F1: "Senna morreu na pista", afirma assessora do piloto
Betise Assumpção, então assessora de Ayrton Senna, estava presente em Ímola e relata o que aconteceu
Há exatos 29 anos a F1 teve um dos seus momentos mais trágicos. No final de semana do GP de San Marino primeiro aconteceu o assustador acidente de Rubens Barrichello; no sábado, foi a vez da morte de Roland Ratzenberger e, no domingo, uma tragédia que mudou para sempre as normas da categoria: a morte de Ayrton Senna.
Esse assunto já foi explorado ao longo dos anos quase à exaustão, é até difícil encontrar quem não o conheça a fundo, não importa a idade.
Entretanto, e quase sempre, prevalece a versão “oficial” de que Senna teria morrido no Hospital Maggiore, em Bolonha. Isto vai depender do ponto de vista em que analisarmos a situação.
Betise Assumpção era na época a principal assessora de Ayrton. Guardadas as proporções, Betise era para ele o que Angela Cullen era para Lewis Hamilton, e estava quase sempre ao lado dele. Naquele domingo, ela estava no autódromo junto a Leonardo, irmão de Senna, quando houve o acidente.
Betise me relatou que Bernie Ecclestone, o então todo-poderoso da F1, passou por Leonardo e o chamou ao seu escritório. Leonardo não falava inglês e por isso ela foi junto, contra a vontade de Bernie. Já nas instalações, o inglês ordenou a ela: “Diga a ele que a informação que temos da pista é a de que o irmão está morto. Peça para ele usar o telefone e avisar a família”.
Tendo o teor sido traduzido, Leonardo entrou em desespero e começou a chorar compulsivamente, mas procedeu conforme ordenado.
A atitude de Bernie Ecclestone tinha um interesse comercial evidente: de acordo com as leis italianas (e apesar do GP ser chamado de San Marino, pequeno país cercado pela Itália, Ímola é uma cidade italiana) havendo uma morte na pista a corrida teria que ser anulada e os prejuízos materiais seriam na ordem de milhões de dólares. Betise suspeita que este tenha sido o teor da conversa entre Bernie e o tal homem misterioso, o que o levou a se retratar e pedir o desmentido antes que vazasse para a imprensa.
Conversei com o Professor Sid Watkins, médico da F1 à época, em 1999, e ele me disse que quando chegou ao local constatou que a situação de Senna era irreversível e que não havia ritmo cardíaco. As manobras de ressuscitação foram então iniciadas e ao ser retomado o ritmo e controlada a hemorragia, Ayrton foi conduzido de helicóptero para o hospital onde tudo o que pôde ser feito foi aguardar o inevitável.
Betise se afastou da F1 por uns meses e quando tentou entrar num autódromo sua credencial havia sido cassada. Graças ao amigo Jayme Brito, produtor de TV da F1 para o Brasil, conseguiu uma, voltou a frequentar o paddock e acabaria se casando com Sir Patrick Head, um dos fundadores da equipe Williams, com quem teve um casal de filhos.
Hoje morando em Londres, Betise não acompanha mais as corridas.