F1: Red Bull descumpriu o teto orçamentário. E agora, FIA?
Após semanas de especulação, a FIA divulgou a situação inicial dos relatórios das equipe e a Red Bull foi a única que descumpriu o limite.
Uma das grandes discussões das últimas semanas teve parte de seu desfecho nesta segunda (10). Após postergação de alguns dias, a FIA anunciou seu veredicto sobre os dados financeiros das equipes referentes ao ano de 2021. Muito foi dito e o resultado foi que a Aston Martin cometeu uma falha procedimental e a Red Bull teria incorrido na mesma questão e em um “descumprimento orçamentário menor”. A Williams já havia descumprido questões da documentação e pagou uma multa de US$ 25 mil (ver aqui).
O caso da Aston Martin soa como uma questão mais burocrática. O que chama mais a atenção aqui é a Red Bull. O que se especulava acabou se confirmando: os taurinos estouraram o teto em menos de 5% (havíamos falado sobre o assunto alguns dias atrás aqui).
Tendo por base o teto real de cerca US$ 146 milhões (aqui incluem os bônus das corridas adicionais a 21 etapas e as sprint races), estamos falando em cerca de US$ 7 milhões se considerarmos os 5%. A FIA não abriu exatamente o quantitativo, porém o fato em si acaba por colocar em xeque a viabilidade e a continuidade do teto orçamentário.
A questão é: podendo gastar mais, em tese 2021 e 2022 teriam sido impactados. No caso da Red Bull, a equipe estava diretamente envolvida no título de pilotos. Sem contar o desenvolvimento do carro do novo regulamento. Max Verstappen conseguiu o título e o RB18 se revelou competitivo desde o início. Podemos dizer que seria o valor a mais? Não se pode afirmar, mas ajudaria.
A Red Bull soltou uma declaração em suas redes sociais se dizendo “surpresa e desapontada” pela posição da FIA, que se considerava dentro das regras orçamentárias e espera o procedimento a ser feito pela entidade, conforme prevê o próprio regulamento.
Não foram expostos os motivos que fizeram a FIA a chegar a esta conclusão, bem como o que a Red Bull elencou nos tais 6 pontos que justificariam o seu entendimento de que estariam de acordo com os limites.
O que se especula é que os taurinos teriam usado outras empresas do grupo, como nós falamos em junho. Entretanto, todo mundo tem seu estratagema. A Mercedes divulgou o seu balanço de 2021 na semana passada e informou uma redução de 10% de gastos e de 9,4% de pessoal em relação a 2020. Este número foi atingido através de demissões e remanejamento de pessoal para outras frentes de trabalho.
Esta é a grande gritaria vinda de Mercedes e Ferrari, principalmente. Ambas alegam que tiveram de fazer ajustes e represaram gastos. A Red Bull, junto com elas, teve um prazo maior para fazer esta adequação. Daqui vem a grande pressão sobre a FIA.
Agora, a FIA tem um procedimento para analisar os fatos e a decisão será tomada por um painel, formado de 6 a 12 juízes, com pelo menos 5 representantes das equipes. Daí vem a definição de a punição será financeira, em perda de pontos ou em desenvolvimento. Ou todas as anteriores.
Mais uma bomba para Mohammed Bin Sulayem desarmar. A dosimetria tem que ser calibrada para não espantar a Red Bull e satisfazer Red Bull e Mercedes. Se for demais, pode fazer que os taurinos revejam duas posições na F1. Se for de menos, passa-se a mensagem de que o crime compensa. E poderia motivar ida à Justiça comum, coisa que a F1 e a FIA preferem ver o diabo primeiro do que comparecer diante de um juiz. Mais uma vez, a questão torna-se mais política do que técnica.