F1: O fator Verstappen entra mais uma vez em ação na pista
Mesmo não tendo o melhor carro, Verstappen e a Red Bull se impuseram na Espanha. O tricampeão vai mostrando cada vez mais novas faces
Ao final do GP da Espanha deste domingo, vi uma discussão em uma das várias redes sociais que me chamou a atenção. Uma pessoa disse que a corrida foi interessante só pela perspectiva de não ter o Verstappen na frente. Recebeu uma resposta que, como a competitividade não é lá estas coisas, quando o campeão não vai bem, acaba mascarando as coisas.
Nas últimas provas, temos visto que Verstappen tem vencido por conta da sua competência. O RB20 é um bom carro? Sim. Mas vem sendo acossado com algumas questões da agressividade do projeto e com a subida da concorrência. Com a estabilidade de regulamento e as lições aprendidas, os demais times vem se aproximando com força.
A vitória no Canadá acabou sendo uma circunstância, mas também o fato de alguém que conhece o seu potencial e pode entregar. E a Red Bull desde sempre confia em Verstappen e cada vez mais deixa o time ao seu redor. A renovação de Sergio Perez é mais um fator neste quebra-cabeças.
Mas colocando o foco no GP da Espanha, a capacidade do tricampeão entrou em ação mais uma vez. A McLaren se mostrou o carro mais veloz em Barcelona. Só que a simbiose entre Verstappen e Red Bull se vez presente.
Pegando as 66 voltas do GP da Espanha, Norris foi mais rápido do que Verstappen: 36 x 30. Porém, os detalhes fazem a diferença e mostram porque Verstappen hoje é o melhor piloto do grid da F1.
- Na largada, Norris tentou mostrar que pode ser grande sim e jogou o carro para cima de Verstappen para tentar garantir a liderança. Em um circuito como Montmeló, a largada acaba tendo uma grande importância. Para esta prova, os pneus jogaram parte importante, já que, mesmo com a gama mais dura da Pirelli, o desgaste foi bem considerável;
- Porém, a jogada de Norris não deu certo, abrindo a brecha para a manobra ousada de Russell, que saiu da 4ª posição e chegou na freada em primeiro. Encaixotado por Verstappen e Russell, Norris caiu para a 3ª posição.
- Aqui, Verstappen foi mais incisivo: aproveitando que os pneus já entraram na temperatura ideal e o melhor desempenho no trecho final da pista, conseguiu assumir a liderança no início da volta 3.
- A corrida começou a ser decidida aqui. Quando passou Russell, a diferença de Verstappen para Norris era de 1,9 segundos. O britânico da McLaren não conseguiu fazer uma abordagem efetiva para cima de Russell e só ganhou a posição quando a Mercedes foi para o box na volta 15. Neste momento, a diferença era de 5,5 segundos.
- Verstappen fez sua parada na volta 17, fazendo um trabalho em 1,92 segundos. Norris e a McLaren optaram por ficar mais na pista. Naquele momento, o ritmo ainda era bom com os macios (que eram zerados) e a equipe decidiu jogar com a situação de esticar a utilização e ter o diferencial de um jogo mais novo à frente.
- Quando voltou, Verstappen estava na 4ª posição, cerca de 16 segundos atras de Norris. Nesta situação, a McLaren voltaria atrás da Red Bull, mas em uma situação mais próxima. Mas como resolveu ficar na pista, Norris ficou mais desprotegido e Verstappen aproveitou os pneus Médios novos e tirando a diferença. Quando Norris foi para os boxes, na volta 23, a diferença era de 7,2 segundos.
- Quando Norris voltou à pista e aqueceu seus pneus, a diferença entre eles era de 9,8 segundos. Aqui também entra o fator de trabalho de equipe, pois a McLaren gastou 2,28 segundos para poder trocar os pneus de Norris.
- A partir daí, Norris foi consistentemente mais rápido do que Verstappen. Aproveitando-se do fato de 6 voltas a menos, o britânico resolveu acelerar. Mas tenha a as Mercedes à sua frente, que acaba sendo um limitador nesta perseguição. A briga com Russell, embora tenha sido muito bonita de se ver, fez perder tempo.
- Quando se livrou de Russell, na volta 35 Norris estava 7,7 segundos. Verstappen foi avisado e passou a entrar em um estado de minimizar estragos. A McLaren era mais rápida, mas ainda havia uma parada a ser feita.
- Norris foi tirando cerca de meio segundo por volta. Na volta 44, Verstappen foi chamado e colocou um jogo de pneus Macios de 3 voltas. 2 voltas depois, Norris entrou também e colocou um jogo de Macios 0km. Aqui, o trabalho de box também, ajudou: a Red Bull trabalhou em 2,6 segundos e a McLaren em 3,4 segundos.
- Verstappen conseguiu botar uma diferença de 7,6 segundos neste momento, à altura da volta 48. Norris tentou ao máximo, mas Verstappen conseguiu administrar a diferença às duras penas, terminando 2,2 segundos à frente.
Na Espanha, a McLaren tinha o melhor carro no geral. Mas o conjunto Verstappen / Red Bull ainda falou mais alto. Ambos sabem que é preciso mais para seguir na frente e um pacote mais substancial de atualizações está sendo prometido para Silverstone.
Nestes momentos, é que a confiança e a capacidade do piloto falam mais alto. Este recorte da temporada vem mostrando um Verstappen mais cerebral e mais completo: que sabe cuidar dos pneus e ainda sabe sofrer. Até os detratores tem que reconhecer que agora neste recorte, o neerlandês é o melhor da turma.
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