazer mais esforço, mas não consegue compensar tudo. O principal elemento que ajuda a recuperar parte é o turbo. E nisso o tamanho acaba sendo fundamental. Em condições normais, se você traz mais ar para dentro, melhor vai rodar e gerar mais potência. Mas, nestes casos, uma turbina menor acaba sendo mais efetiva.
Neste ponto, a Honda acaba se sobressaindo, pois investiu bastante nos últimos anos para otimizar o desempenho neste ponto. A Ferrari trouxe para este ano um modelo diferente para tentar aproveitar
Outro ponto que os motores são forçados neste ponto é a refrigeração. Menos ar, os motores funcionam em temperatura mais alta. Para compensar, as equipes liberam mais espaços no carro para poder “aumentar a respiração” do carro, a despeito do prejuízo aerodinâmico. Maior troca de temperatura, mais o motor pode ser forçado.
Para este ano, há a situação do aumento da participação do etanol no combustível. Vimos problemas no início da temporada neste ponto, pois o álcool tem uma temperatura diferente, resfria em um ponto mais baixo. Não seria surpresa vermos carros com problemas de consumo...Afinal, para gerar mais potência e compensar menos ar entrando no motor, é preciso gastar mais...